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TURQUIA REFUGIADOS | Milhares de refugiados sírios se amontoam na fronteira com a Turquia

Milhares de refugiados sírios seguem deixados em condições lamentáveis na fronteira com a Turquia, que se nega a deixa-los passar. Os refugiados são “moeda de troca” entre o governo turco, a ONU e a UE.

sexta-feira 12 de fevereiro de 2016 | 00:00

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, assegurou ontem que seu país já acolhe três milhões de refugiados e gastou neles 10 bilhões de dólares. Com estas afirmações recusava a petição formulada pela ACNUR para que Ankara deixe entrar no país as dezenas de milhares de sírios que fogem dos combates em Alepo.

"O que é que diz a ONU? Abra suas fronteiras aos refugiados. O que fazem você por eles? Para que vocês servem? É tão fácil?”, declarou Erdogan depois que a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) pediu na terça-feira à Turquia que reabra sua fronteira aos que fogem da ofensiva do regime sobre a cidade de Alepo, no noroeste da Síria.

"Nós recebemos até agora em nosso lar três milhões de sírios e iraquianos. Quantos vocês receberam? Em que país?", respondeu o chefe do Estado em uma intervenção no Palácio Presidencial em Ankara.

Erdogan também disse que enquanto a ONU só entregou à Turquia 455 milhões de dólares para atender os refugiados, o país já gastou nesta crise 10 bilhões desde 2001. O presidente turco também criticou a lentidão e a inoperância da comunidade internacional e disse que os representantes estrangeiros falam de planos e projetos sem que nada se concretize.

"O projeto, os fundos, os campos, tudo está no ar. Vêm em pessoa e dizem: apresente um plano, um projeto, algo. Mas já abandonam. Estão brincando conosco?", acusou.

O Governo turco anunciou na segunda-feira que já há cerca de 70.000 pessoas no lado sírio da fronteira que fugiram dos ataques do Exército sírio, apoiado pela aviação russa, contra forças opositoras em Alepo. O governo turco não permite nem a entrada dos refugiados sírios na Turquia nem a passagem de organizações solidárias com os refugiados.

Segundo agências internacionais, a ONG IHH de orientação islâmica e afim ao governo turco instalou no lado sírio cerca de 2.270 barracas, assim como algumas das grandes barracas desenhadas para 50-70 pessoas, que são utilizadas quando há uma chegada massiva. Também distribuem a cada dia porções de comida e água. Isto é interpretado como uma mostra de que o governo turco não pensa em permitir a passagem destes refugiados dentro de seu território.

Na troca de acusações entre o governo turco e a ONU, Erdogan se apoia no fato de que a Turquia é um dos países que mais refugiados acolhe, como o Líbano, que também faz fronteira com a Síria. Os países da UE, pelo contrário, acolhem uma minoria do total de refugiados e desabrigados pelos conflitos no Oriente Médio.

Nos últimos meses a tragédia dos refugiados sírios se transformou em uma “moeda de troca” entre a Turquia e a UE. A Turquia busca pressionar por mais recursos, por uma maior integração econômico-militar e somar apoios a seu favor para as disputas regionais. A UE se omite da escalada belicista e repressiva da Turquia contra os curdos e a população em geral, já que quer conseguir que a Turquia ponha freio à onda de refugiados sírios. Um jogo de favores sinistro, sem importar minimamente a vida de centenas de milhares.




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