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METRÔ - SP | Metroviários demonstram força, mas ataque contra PR passa

Após dia de forte mobilização, sindicato dos metroviários defendem e aprovam em assembleia aceitar PR parcelada e suspender estado de greve.

quarta-feira 2 de março de 2016 | 00:00

Em quase todas as estações do Metrô-SP não se via os uniformes tradicionais listrados entre os usuários. Os uniformes foram retirados em protesto e os trabalhadores, em peso, trabalharam sem uniformes e com adesivos denunciando a precariedade dos serviços e o perigo da privatização.

Este é um dos métodos tradicionais de luta dos metroviários, usado antes das greves de 2007 e 2014 que foi recuperado como uma medida importante para mostrar que não irão deixar passar sem luta as medidas que os governos Alckmin e Dilma pretendem contra as empresas públicas.

A dívida dos estados que o governo federal afirma haver é parte de uma grande bola de neve que o PT e o PSDB deixaram levar o país, com a crise econômica aprofundando com a recessão que se encontra o país, e agora, esses mesmos governos, querem colocar na conta dos trabalhadores essa crise, e os metroviários não estão isentos dos ajustes proporcionados pela burguesia. Em outras categorias os ajustes costumam passar com facilitação da burocracia sindical e das centrais governistas (CUT, CTB, etc), que acabam por colaborar com a patronal diretamente.

Os metroviários vêm de uma recuperação depois de 42 demissões ao lutarem por direitos em meio as manifestações na abertura da Copa. Mas depois de dois anos desta derrota, os metroviários provaram que não aceitarão arcar com as mazelas desta crise econômica. A categoria, que apresenta um dos índices de sindicalização maiores do Brasil, mostrou que existe descontentamento e que podem ser aprovadas medidas de lutas mais duras neste ano. As condições de trabalho estão cada vez mais prejudicadas, o quadro operativo desfalcado nas estações e operadores de trem, sobrecarga e extensão de turno obrigatórias (bando de horas), superlotação do sistema metroviário, entre outros ataques que estão sendo feitos contra a categoria.

Na noite dessa segunda-feira, 29, os metroviários realizaram assembléia para avaliar a proposta do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de pagamento da Participação de Rendimentos (PR) em duas vezes e desconto de 12% no valor total, devido as "metas" da empresa supostamente não atingidas. Duas semanas atrás, o Metrô propôs dividir em três vezes, em escandalosa carta aos funcionários, diante do qual foi deflagrado o estado de greve da categoria. A companhia solicitou mediação do TRT e este propôs de dividir em "apenas" duas vezes.

Com uma assembléia bem cheia, a proposta da diretoria do sindicato foi aceitar e encerrar o estado de greve, proposta aceita pela maioria. Embora não houvesse de fato condições de se deflagrar uma greve, chama a atenção a ausência de propostas de mobilização por parte do sindicato, que mesmo com diversos setores propensos a aceitar o acordo, a categoria respondeu positivamente a mobilização quando essa foi votada nas assembleias com o amplo uso de adesivos, retirada massiva de uniforme nas estações de Metrô e nas bases de operadores de trem, com a enorme solidariedade que os metroviários tiveram com o desemprego em massa das terceirizadas da limpeza Higilimp com campanhas políticas e financeiras, contra uma demissão arbitrária no Pátio Jabaquara de manutenção, etc.

Embora tudo isso tenha se dado desde o início do ano, o Sindicato dos Metroviários (dirigido pelo PSTU, PSOL e independentes) novamente não preparou um plano de mobilização com antecedência, seguiu o mesmo "script" dos demais anos e deixou tudo pra última hora, uma semana antes do pagamento da PR. E quando a categoria demonstrou força, recuaram.

Tal postura apenas contribui para ampliar a desmobilização que se abate sobre parte importante dos metroviários e deixa a categoria despreparada para os ataques que estão por vir, sem perspectiva de mobilização imediata, mesmo com a proximidade de uma campanha salarial que promete ser uma das mais difíceis das últimas décadas e que terá que enfrentar-se com a real ameaça de privatização da Linha 5-Lilás, já anunciada por Geraldo Alckmin, assim como com o aumento da terceirização, retirada de direitos, etc. Dessa maneira, a categoria que mostrou força, deixa a preparação dessa luta vital para as vésperas da campanha.

Existe uma alternativa combativa e pela base

A agrupação Metroviários pela Base (MPB - MRT e independentes) defendeu em minoria que se mantivesse a mobilização até quinta-feira e se pensasse em novas medidas de ação mais incisivas como a que ocorreu ontem, quando os metroviários acataram em peso a orientação da assembléia anterior de trabalhar sem os uniformes, como método de pressionar o Metrô e publicizar a luta para a população.

Por mais que muitos companheiros achem que deveria ter sido aceito o acordo no dia de ontem (e o MPB compartilha com o sentimento de que "poderia ser pior"), o MPB não defendeu esta proposta pois, de fundo, a empresa abre uma prerrogativa para que "em nome da crise" o governo e Metrô negocie os direitos e conquistas dos metroviários.

Por isso, torna-se urgente que o sindicato reavalie sua postura em fazer os metroviários retrocederem sua mobilização nesta semana, e apresente definitivamente um plano de lutas consequente para a campanha salarial, capaz de barrar a privatização, a precariedade dos serviços metroviários e o aumento da terceirização, se somando, assim, à vontade de lutar que a categoria está retomando.




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