Disque 100 é o principal canal de denúncias de violações de direitos humanos do país. Damares usa o pretexto de proteger as crianças para perseguir professores que discutem gênero, racismo, comunismo e outros bichos papões nas escolas. Enquanto ela mesma fez parte da campanha para uma menina de 11 anos que foi estuprada não abortar, mesmo que ela morresse.
terça-feira 7 de dezembro de 2021 | Edição do dia
O ministério que é pura demagogia e ataque aos direitos humanos mostra as garras mais uma vez. Damares é a rainha da ideologia de gênero, vive pregando o que é uma menina e o que é um menino, o que cada um dos dois deve fazer, com o que deve brincar, que cor devem ser suas roupas, a quem cada um deve se submeter. Agora, utiliza do disque 100 para incentivar as crianças a denunciarem os professores que discutem pautas como feminismo nas escolas. Abre espaço para denúncias como as que ocorreram em uma escola em Resende, no Rio, onde o diretor foi intimado a dar explicações às autoridades sobre professores da sua instituição “promoverem o comunismo e a ideologia de gênero”.
Tudo o que Damares faz é contra os direitos humanos, o disque 100 é mais uma evidência disso. Isso impede que as crianças saibam que se forem estupradas com 11 anos, ela não precisa ter o bebê, ainda maias se isso põe em risco a sua vida. Mas para Damares algo desse tipo é inaceitável, o fato para a ministra é digno de Jesus descer do pé da goiabeira e bater em todo mundo – que fique claro que Jesus não desceria pelo estupro contra uma criança, mas pelo aborto.
“Esse manual é uma grande monstruosidade. Tinha que ser suspenso”, diz Sônia Correa, uma das diretoras do Sexuality Policy Watch (SPW). Para Marco Prado, pesquisador do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LBTG da UFMG, o canal foi modificado para criar denúncias contra os professores. Ele diz que “é um fluxo de criminalização de pessoas. Com isso, o ministério está constituindo uma ilegalidade, já que o Supremo Tribunal Federal (STF) já definiu que ideologia de gênero não existe.”
Esse manual vai contra a liberdade de expressão nas escolas, além do fato de qualquer coisa poder ser considerada ideologia de gênero, até mesmo um casal de dois homens buscar seu filho na escola, ou debate sobre a descriminalização do aborto. O que importa é atacar a liberdade dos professores de discutir questões que colocam em xeque todo o preconceito e atraso que figuras como Damares representa em nome da ‘família’ e de ‘Deus’.
