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Mesmo com tarifas caras e serviço precário, empresas de ônibus querem auxílio federal

Depois do aumento da passagem no começo do ano, da redução das frotas a partir do começo da pandemia e da já persistente precariedade dos transportes públicos, empresas de ônibus querem auxílio federal

sábado 11 de julho de 2020 | Edição do dia

Um dos muitos setores atingidos pela pandemia da covid-19 foi o de transportes públicos, em particular o das empresas de ônibus. No Brasil predomina o regime de concessão das linhas urbanas, operadas por empresas particulares. Logo após o começo da quarentena estas empresas prontamente passaram a diminuir sua frota, além de algum tempo depois, passarem também a demitir em massa cobradores e motoristas, com a tentativa de prejudicar o mínimo possível a perda de seus lucros, à custa de milhares de trabalhadores deste setor desempregados pelo país.

Com as providências de distanciamento social, nas primeiras semanas a retração da quantidade de passageiros chegou a 80%. Após o relaxamento da quarentena em vários centros urbanos, houve alguma retomada e hoje se transporta, de acordo com o setor, cerca de 40% da clientela anterior. Em relação a isto, Associação Nacional de Transportes Urbanos (NTU), patronal dos transportes, passou a reivindicar socorro do governo federal no montante de R$ 6 bilhões.

As empresas de ônibus anualmente têm lucros bilionários, ao ver parte destes lucros ameaçados os empresários do ramo já correm em direção ao governo pedindo auxílio, sem se importar em nada com os trabalhadores que foram jogados à própria sorte por estes mesmos empresários. Para a população paulistana que ganha 1 salário mínimo, segundo pesquisa feita em 2019, em 1 mês é gasto em transporte público o equivalente a 1/3 da renda total, estima-se também que no geral, as famílias brasileiras gastem mais com transporte do que com comida. Nada disso foi suficiente para Covas, juntamente com Doria, fazerem um novo reajuste no começo deste ano.

A distância entre os empresários, com seus lucros bilionários, em relação aos trabalhadores que fazem uso deste transporte é gigante. Posto que para além da passagem ser cara, o transporte é precário, com superlotamento já em tempos normais, e que em tempos de pandemia com a diminuição da frota, fica ainda mais superlotado, contribuindo para um risco de contaminação maior da população mais pobre.

Frente a estas condições, vê-se que para a população ter um transporte com condições de uso dignas e que não corroa 1/3 de sua renda, é necessário um sistema de transportes 100% estatal, público e gratuito, que seja organizado e dirigido pelos próprios trabalhadores dos transportes.




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