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TRIBUNA ABERTA - DEBATE UFCG | Mesa debate: "Crises e a ofensiva do Capital: conjuntura do Brasil e região" na Paraíba

No dia 08 de março, dia Internacional de luta da Mulher Trabalhadora, aconteceu na cidade de Campina Grande no campus central da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) uma Mesa debate intitulada: "Crises e a ofensiva do Capital: conjuntura do Brasil e região" organizada pelo grupo de pesquisa Práxis - Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Estado e Luta de Classes na América Latina.

Shimenny Wanderley Campina Grande

quinta-feira 10 de março de 2016 | 01:30

A mesa contou com a participação do professor de Ciência Política Gonzalo A. Rojas pelo pelo Jornal Esquerda Diário e os discentes do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da UFCG, Eduardo Martins pela Corrente Proletária Estudantil/Partido Operário Revolucionário e Rafael Soriano integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Antes de começar os debates, a coordenadora da mesa, Danilla Aguiar do grupo Práxis, e também discente no mencionado Programa fez uma intervenção sobre o dia internacional de luta da mulher trabalhadora, traçando um panorama histórico sobre a origem dessa data e enfatizando que este dia tem que ser considerado, antes de tudo, um dia de luta pela emancipação da mulher, tendo em consideração alguns dos elementos mencionados pela dirigente do PTS da Argentina, Andrea D’Atri no seu artigo: “Esclarecendo um velho erro” publicado no Brasil por este jornal.

Acompanhamos no cenário político nacional desde sexta, dia 04, a deflagração da 24ª Operação da Lava-Jato, e a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Polícia Federal para prestar esclarecimentos, desde então essa questão está no centro do debate. Dessa forma, se fez necessário abrir o debate, para discutira repercussão destes últimos acontecimentos, seus desdobramentos e o papel das correntes e organizações de esquerda nesse contexto. Foi um importante debate sobre conjuntura.

As intervenções dos debatedores seguiram uma ordem alfabética iniciando Eduardo Martins quem denunciou, em nome de sua corrente que a condução coercitiva de Lula pela Polícia federal, faz parte de um movimento golpista encabeçado pela direita conservadora. Ao mesmo tempo, enfatizou que o Partido dos Trabalhadores (PT) manteve uma política de gestor dos negócios da burguesia. Na sua opinião os partidos de esquerda, as organizações sociais e estudantis devem romper com o governo Dilma para desta forma ter autonomia para exigir a revogação de todas as medidas antinacionais como o ajuste fiscal, a antrega do pré-sal e a lei antiterrorista, entre outras. Para Martins, a tática correta em defesa dos trabalhadores é defender suas reivindicações: contra as demissões; o desemprego; redução salarial e a destruição dos direitos trabalhistas e previdenciários, mantendo na ordem do dia o avanço pela independência de classe e a luta contra o imperialismo.

Na continuidade Gonzalo A. Rojas do Esquerda Diário, esclarece que no Brasil se configura uma conjuntura de crises: econômica e política, num contexto de fim de ciclo dos governos latino-americanos considerados “pós-neoliberais” e de um giro a direita na superestrutura política do subcontinente, como por exemplo,foram: a vitória de Macri nas eleições presidencias na Argentina, a derrota de Maduro nas eleições legislativas na Venezuela, a derrota eleitoral de Evo Morales na sua vontade política de se releger novamente na Bolivia e nesse contexto mais geral a crise do governo Dilma e o fortalecimento da oposição de direita a um governo Dilma cada vez mais direitizado no no Brasil. O colaborador de Esquerda Diário, chamou a atenção para a existencia de dois blocos políticos no Brasil: o bloco governista que está realizando os ajustes e o da oposição da direita conservadora que concorda com os ajustes mas pretende que sejam de forma mais acelerada, sendo a Operação Lava-Jato uma medida que tenta mudar esta correlação de forças em favor da oposição de direita.

Os trabalhadores e a juventude não tem nada a fazer em nenhum destes dois blocos burgueses, tem que manter sua independência política já que nenhum está ao lado das massas trabalhadoras. Fez referência à política de entrega ao imperialismo do governo Dilma dos recursos naturais em relação ao pre-sal em acordo com o tucano Serra e Renan Calheiros, e como a própria política do governo é a que fortalece a direita. Destaca ainda que a implementação dos ajustes está sendo possível devido as organizações sindicais burocráticas que estão deixando passar os ajustes sem luta e que a essa burocracia tem sim uma responsabilidade política no isolamento das lutas e na imobilização dos trabalhadores (ou na traição direta de suas lutas).

Isto é um elemento central já que se o que define é a luta de classes esta política da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do PT devem ser superadas. Para Rojas, é importante que os trabalhadores e a juventude construam a independência de classe, destacando que a estratégia para enfrentar os grandes problemas do país, como os ajustes e a corrupção, para que os trabalhadores não paguem pela crise, é construir uma alternativa pela esquerda ao governo do PT que imponha com a mobilização de massas uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, bem diferente das que acenou Dilma nas jornadas de junho de 2013, uma Constituinte exclusiva na sua tentativa de institucionalizar o movimento. Uma Constituinte Livre e Soberana que coloque o poder de decisão nas mãos da maioria da população.

Por fim, Rafael Soriano do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, concentrou sua fala em dois momentos: 1. Algumas considerações sobre a “Carta ao povo brasileiro” escrita pelo ex-presidente Lula em 2002; e 2. Leitura e alguns apontamentos sobre a “Carta Caruaru” de janeiro de 2016, na qual o MST apresenta um balanço crítico sobre o momento político. Destaca que no contexto atual o que está em curso nada mais é do que um “golpe branco” a partir de um desmonte da esquerda, encabeçado pela direita e a mídia. Enfatiza alguns avanços sobre a política de assentamentos implementada no governo do PT, embora não tenha feito a Reforma Agrária. Para Soriano, é necessário aprofundar a democracia popular através da participação direta, alargando a campanha pela Constituinte exclusiva.

Em seguida, foi aberto espaço para intervenções e questionamentos pelo público presente no evento e uma nova rodada de intervenções da Mesa na qual Rojas aproveitou para desenvolver o tema da Constituinte Livre e Soberana para que se entenda que o objetivo é derrubar o "Regime de 88" em base à mobilização da classe trabalhadora contra os ajustes nacionalmente e o fim dos privilégios: que todo político ganhe o mesmo que uma professora da rede pública, a revogabilidade de todos os mandatos, a elegibilidade por sufrágio de todos os juízes e julgamentos por júri popular, juízes revogáveis, ruptura com imperialismo e reforma agrária radical, anulando o pagamento da dívida e todos os acordos econômicos com o capital estrangeiro.

Neste momentos onde se combina uma profunda crise econômica e crise política no pais, fim de ciclo dos governos “pós-neoliberais” e giro a direta na superestrutura política da região é central politizar as discussões nas universidades, nas fábricas e nos locais de trabalho em termos de formação política e na perspetiva da construção de uma alternativa política independente no país, dos ajustes e da impunidade petistas, e da direita reacionária à qual o PT abre caminho.




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