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AMAZÔNIA | Marcos Pontes naturaliza desmatamento, é "normal" aumento de 278%

Depois da demissão de diretor do Inpe, devido a divulgação do aumento de desmatamento nesse primeiro período do governo de Bolsonaro, Marcos Pontes defende o atual governo, dizendo ser ‘normal’ o aumento de 278% no alerta do desmatamento.

sábado 10 de agosto de 2019 | Edição do dia

Imagem: Em evento na UFRN, em Natal — Foto: Anderson Barbosa/G1

O tenente-coronel reformado “made in USA”, do Ministério da Ciência, Comunicações e Tecnologia - Marcos Pontes - disse ser ‘normal’ o aumento de 278% no alerta do desmatamento da Amazônia Legal, que foi divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Quando participava do lançamento de um projeto na UFRN (Natal - 09/08), alegou que esse aumento seria normal no meio do ano: “se você olhar dados do Deter ao longo de vários anos, você vai ver que ele funciona de uma forma cíclica, e no meio do ano é normal ter um aumento destes dados”, disse o ministro.

O sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) tem como ação a verificação do desmatamento em áreas maiores do que 30 mil metros quadrados. Assim, o mesmo deveria servir para auxiliar as fiscalizações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). O Inpe se utiliza então desse sistema para monitoração, e não para gerar as chamadas taxas de desmatamento.

O alerta inclui uma área que se estende por 9 diferentes Estados, e o aumento de 278% se refere a uma comparação ao alerta do ano passado para o mesmo mês. Logo, o que o Ministro coloca sobre ser normal porque funciona de forma cíclica, não deixa muito claro que ciclo seria esse. Já que o alerta de desmatamento aumentou absurdamente comparando julho de 2019 com julho de 2018.

Pontes faz essa declaração no mesmo mês que Jair Bolsonaro (PSL) demitiu o diretor do Inpe para encobrir estatísticas do desmatamento real, que atingiu a marca de 88% de aumento. Depois que o Inpe divulgou as estatísticas, Bolsonaro saiu em retaliação ao Instituto, demitindo Ricardo Galvão. Pontes pode dizer ser ‘normal’ porque na verdade esse dado representa somente um alerta, mas nada disse sobre as estatísticas do desmatamento já comprovado.

E como esperar outro tipo de postura de Bolsonaro já que o mesmo, ainda em campanha eleitoral em 2018, já afirmava que lutaria pelo fim das multas ambientais aplicadas pelo Ibama. Uma personalidade que encabeça um governo que está a serviço dos interesses dos latifundiários da agropecuária e das companhias mineradoras, nacionais e imperialistas.

Então, para quem ainda acreditava que Pontes, o astronauta brasileiro de muitas medalhas, seria um ministro sério pela sua dita paixão à ciência – começa a perceber que essa paixão está muito mais atrelada à estratégia de entregar os recursos naturais brasileiros para o imperialismo.

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