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Itália | Mario Draghi perde apoio parlamentar e eleições serão antecipadas

O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, perdeu o apoio parlamentar no governo após seus ex-parceiros de coalizão, o Movimento 5 Estrelas (M5S) e a direita de Silvio Berlusconi e Matteo Salvini, abandonarem a coalizão no Senado. A votação da moção de confiança ainda está em andamento, mas com a ausência do M5S, do Forza Italia (FI) de Berlusconi e da Liga de Salvini, Draghi perde sua maioria parlamentar. O presidente Mattarella aceitou sua renúncia, dissolveu o parlamento e antecipou as eleições para 25 de setembro.

sexta-feira 22 de julho de 2022 | Edição do dia

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Nesta quinta-feira o governo italiano decidiu que as eleições gerais serão antecipadas para 25 de setembro como solução para a crise do governo de unidade nacional de Mario Draghi, pressionado a renunciar devido ao abandono de três dos principais parceiros de sua coalizão.

O Presidente da República, Sergio Mattarela, aceitou a renúncia do primeiro-ministro Draghi (embora Draghi continue no cargo até que as eleições sejam realizadas) e o próprio presidente anunciou sua decisão de dissolver o Parlamento, eleito em março de 2018, encerrando desta forma as legislaturas oito meses antes do previsto. As eleições antecipadas de setembro decidirão a nova composição parlamentar e as coligações que irão formar um novo governo.

O agora ex-primeiro-ministro tentou nesta quinta-feira reconstruir a coalizão de unidade nacional que apoiou seu governo por meio de um novo voto de confiança no parlamento, mas acabou perdendo o apoio de três de seus principais membros, o populista Movimento 5 Estrelas (M5S), o força conservadora Forza Italia (FI) do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi e a Liga de extrema-direita de Matteo Salvini.

Draghi se retirou nesta quinta-feira do Senado antes do fim da votação, após saber das intenções de seus sócios de deixá-lo. Embora tenha vencido o voto de confiança com 95 votos a favor e 38 contra, apenas 133 do total de 320 senadores votaram, e três das principais forças de sua coligação estiveram ausentes ou se abstiveram. Isso foi o suficiente para Draghi encerrar seu governo.

Mario Draghi liderou uma coalizão de unidade nacional desde fevereiro de 2021 na qual quase todos os partidos estavam, exceto os Irmãos da Itália, de extrema-direita, liderados por Giorgia Meloni.

Na semana passada, a crise eclodiu na coalizão de unidade depois que o M5S não votou em uma moção de confiança, o que levou Draghi a renunciar. No entanto, a crise política tem razões mais profundas e explica-se pelos rearranjos políticos frente aos efeitos da guerra na Ucrânia, da inflação, dos aumentos dos preços de energia, que tem um grande impacto na política e já vinha provocando uma queda na popularidade de Draghi.

O líder do M5S, Giuseppe Conte, já estava em desacordo com Draghi para se separar da coalizão e ir em busca de um voto inconformista entre setores populares e trabalhadores atingidos pela crise e que haviam ficado "órfãos" de representação política, sendo a maioria dos partidos da coalizão de governo. Há algumas semanas, o M5S se recusou a votar um pacote de subsídios que denunciou como muito escasso diante da inflação crescente. O objetivo é recuperar a base eleitoral que perderam com o crescimento dos Irmãos da Itália, da extrema-direita. Esta formação beneficiou eleitoralmente da base do M5S, bem como da Liga Mateo Salvini, que foi derrotada depois de ter forçado a queda do anterior governo Conte.

Além disso, o M5S também procura evitar mais recuos dentro de seu próprio movimento. Entre as últimas tensões está a divisão da ala do M5S chefiada pelo ministro das Relações Exteriores Luigi Di Maio, que estava disposto a seguir as políticas do governo Draghi até o fim e que queria avançar para romper completamente com as ambiguidades geopolíticas e eurocéticas do M5S sobre a política em relação à UE, OTAN e a aliança com os EUA e, mais recentemente, sobre a guerra na Ucrânia.

Também buscaram apoio com a Forza Italia e a Liga. O PD, por sua vez, levou tão longe seu apoio a Draghi que foi a Igreja, os empresários e as burocracias sindicais que pediram aos partidos da coalizão que não deixassem o primeiro-ministro em paz. Acabou cumprindo, como há muitos anos, o papel de “centrão”.

Essas manobras para conseguir votos em meio a uma crise aberta em várias frentes de forma alguma anuncia uma próxima legislatura que poderá definir facilmente uma nova coalizão de governo. A alta taxa de abstenção eleitoral, a inflação e o sofrimento de setores crescentes da população só irão aprofundar a crise política que a Itália vem arrastando há anos.




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