×

Denuncias Operárias | Metalúrgicos de Taubaté questionam proposta da Ford e do Sindicato: é possível ir além!

Os trabalhadores alegam que a proposta foi feita pela empresa para dividir e enfraquecer a luta.

terça-feira 6 de abril de 2021 | Edição do dia

Nesta segunda-feira os trabalhadores da Ford de Taubaté, reunidos em assembleia, foram surpreendidos com a proposta de acordo de indenização que a empresa estabeleceu junto com o sindicato de metalúrgicos de Taubaté. A proposta desagradou muitos dos trabalhadores porque apresentou termos e condições para indenizações por demissão que fazem com que os trabalhadores que ganham menos sejam muito desfavorecidos.

Assim, a empresa está tentando dividir os trabalhadores, colocando os mais antigos e os mensalistas contra os trabalhadores mais novos e que recebem salários mais baixos. A grande surpresa de todos ali não foi as artimanhas da Ford, que já sabemos que depois de lucrar bilhões por anos e acumular fortunas explorando os trabalhadores agora quer descarregar a crise nas nossas costas com demissões. Mas sim o fato do sindicato de metalúrgicos de Taubaté estar de acordo com essa proposta e concordar com as ameaças da empresa de que, se não aceitassem essa proposta, a negociação iria para a justiça e os trabalhadores perderiam tudo. Vendo essa situação, muitos trabalhadores se uniram e questionaram o sindicato dizendo que a assembleia estava mal convocada e que muitos não tinham visto a proposta.

Conseguiram com isso uma conquista: que a decisão não fosse tomada assim, a toque de caixa, o que deixaria muitos companheiros de fora. Em resposta, o sindicato organizou uma votação amanhã, ainda que por urna e sem uma assembleia, que seria o melhor para os trabalhadores poderem falar, fazer propostas, se escutar, e decidir em unidade.

A nova votação acontecerá amanhã das 8h às 17h nas dependências da empresa.
Pelo comunicado que recebemos aqui no pelo portal Esquerda Diário os trabalhadores estão se organizando para fazer uma contra proposta que seja favorável a todos os trabalhadores, tanto os mais novos como os antigos, e contra essa divisão que a Ford quer impor, sem que seja diminuído nenhum valor dos trabalhadores mais antigos ou mensalistas, mas que também os mais novos e horistas tenham uma negociação melhor.

Essa coragem que os trabalhadores da Ford tiveram em questionar a proposta da empresa e do sindicato é muito importante e mostra que eles tem disposição pra lutar por mais, mostra que os trabalhadores estão atentos para não deixar que a empresa os divida para passar um acordo que na prática ajuda apenas a empresa!
Os trabalhadores da Ford já engoliram seco diversos acordos que retiravam direitos com o argumento de que era para garantir os empregos na fábrica. Todos sabem o caminho que isso levou.

Se a união dos trabalhadores vencer a votação amanhã todos estariam mais fortalecidos para resistir. A intenção da empresa é dividir os trabalhadores para aprovar sua proposta. É preciso impedir isso, e unir os trabalhadores, para exigir que o sindicato organize a luta para que a Ford não jogue as negociações para a justiça e é possível ir além. Para isso seria importante também exigir que o sindicato unificasse a luta da Ford com todas as fábricas que estão ameaçando fechar e demitir na região. Pois com a força da unidade dos trabalhadores na luta seria possível batalhar pelo que é realmente necessário: a manutenção de todos os empregos!

O fechamento da Ford está sendo um exemplo para várias outras empresas que estão se aproveitando da situação da pandemia para descarregar a crise nas costas dos trabalhadores e deixar milhares de famílias sem emprego e sem sustento depois de tirar lucros bilionários da exploração dos trabalhadores. Exemplo disso é a LG que anunciou ontem que acabará com a produção de celulares em Taubaté e colocaram 400 pessoas na rua. Isso não é um caso isolado: em todo o país vemos todos os dias os patrões demitindo e retirando direitos, se apoiando para isso nas medidas aprovadas pelo governo de Bolsonaro junto dos militares, e também pelo congresso, STF e governadores, que fazem demagogia frente ao presidente que faz pouco caso das quase 4 mil mortes por dia, mas estão todos juntos na hora de atacar os trabalhadores. Então por que grandes centrais sindicais, como a CUT, que dirige o sindicato dessas duas empresas, entre outras que também estão atacando, e tem milhões de trabalhadores na sua base, não estão unificando essas lutas e transformando em uma forte luta nacional? Organizando assembleias em cada local de trabalho. Para construir fortes paralisações, manifestações e tudo o que pudesse mostrar a força da nossa classe? Os sindicatos precisam parar de dividir e isolar os trabalhadores em cada luta, ou inclusive entre terceirizados e efetivos.

As trabalhadoras das três fábricas fornecedoras da LG (Sun Tech, em São José dos Campos, Blue Tech e 3C, ambas em Caçapava) entrarão em greve nesta terça-feira dia 6. A fábrica da LG em Taubaté também está em estado de greve. Essas lutas não podem ficar isoladas, é preciso uni-las e expandi-las. Com certeza, unificando as lutas seria possível inclusive lutar não só por melhores indenizações, mas por garantia total de emprego e contra todos os fechamentos das fábricas.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias