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Luta ambiental | Milhares se mobilizaram na Argentina por um mar sem petroleiras

A mobilização ocorreu em rechaço a medida do governo de Fernández e Kirchner de autorizar a exploração sísmica e a extração de petróleo no mar argentino. Milhares de jovens, famílias, ativistas ambientais, sociais e de esquerda se mobilizaram por um mar livre de petroleiras

quarta-feira 5 de janeiro de 2022 | Edição do dia

A mobilização teve início às 17h, na famosa Rambla de los lobos, convocada pela “Assembleia por um mar livre de petroleiras”. Milhares de jovens, famílias, trabalhadores da pesca, coletivos ambientalistas, movimentos sociais e da esquerda disseram “Não às petroleiras!" e exigiram a revogação da resolução 436/21, sancionada em 30 de dezembro, que autoriza a exploração sísmica e a exploração de petróleo próximo a Costa Atlântica a cargo da empresa norueguesa Equinor.

E o que implica a exploração sísmica? A técnica para a exploração sísmica utiliza bombas acústicas que se chocam com o fundo do mar, a fim de localizar e extrair hidrocarbonetos. No entanto, o estrondo afeta enormemente a biodiversidade marinha. Segundo estudiosos, se geraria uma explosão a cada 10 segundos, 24h do dia. Seria portanto o segundo maior contribuinte de ruído subaquático, porque o primeiro são as explosões nucleares e militares. Por outro lado, sabemos que onde há petróleo, também há vazamento. Como prova, há o exemplo de Río Negro e o vazamento de Vaca Muerta, com menos de um mês do ocorrido, afetando a fauna e a flora nativas.

O prefeito Montenegro, em um ato de demagogia, se pronunciou contra o projeto. Contudo, foi o governo de Mauricio Macri - seu correligionário na coalizão Juntos por el Cambio - quem impulsionou a licitação e o loteamento do mar para a exploração de gás natural e petróleo, garantindo o enriquecimento das multinacionais ao custo da destruição do meio ambiente; política continuada hoje pela Frente de Todos de Alberto e Cristina.

A resolução rechaçada pela mobilização leva a assinatura do ministro do Meio Ambiente, Juan Cabandié. E no dia 30 de dezembro, um decreto firmado pelo presidente Alberto Fernández, o chefe de Gabinete, Juan Manzur e o ministro da Economia, Martín Guzmán, definiu os royalties a serem pagos pelas petroleiras que realizem a exploração offshore no Mar del Plata.

Desta forma, ignoram o rechaço massivo de cientistas, organizações ambientalistas e universidades, que junto a mais de quatrocentas pessoas rejeitaram o relatório de impacto ambiental apresentado pela petroleira Equinor na audiência pública não vinculativa para tratar do tema. Após a audiência e o início das mobilizações na cidade, Cabandié suspendeu a resolução até o fim das eleições. Porém, neste dia 30 de dezembro, na véspera do Ano Novo, ele aprovou o projeto extrativista.

Podemos encontrar um motor comum da política extrativista tanto em Chubut quanto agora no mar argentino: a persistência do governo nacional em possibilitar o saque de recursos naturais em troca da obtenção de dólares para pagar ao FMI, a dívida ilegal e ilegítima deixada por Mauricio Macri.

No entanto, como milhares destacaram na terça-feira, a vitória em Chubut contra o rezoneamento da mineração abre caminho para o combate ao extrativismo em todo o país. Durante seis dias a província foi convulsionada por mobilizações massivas. Os trabalhadores e trabalhadoras portuários e marítimos fizeram greve, paralisando setores estratégicos da economia, como os portos, fazendo retroceder o governador que dias antes havia dito que “não pensava em recuar”.

Existem forças para vencer! Mas a luta está apenas começando. Nesta terça-feira (04/01) foram milhares os que protestaram por um mar sem petroleiras. No próximo sábado (08/01), às 9h, a “Assembleia Por um Mar Livre de Companhias Petrolíferas” se reunirá na Plaza España para debater desde a base como continuar a luta.

Confira aqui mais foto do ato na Argentina.

Desde nossa organização irmã na Argentina, o PTS, que impulsiona lá a rede Esquerda Diário e encabeça a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores Unidade (FITU), reivindicamos que é preciso aprofundar o caminho da mobilização operária e popular. Só a unidade dos coletivos ambientais, da juventude e da força dos trabalhadores auto-organizados em assembleias e mobilizados nas ruas é capaz de dar uma resposta. É preciso exigir das centrais sindicais e centros estudantis, que convoquem medidas de luta urgentes. A paralisação e mobilização que em Chubut derrotou as mineradoras, no Mar del Plata pode derrotar as petroleiras e seus projetos de saque. É preciso unir e coordenar as lutas até a vitória!




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