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CRISE NO RIO | Militares e policiais civis costuram acordo para ficar de fora do pacote de Pezão

Desde o início da luta contra o pacote de maldades de Pezão no Rio os militares e a polícia civil, defendendo seus interesses corporativos e opostos aos dos trabalhadores, procurou um acordo em separado para resolvê-los. Hoje esse cenário se torna cada vez mais provável, com uma proposta feita pelo governo para o pagamento do décimo terceiro e uma reunião que ocorreu entre os sindicatos dos policiais e deputados na Alerj nessa terça, 13.

quarta-feira 14 de dezembro de 2016 | Edição do dia

Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo

A ocupação da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) por parte de policiais militares e civis e bombeiros ainda na primeira semana da mobilização contra o pacote de Pezão deixava claro: as corporações que fazem parte das forças repressivas do estado têm consciência de que não lutam pelos mesmos interesses dos trabalhadores. Isso se confirmou com o anúncio por parte do governo de que procura fechar um acordo especial para o pagamento dos salários dos policiais, e na terça tiveram uma reunião com deputados para negociar essa proposta, em que se acordou o pagamento de seus salários para o dia 16.

Naquele dia, levaram sua pauta de reivindicações, que era a de serem excluídos do pacote de Pezão e nada mais: não questionavam os cortes nos serviços públicos, aluguel social, programas sociais e nem mesmo nos salários das categorias do funcionalismo público. Atuavam em nome de sua corporação. E, contra a crise política do estado, tinham sua própria palavra de ordem, bastante repetida naquele dia: "Uh, Bolsonaro!". Com isso, deixavam claríssimas as suas perspectivas não apenas frente à mobilização contra o pacote de Pezão, mas em relação às saídas para a crise: governos ultra-reacionários de defesa da ditadura militar e ataque aos trabalhadores, juventude, mulheres, LGBTs e organizações de esquerda.

A despeito disso, o MUSPE (Movimento Unificado dos Servidores Públicos do Estado) sempre manteve uma postura de tratar os militares e policiais civis como aliados em nossa luta, e garantindo a eles um lugar de destaque nas mobilizações. Isso persistiu, mesmo quando os policiais e bombeiros levaram à manifestação um carro de som pedindo o retorno da ditadura militar e arrancaram violentamente bandeiras de sindicatos e organizações de esquerda das mãos dos manifestantes.

Ignorando completamente essas atitudes que demonstravam de que lado estão os policiais e militares, muitas organizações de esquerda exaltaram a atitude de dois policiais da tropa de choque que se recusaram a reprimir a manifestação, tratando-os como se estivessem do lado dos trabalhadores, e não como uma recusa em reprimir seus companheiros de farda. A partir desses fatos, e vendo a importância fundamental da independência de nossas mobilizações frente aos militares e policiais, resgatamos os debates fundamentais do marxismo para debater porque nossa luta não é ao lado desses repressores.

Nessa segunda-feira, 12, a quantidade de policiais no ato contra a aprovação do pacote havia caído muito. Não foi uma coincidência: muitos dirigentes do MUSPE e mesmo do SEPE (Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação) já sabia o que se confirmou na terça, 13: que pelas costas do movimento avança a negociação dos setores das forças repressivas para que sejam excluídos de forma isolada do pacote, mantendo os ataques a todos os trabalhadores. Se desenha o mesmo que ocorreu na proposta de reforma da previdência de Temer, em que os militares foram poupados dos ajustes.

Essa é apenas mais uma demonstração entre tantas de que nossa luta não é ao lado deles. Se fecharem seu acordo em separado, no mesmo dia estarão a postos para reprimir violentamente em nome de Pezão e dos deputados qualquer mobilização dos trabalhadores contra a aplicação das medidas do pacote. Por isso, mantemos o alerta de que é necessário manter nossas bandeiras completamente separadas desses setores da repressão, saber que não são, nem por um dia, nossos aliados.




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