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IMIGRAÇÃO EUROPA | Milhares de refugiados entram na Croácia após brutal repressão na Hungria

A chegada de refugiados à Croácia se intensificou depois que a Hungria fechou suas fronteiras. A polícia croata afirmou nesta quinta-feira que 6.200 migrantes entraram no país nas últimas horas.

André Barbieri São Paulo | @AcierAndy

sexta-feira 18 de setembro de 2015 | 00:00

A cifra supera as previsões do próprio Governo croata, que na quarta-feira calculou que 4.000 deles chegariam nos próximos dias a caminho da Eslovênia e de lá para a Áustria e Alemanha, onde o ritmo de desembarques também voltou a crescer. Na quarta-feira, as autoridades alemãs registraram a entrada de 7.266 imigrantes e refugiados, o dobro do número verificado na véspera.

A Croácia está encaminhando os migrantes para centros de refugiados próximos a Zagreb, a capital, mas o primeiro-ministro Zoran Milanovic advertiu que o seu país não tem capacidade para acolher os 20.000 estrangeiros previstos. O governo já avisou que bloqueará o caminho para a Eslovênia.

As autoridades croatas enviaram na quarta-feira uma equipe de retirada de minas terrestres à zona fronteiriça para assegurar que áreas minadas durante a guerra de independência do país (1991-95) estejam sinalizadas.

A maioria dos que desciam dos ônibus na quarta-feira haviam embarcado na localidade de Horgos, no nordeste da Sérvia, um ponto de acesso à fronteira com a Hungria – que agora está fechada. Lá, as forças de segurança húngaras lançaram gás lacrimogêneo contra refugiados que aguardavam no lado sérvio para tentar cruzar a fronteira, como mostra o vídeo da cadeia televisiva Al Jazeera.

Tear gas, water cannons against refugees in Hungary

Elham never imagined she'd see her 8-year-old daughter beaten by riot police in Europe."We're from Aleppo. We came from death in Syria and look what happened to us here."Hundreds of refugees were involved in violent scenes at the Hungary-Serbia border on Wednesday. They were trying to break through a razor-wire fence after Hungary made it illegal to enter the country without permission. Follow Mohammed Jamjoom on Twitter for updates:http://twitter.com/MIJamjoomGo in-depth:http://aje.io/refugees

Posted by Al Jazeera English on Quinta, 17 de setembro de 2015

Centenas de imigrantes se enfrentaram com a polícia húngara. Crianças e pais foram apedrejados e repelidos com canhões d’água pela polícia antidistúrbios do primeiro ministro Viktor Orbán, que nesta semana baixou um decreto reacionário que permitia a prisão de todo imigrante que entre no país.

A Hungria assume cada vez mais o posto de ponta de lança da “cruzada” anti-imigratória pelas medidas de Orban, um político da direita vinculado a seitas religiosas que colocou o Exército húngaro na fronteira com a Sérvia, que está sendo murada a modo de trincheira com 175 km de arame farpado. Conhecidos intelectuais húngaros como György Konrád e Rudolf Ungváry, a despeito de críticas ao governo, admitem que o primeiro ministro tem razão em proteger as fronteiras de Schengen deste “tsunami” de imigrantes muçulmanos, pois seriam “incompatíveis com a cultura européia”.

Argumento difícil de entender por parte de intelectuais da Hungria, povo que teve uma origem nômade com a chegada dos magiares das planícies asiáticas à Europa no século IX. A ignorância e a barbaridade deste pensamento mostra a decomposição dos pilares da União Europeia com a crise migratória provocada pela fome e miséria de suas guerras na África e na Ásia.

A unidade dos trabalhadores nativos e imigrantes para frear a tragédia migratória

Como afirma o pesquisador marxista italiano Pietro Basso, contra uma classe trabalhadora que é crescentemente internacional em sua composição e extensão, a burguesia opõe um racismo “institucional”. Ela busca incessantemente acrescentar às velhas desigualdades de classe e de gênero, novas desigualdades de base étnica, nacional e religiosa, a fim de enfraquecer a luta comum pela emancipação dos trabalhadores.

A burguesia se utiliza, portanto, das divisões entre fronteiras nacionais para acentuar o antagonismo entre trabalhadores nativos e imigrantes, entre trabalhadores imigrantes de diferentes nacionalidades e inclusive entre os de uma mesma nacionalidade. Quando um trabalhador nativo culpa um trabalhador imigrante pelo desemprego ou baixos salários, o único que ganha com isso é o capitalista.

Isso porque, apesar do reacionário discurso anti-imigratório, a intenção não é impedir a imigração: os estados capitalistas não podem dispensar de um certo volume de trabalho imigrante, de trabalhadores temporários hiperflexíveis que, constrangidos pela sua própria situação, sejam obrigados a aceitar qualquer sacrifício e a superexploração do trabalho.

Pelo contrário, quando os trabalhadores se enfrentam contra o mecanismo capitalista de lançar os trabalhadores de distintas nacionalidades uns contra os outros, para lutar juntos pelos direitos sociais e políticos, contra a xenofobia e o racismo e a islamofobia, contra todo tipo de opressão às mulheres trabalhadoras imigrantes, por trabalho digno, isso fortalece o conjunto da classe trabalhadora contra os capitalistas de toda a Europa.

Por isso, a unidade dos trabalhadores independente dos países de origem é fundamental para enfrentar o racismo da burguesia europeia. É necessário enfatizar o conteúdo do internacionalismo que ligue indissoluvelmente a defesa de plenos direitos sociais e políticos para os imigrantes à luta anti-imperialista da classe trabalhadora européia contra os estados nacionais capitalistas e suas fronteiras.

As importantes ações em solidariedade aos refugiados e imigrantes na Europa, como a marcha de 20 mil pessoas em Viena na Áustria, a manifestação de 10 mil pessoas em Dresden (capital dos movimentos neonazistas na Alemanha), e a jornada em defesa dos refugiados em várias cidades na Europa neste último 12 de setembro são grandes passos para uma campanha internacional que funda os interesses dos trabalhadores através das fronteiras e etnias contra o imperialismo europeu.

São os poderosos dos países imperialistas, as Merkel, os Hollande, os Cameron, os Renzi, e os Obama, com suas políticas de saque, ajuste, suas leis racistas, seus exércitos e suas polícias, os responsáveis por este horror social, que só a classe trabalhadora pode enfrentar unindo sua luta e organização à escala internacional para derrubar estes estados capitalistas, e levantar sobre suas ruínas uma nova sociedade de homens e mulheres livres, onde as fronteiras não sejam propriedade de nenhum estado e sim desapareçam em favor do território mundial livre para a humanidade sem classes.




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