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METRÔ | Metrô/SP proíbe reuniões de metroviários enquanto os mantém superexpostos ao coronavírus

Avançando na sua ingerência, presidente do Metrô de SP proíbe reuniões setoriais dos trabalhadores em Ato de medidas para contenção do coronavírus. Uma ação de coerção à organização de base disfarçada de "medida sanitária", ao mesmo tempo que tem dificultado o afastamento dos grupos de risco, proíbe afastamento de pessoas entre 60 e 70 anos, não dá acesso a acessórios básicos de proteção e exclui os terceirzados.

quarta-feira 18 de março de 2020 | Edição do dia

Após negar e postergar reuniões com os representantes dos trabalhadores eleitos na CIPA, em meio à pandemia do coronavírus, o Metrô de Doria decide de forma autoritária e unilateral proibir reuniões setoriais de trabalhadores nas áreas internas da empresa. Essa medida mostra mais a posição que os trabalhadores ocupam na organização do trabalho segundo a visão autoritária da patronal; devem se comportar como meros espectadores das ineficientes ações que a empresa vem tomando para proteger tanto funcionários como usuários do transporte público da capital. Proíbem que os trabalhadores se reúnam, mas tardam em dispensar os funcionários dentro do grupo de risco, mostrando que a vida das pessoas não está em primeiro lugar nas decisões tomadas pela cúpula da empresa e o Governo de São Paulo.

A decisão de se reunir ou não para debater os rumos das medidas a serem tomadas cabe exclusivamente aos trabalhadores e suas organizações coletivas, e entra aqui como uma ingerência da empresa na organização desses trabalhadores, seguindo em consonância com as medidas decretadas pelo ministro da justiça Sérgio Moro, que prevê internação compulsória e até prisão para infectados com o coronavírus. Cabe somente aos trabalhadores e trabalhadoras, com total independência dos patrões e seus governos, decidir como e onde devem se reunir.

Essas posições autoritárias vem ao mesmo tempo que toma outras medidas absurdas como não dispensar determinados funcionários que integram grupos de risco, como pessoas com mais de 60 anos do quadro operativo, o setor da empresa que está mais exposto ao contágio. Essa é uma medida muito grave tomada pela empresa uma vez que está expondo claramente diversos funcionários que podem desenvolver complicações mais graves caso sejam contaminados pelo vírus; fazem isso, principalmente, pelo déficit de funcionários no quadro operativo, uma vez que dispensam cada vez mais trabalhadores em vez de contratar.

Além disso os funcionários do metrô que estão correndo aos hospitais apresentando os sintomas do coronavírus estão sendo impedidos de fazer o teste, que segundo os médicos só estão autorizados em casos gravíssimos. É preciso defender testes massivos em postos por bairros para todos aqueles que estiverem sob suspeita de terem contraído o vírus.

Outro fator que mostra o quanto só uma resposta organizada dos trabalhadores pode dar uma saída para esta crise, é ver como a empresa trata os trabalhadores terceirizados, que não foram incluídos nem mesmo no programa de vacinação contra a gripe, que a empresa adiantou e irá cobrir somente para os trabalhadores efetivos, como denunciamos aqui.

Esses trabalhadores terceirizados, além de não estarem incluídos nos poucos programas de proteção que funcionários efetivos estarão, serão os mais afetados por todas essas medidas; com o mesmo quadro de funcionários de sempre deverão se desdobrar em suas funções para garantir a limpeza dos espaços com maior frequência. Trabalhadoras e trabalhadores que, em muitos casos, fazem também parte de grupos de risco e não estarão incluídos nas medidas adotadas para os efetivos. É urgente que a empresa efetive e contrate mais funcionários para garantir um transporte seguro sem explorar ainda mais esses trabalhadores.

Nós do Movimento Nossa Classe defendemos que somente os trabalhadores organizados podem dar uma saída efetiva a essa crise. E isso passa por garantir total liberdade de decidirmos nossos meios de organização.

Veja Também: Um plano de emergência dos trabalhadores para enfrentar a COVID-19 e o "vírus do capitalismo"




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