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DITADURA MILITAR | Ministério Público dá fim à investigação sobre apoio da Volkswagen à ditadura no Brasil

A Volkswagen estava sendo investigada no Ministério Público Federal por conta de seu apoio à sangrenta ditadura militar no Brasil. Como forma de encerrar o inquérito, um acordo foi fechado entre o MPF e a empresa no valor de R$ 36,3 milhões.

segunda-feira 18 de janeiro de 2021 | Edição do dia

Foto: Fabrizio Bensch/Reuters

O Ministério Público Federal formalizou nesta sexta-feira, 15, o arquivamento do inquérito aberto contra a Volkswagen pelo apoio da montadora alemã à repressão durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985). O encerramento da investigação é resultado do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com a empresa para garantir a reparação judicial pela anuência a violações aos direitos humanos.

Nos termos acertados, em troca da não proposição de ações penais, a partir de 21 de janeiro a Volkswagen deve começar a pagar a multa de R$ 36,3 milhões a ex-trabalhadores da empresa presos, perseguidos ou torturados durante a ditadura e a iniciativas de promoção de direitos humanos - como o Fundo de Defesa de Direitos Difusos, o Fundo Especial de Despesa de Reparação de Interesses Difusos Lesados e o Memorial de Luta por Justiça desenvolvido pela seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo. O documento é assinado pelo subprocurador-geral Carlos Alberto Vilhena.

Segundo relatório do pesquisador Christopher Kopper, até 1979 a Volks mantinha um "apoio irrestrito" à ditadura que não se limitava a declarações de lealdade pessoais. Em 1969, foi iniciada uma colaboração entre a segurança industrial da montadora e a polícia política do regime militar por meio do chefe do departamento de segurança industrial, Ademar Rudge, oficial das Forças Armadas. Consta no relatório que as trocas de informações levaram à prisão ao menos sete empregados da fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

Veja também: Ditadura cívico militar ou ditadura militar? O caso da Volks

Um dos presos, o operário Lúcio Bellentani, relatou à Comissão Nacional da Verdade (CNV) que a segurança industrial da Volks não só permitiu sua prisão, como também a tortura. O documento aponta ainda que até 1980, a Volks do Brasil também demitiu empregados por participação em atividades sindicais.

A Volkswagen foi uma das empresas que ajudou a sustentar de perto a época sanguinária da ditadura militar no Brasil. Como ela, há muitas outras, pois a burguesia industrial foi parte crucial da sustentação do regime ditatorial brasileiro. A multa paga pela Volkswagen é muito significativa aos trabalhadores que, na época, foram perseguidos e torturados. Contudo, essa multa não deveria encerrar as investigações sobre as relações da Volks com a ditadura, como foi firmado no acordo com o MPF.

É preciso ir a fundo nas investigações da participações empresarial na ditadura, como parte da necessidade histórica de punir os torturadores e a grande burguesia que apoiou esse regime que assassinou milhares de trabalhadores, estudantes e indígenas.

Com informações da Agência Estado




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