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Polícia assassina | Memorial dos mortos pela chacina do Jacarezinho é derrubado pelas mãos da polícia racista

Por meio do uso de marretas e um Caveirão, o Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) demoliu memorial com os nomes dos 28 mortos na operação mais letal da história do Rio de Janeiro

quinta-feira 12 de maio de 2022 | Edição do dia

Memorial é derrubado com auxílio de caveirão da Core — Foto: Recebido por WhatsApp (Fonte: G1)

Policiais civis derrubaram nesta quarta-feira, 11, um memorial que havia sido inaugurado na semana passada, no Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro, para lembrar os mortos de uma operação policial que foi uma verdadeira chacina na cidade.

Participaram da demolição do memorial agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) em apoio à 25° DP (Engenho Novo). Um "caveirão" e marretas foram usados para derrubar a estrutura.

A justificativa para a operação racista que impede até que familiares e amigos possam lembrar de seus mortos era de que haveria apologia ao tráfico, uma vez que os 27 mortos tinham passagem pela polícia e, de acordo com a própria polícia, tinham envolvimento com atividades criminosas. A polícia também alega que a construção da estrutura não tinha autorização da prefeitura do Rio de Janeiro, e que a menção ao policial civil André Frias, também assassinado na operação, também não tinha autorização.

Um ano após a operação, 10 das 13 investigações do Ministério Público foram arquivadas, com duas denúncias aceitas pela Justiça e somente uma que ainda segue em andamento, ou seja, na ampla maioria das mortes não sabemos quem são os responsáveis e as investigações são consideradas "concluídas".

Os nomes relembrados no mural eram de assassinados na que é considerada a operação mais letal da história do Rio de Janeiro, chacina que ocorreu em 6 de janeiro de 2021 e deixou um total de 28 pessoas mortas, havendo dentre eles um policial, sendo uma expressão cruel e escancarada sobre a atuação da polícia, que envolve matar negros, pobres e membros da classe trabalhadora para nos fazer ficar nos mesmos lugares, sem questionar esse sistema social cruel que faz com quem milhares de mães que moram nos morros e favelas tenham que passar o Dia das Mães chorando pela morte de seus filhos.

Às vésperas do dia 13 de maio, data em que se comemora a abolição da escravidão no país, ainda vemos o racismo intrínseco da sociedade a todas as negras e negros, estimulado pelo governo racista de Bolsonaro e Mourão, em um período de crise em que todas as instituições do regime tentam garantir que a crise econômica seja paga pelos negros e demais setores oprimidos, assim como a classe trabalhadora de conjunto, nesse país que é um dos que mais possuem assassinatos de pobres e negros pelas mãos da polícia.

A necessidade do povo negro seguir lutando contra a opressão e a exploração se mantém enormemente, se apoiando na força da história de luta do povo negro que desde sempre batalhou fortemente contra a escravidão e a opressão, e não só não receberam a abolição das mãos da princesa Isabel como querem nos fazer acreditar, mas sim possuem uma verdadeira história de luta e resistência em diversos países, como a organização de milhares de negras e negros nos quilombos que marcaram a história da sua gana de luta por liberdade. Até hoje as negras e negros mostram a potência da sua luta no mundo todo, como ficou bastante expresso no mais recente movimento histórico do Black Lives Matter nos Estados Unidos.

A luta do povo negro e de todos os setores oprimidos, contra todos os ataques da direita e extrema direita nojentas e de todas as instituições racistas desse regime só será possível por meio de uma forte organização junto à classe trabalhadora de conjunto, se apoiando na experiência histórica dessa classe para batalhar pelo fim da opressão e exploração, sem nenhuma expectativa que qualquer saída meramente eleitoral será um caminho para conseguirmos nossas demandas, que só serão atingidas por meio da nossa autoorganização e luta, como sempre foi.




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