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GRÉCIA | Militantes anticapitalistas gregos são presos por protestar contra o pacto de colonização

Ficou conhecida nesse 28 de julho a condenação contra três manifestantes detidos durante a mobilização de 15 de julho em Atenas, enquanto Alexis Tsipras fazia votar no parlamento o novo memorando com a troika. Três dos acusados foram condenados a vários meses de prisão com liberdade condicional durante três anos.

quarta-feira 29 de julho de 2015 | 23:00

Na tarde de 15 de julho, mais de 15 mil pessoas foram para a praça Syntagam, em frente o Parlamento grego. Protestavam contra a entrega de Tsipras e seu governo que aprovaram esse dia um vergonhoso acordo, que contêm ataques aos trabalhadores, os aposentados e a juventude nunca vistos desde o início da crise.

Durante a manifestação, a polícia descarregou sua violência de classe e reprimiu duramente os manifestantes. Essa mesma polícia, hoje sob ordens de Alexis Tsipras e que é conhecida por votar majoritariamente nos candidatos da extrema direita xenófoba, Aurara Dourada, buscou especialmente e golpeou selvagemente militantes de esquerda.

Segundo o testemunho de alguns manifestantes detidos nessa noite, enquanto os golpeavam, os policiais perguntavam se haviam votado no Syriza e quando eles diziam que não, perguntavam se haviam votado no Antarsya, enquanto seguiam batendo.

Dos 54 manifestantes detidos na noite de 15 de julho, 14 foram processados e enviados a um julgamento. As acusações foram tratadas em dois julgamentos em separado. Contra seis dos 14 processados recaíram as acusações mais graves como utilização de armas e coquetéis molotov.

Esses militantes foram submetidos a um primeiro julgamento que começou em 22 de julho e foi suspenso até novo aviso. O resultado do outro julgamento, contra os oito acusado restantes entre os quais se encontravam dois militantes do OKDE-Spartakos, membro da coalizão anticapitalista Antarsya, ficou conhecido nesta terça, 28 de julho. O veredito é que três dos oito acusados receberam a condenação de vários meses de cárcere.

Mikhalis Goudoumas, militante do OKDE-Spartakos, professor e membro do sindicato dos trabalhadores da Fundação para crianças "Pammakaristos", foi condenado a 13 meses de prisão com liberdade condicional. Outros dois manifestantes também foram condenados a 32 e 12 meses de prisão com liberdade condicional.

Nos três casos. as condenações estão acompanhadas de liberdade condicional durante um período de três anos. Isso quer dizer que não ficarão presos de imediato mas que, se durante os próximos três anos algum deles for detido novamente e seja culpado por qualquer delito, ainda que seja mínimo, deverão cumprir a totalidade da pena na prisão. Os manifestantes condenados apelarão a instâncias superiores da justiça, enquanto seguem desenvolvendo a campanha pela absolvição total e definitiva.

Os outros cinco manifestantes que estavam presos foram absolvidos. Entre eles se encontrava Manthos Tavoularis, também militante do OKDE-Spartakos, trabalhador de biblioteca e secretário do sindicato do livro da Ática (região de Atenas), que havia sido preso enquanto tentava defender seus companheiros na manifestação contra a violência da polícia.

Um julgamento político que busca atingir os militantes anti-ajuste: O governo de Tsipras é o responsável!

Em um julgamento que foi uma clara montagem policial, com testemunhos falsos dos policiais que saíram como "testemunhas" de acusação, provocações de todo o tipo montadas na própria sala de audiência e de onde era possível ver a cumplicidade dos juízes com a polícia, o que fica claro é a vontade do governo de Alexis Tsipras de enviar uma mensagem de advertência.

Essas condenações exemplares contra os militantes da esquerda anti-ajuste buscam atingir todos aqueles que pensam em levantar a cabeça e fazer escutar sua voz contra os pilares do ajuste do governo de Alexis Tsipras e da Troika. O objetivo é que em cada lugar de trabalho, em cada universidade, em cada escola e eme cada bairro, os trabalhadores, os desempregados, os aposentados e os jovens pensem duas vezes antes de ir a luta.

É por isso que por uma simples manifestação a condenação da justiça e do governo de Tsipras é dura, já que se não irão imediatamente para a prisão, essa condenação pende como uma espada de Damocles sobre os militantes condenados e sobre todos aqueles e aquelas na Grécia que busquem defender-se e lutar por melhores condições de vida, que já estão bastante degradadas.

Nesse sentido, é importante redobrar mais do que nunca a solidariedade com os trabalhadores e o povo grego, em um momento chave, já que o próprio governo em que milhões depositaram suas ilusões para terminar com as politicas de ajuste, não só passou definitivamente para p lado da Troika e está aplicando os piores planos que a Grécia já havia visto desde que começou a crise mas também ordena a repressão daqueles que buscam enfrenta-los.

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Abaixo reproduzimos o comunicado do OKDE Spartakos divulgou após conhecer o resultado do julgamento

Não podem nos aterrorizar, nossa raiva cresce.

Declaração sobre o julgamento dos manifestantes presos em 15 de julho.

Em 28 de julho finalizou-se o julgamento dos sete manifestantes presos em 15 de julho (na manifestação contra o acordo da com a UE). Apesar das acusações em fundamentos e as contínuas contradições das testemunhas da polícia, só quadro dos sete acusados foram absolvidos. Os três restantes foram condenados com uma crueldade sem precedentes, sem atenuantes e com o período máximo de liberdade condicional (três anos). O processo de apelação já começou.

Entre os manifestantes absolvidos se encontra nosso companheiro Manthos Tavoularis, secretário do Sindicato dos Trabalhadores de Bibliotecas de Atenas, que foi preso enquanto tentava proteger seus companheiros dos ataques da polícia anti-distúrbio.

A dureza dos juízes se expressou nas sentenças dos três ativista condenados. O único trabalhador migrante entre os acusados, N.L., recebeu a pena mais dura, uma pena exemplar, do governo aparentemente de "esquerda", para aqueles imigrantes que ousem organizar-se e protestar. O trabalhador e militante do OKDE-Spartakos e do ANTARSYA, nosso camarada Michalis Goudoumas, também recebeu um castigo exemplar para toda a esquerda que se opõe e se coloca na linha de frente contra o memorandum. O último acusado, G.K., um militante social, foi condenado porque a solidariedade que leva adiante no seu bairro e em diferentes estruturas é oposta ao individualismo e o canibalismo social que defende o governo de Syriza-ANEL.

Durante os três dias dessa paródia de julgamento, os policias testemunhas, seus colegas e amigos estiveram presentes para criar um clima de medo tanto para as testemunhas dos acusados com para as pessoas se solidarizavam. As objeções da defesa foram todas ignoradas, enquanto existia um clima "amistoso" entre os juízes e a polícia. Também foram ignoradas as 83 declarações de solidariedade dos sindicatos, organizações sociais e políticas de todo o mundo e mais de 2.700 assinaturas e declarações pessoais de solidariedade desde que começou o julgamento.

O governo do Syriza-ANEL, seguindo os passos de seus predecessores, demonstra que não pode implementar novas mediadas de ajuste contra os trabalhadores e as classes populares e completara total distorção do massivo NÃO do referendo de 5 de julho sem recorrer a violência e a repressão estatal-policial. O governos é responsável não só pelas prisões, os golpes e as torturas dos sete ativistas como também pelas condenações dos três processados. A política de Giannis Panousis (ministro de "Proteção ao cidadão") mostra que a doutrina de "golpear o mais pesado possível" e "prender a todos" não é exclusiva dos governos prévios.

A polícia de NIkos Dendias (ministro de governo da Nova Democracia) nada fica devendo a polícia de Syriza-ANEL. Como declarou um dos acusados: "Nos golpeavam enquanto comentavam entre eles (entre os policiais) que não se sentiam tão bem desde 2012". O estado burguês continua, a repressaõ estatal continua e a responsabilidade política cai não só no governo como também na organização e os militantes do Syriza, que se negarão a solidarizar-se e de nunciar seu partido. A "solidariedade com condições não tem lugar em nossa esquerda no mundo que queremos construir.

O governo dissipa dia a dia as ilusões que existiam sobre suas intenções. Votaram um novo memorandum junto com os partidos da burguesia, com o apoio dos meios de comunicação, do capital local e europeu, do FMI e da UE. Preferem atacar, ativando os mecanismos de repressão, a perseguição sistemática contra a juventude, os trabalhadores, ativistas sindicais, organizações políticas e coletivos que deram tudo nos últimos anos na luta contra a austeridade, os memorandums, projetos de lei e autoritarismo, que lutaram pelo não no referendo, lutando pela emancipação da maioria trabalhadora e por sua libertação do inferno capitalista.

O compromisso final do governo com o mundo político da burguesia e do capital não é motivo de surpresa nem de temor. Aqueles que creem que podem frear os trabalhadores, a juventude e os imigrantes com a pobreza e a violência, nos verão sempre na linha de frente e encontrarão o mesmo destino dos governos prévios.

Não importa o que façam, não importa quantos julgamentos realizem em nossa conta, as acusações falsas que nos imponham, seguiremos nas ruas. OKDE-Spartakos esteve na linha de frente durante muitos anos, não nos assustam os juízes cooptados ou as condenações. Estivemos e seguiremos estando na primeira linha contra essas e outras medidas que afetam as maiorias. Estivemos e seguiremos estando na linha de frente defendendo os direitos dos trabalhadores. Estivemos e seguiremos estando na linha de frente contra a exploração e a opressão. Estivemos e seguiremos estando na linha de frente até a vitória!

OKDE-Spartakos

Tradução: Pedro Rebucci de Melo




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