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A marcha por #NiUnaMenos aconteceu este sábado no Peru, com a participação de dezenas de milhares de pessoas, o que se transformou em uma das maiores marchas que teve o país andino nos últimos anos.

segunda-feira 15 de agosto de 2016 | Edição do dia

Ni Una Menos também contou com a participação do presidente da República, Pedro Pablo Kuczynski, que disse que “o que não queremos no Peru é violência contra nada e, sobretudo, contra as mulheres e crianças”. Também estavam presentes o ministro do Interior, Carlos Basombrío, e a ministra da Justiça, Marisol Pérez Tello, sendo que o Estado, com seus funcionários junto a seus governos e a justiça em aliança muitas vezes com a Igreja, quem reproduz e legitima cotidianamente múltiplas formas de violência contra as mulheres.

Por isso é necessário mostrar a hipocrisia do governo e da oposição direitista que também participaram da marcha. Como o fujimorismo (do ex-presidente Alberto Fujimori) e o aprismo (da Aliança Popular Revolucionária Americana, ou APRA), que se mostram alarmados pelas estatísticas da violência de gênero, mas no que lhes concerne negaram o debate e silenciaram durante décadas este flagelo. Inclusive sendo cúmplice e parte da violência de gênero, como o aprismo, que durante seus dois governos nunca destinou o orçamento necessário para ajudar neste problema, nem nenhum dos distintos governos atuais.

Por sua vez, o atual presidente Kuczynski em sua última mensagem para a nação assinalou a importância e a vigência do papel fundamental que ocupará a Igreja em seu governo, demonstrando assim que esta instituição junto a seus representantes, que sempre foram fervorosos opositores dos direitos das mulheres, manterão vigentes seu poder.

Em Lima, a manifestação teve como ponto de encontro o Campo de Marte, em Jesús María, e teve uma presença de mais de 20 mil mulheres.

Para que os feminicídios não sejam estatística

No Peru a responsabilidade do Estado se vê de longe, desde o momento em que não se tomam as denúncias das mulheres violentadas até a falta de programas para combater a violência de gênero. Inclusive o Estado chegou a promover as esterilizações de mulheres de baixa renda, como sucedeu no governo do ex-presidente preso Alberto Fujimori. As estatísticas que se conhecem nesse país dizem que três em cada cinco mulheres são vítimas de violência. Segundo o Ministério Público, as cifras não deixam de ser alarmantes se observamos que, entre 2009 e 2015, 734 mulheres foram vítimas de feminicídio, o que alcança uma média de 120 ao ano.

#NiUnaMenos é internacional

Peruanas na Argentina realizaram uma jornada em Buenos Aires, Córdoba e outras províncias do país, assim como em diferentes partes do mundo, para demonstrar que estão se organizando contra qualquer tipo de violência e opressão.

As manifestações, que se realizaram neste 13 de agosto nas ruas do Peru sob o lema #NiUnaMenos, demonstraram que há cada vez mais mulheres que querem defender seus direitos, lutar contra todo tipo de violência e conquistar novos direitos. Mesmo assim é preciso ser consciente de que enquanto não se romper definitivamente as múltiplas formas de exploração que escravizam milhões de seres humanos e sobre as quais se sustenta este regime capitalista de miséria, nem as mulheres, nem nenhum outro grupo social oprimido alcançará a emancipação definitiva.

Portanto para enfrentar essa situação é necessário e indispensável que se impulsione um grande movimento de mulheres que enfrente o governo e seus planos, desconfiando das instituições das quais nada podemos esperar, como a Igreja, a justiça e sua cumplicidade em frustrar direitos legítimos das mulheres.

Tradução por Alexandre Costa




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