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MASSACRE DE PARAISÓPOLIS | Massacre de Paraisópolis foi antecedido por execução de jovem, dez dias antes

quinta-feira 19 de dezembro de 2019 | Edição do dia

Foto: Marlene Bergamo/Folhapress

A comunidade de Paraisópolis denunciou que o jovem André Calixto de Souza, de 25 anos, foi assassinado pela PM dez dias antes do massacre de Paraisópolis. De acordo com moradores, a PM ainda teria atrapalhado a chegada do Samu.

A execução aconteceu 19 dias depois que um sargento do 16° Batalhão da Polícia Militar foi morto. Segundo moradores, desde o assassinato do sargento as ações da polícia vinham sendo mais violentas. Após a execução de André, PMs teriam inclusive atrapalhado a chegada do Samu no local em que a vítima estava ferida. Sem ter havido nenhuma troca de tiros previamente, moradores identificam este como mais uma execução bárbara da PM paulistana.

“Ele ficou agonizando no chão até a chegada do socorro. Isso é recorrente aqui na comunidade, é prática comum”, afirma um morador que, por medo, pediu para não ser identificado, em relato para portal A Ponte https://ponte.org/pm-executou-jovem-em-paraisopolis-10-dias-antes-de-massacre-segundo-moradores/ . O caso foi registrado como “morte em decorrência de intervenção policial” e no boletim de ocorrência há uma lista de inúmeros itens que estariam com ele, como drogas, dinheiro em espécie e arma.

A dona de casa Nivea Gomes, 37 anos, que mora perto do ocorrido, mostra a realidade da juventude negra e trabalhadora que vive sob a mira da polícia racista. “O André estava saindo do portão, o policial já deu o primeiro tiro que deve ter pegado nele. Ele saiu correndo em direção a uma laje, pedindo socorro, porque tinha medo que se a polícia abordasse ele, fosse forjar alguma coisa nele. Sou moradora de Paraisópolis e sei bem como acontece aqui. Não tem nem 3 meses que a polícia entrou na casa da minha mãe sem mandado”, continuou. “Ele pulou um muro, caiu e a polícia chegou nele. Uma vizinha que estava vendo tudo gritou ‘não mata ele’. O policial virou, mandou desligar o celular e fingir que não tava vendo nada”.

Essas são as ações típicas da polícia assassina que desde a ditadura militar tem a juventude negra, trabalhadora e periférica como alvo. Realidade que vem se tornando ainda mais letal e violenta com o governo de extrema direita de Jair Bolsonaro. Que recém aprovou o chamado pacote anti-crime de Sérgio Moro, que nada mais é do que uma ferramenta para inocentar policiais, ampliar a repressão e o autoritarismo do braço armado do estado que é a polícia. E consequentemente perseguir ainda mais a juventude negra.

O rechaço ao pacote anti-crime de Sérgio Moro que se expressou em parcelas importantes da esquerda e do movimento negro tem que ser acompanhado da luta pelo fim das operações nas comunidades e nas favelas e a indenização aos familiares dos assassinados. Todos os processos desse tipo tem que ser apurados por júri popular composto por moradores das comunidades, organismos de direitos humanos e sindicatos. Como parte da luta pelo fim dos tribunais militares e pelo fim dos privilégios dos juízes como Sérgio Moro que querem aumentar o autoritarismo do judiciário às custas do sangue da juventude negra.




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