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RENÚNCIA CUNHA | Maranhão e Centrão brigam por data de eleição do novo presidente da Câmara

Após decisão de Maranhão em manter a votação da nova presidência da Câmara para dia 14, líderes do “Centrão” decidem não judicializar decisão com medo de mais delonga. No mesmo dia, o presidente interino da Câmara exonerou o seu secretário-geral da Mesa Diretora do cargo.

Ítalo GimenesMestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

sábado 9 de julho de 2016 | Edição do dia

Após a renúncia do ex-presidente (cassado) da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com direito à lágrimas envenenadas de hipocrisia por parte deste, o presidente interino da Câmara de Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), tinha até cinco sessões da Câmara para realizar a eleição do novo presidente, agendando-a para a próxima quinta-feira, dia 14.

Os líderes da Câmara, em reunião nesta quinta-feira, 7, sem a consulta de Maranhão, deliberaram acelerar essa votação para a terça-feira, dia 12 – poder este que possuem caso representem a maioria absoluta de deputados da casa – que não coincidentemente é o mesmo dia no qual ocorrerá uma discussão da CCJ a respeito da cassação do mandato de deputado de Cunha. Porém, o presidente interino da Câmara decidiu por manter a sua decisão, impedindo até mesmo a preparação da estrutura para as eleições, que estava sendo feita neste dia, mandando recolher as urnas.

Os líderes do Centrão, contudo, querem insistir que a votação para presidente da Câmara seja na terça-feira, 12, como a maioria havia deliberado durante reunião de líderes. Estes disseram ainda que não confiam em Maranhão, e especulam que ele não realizará a eleição nem mesmo na quinta-feira, o que jogaria a votação para depois do recesso branco, cujo início é dia 18. Disseram que iriam ignorar a decisão do presidente, mas sem indicar de que forma poderiam fazê-lo, sendo que os preparativos cabem a Maranhão.

Estes realizaram ainda um encontro na liderança do PTB nessa sexta-feira, dia 8, para solicitar uma reunião da Mesa Diretora da Casa na próxima segunda, às 15h, cujo objetivo é chegar a um consenso de data com o presidente interino. O primeiro-secretário da Casa, Beto Mansur (PRB-SP), participou da reunião do Centrão e buscou defender um acordo entre líderes e presidente. Ele defendeu que Maranhão participe do encontro da Mesa para negociar com os líderes e sugeriu uma data de consenso, que seria na quarta-feira, 13. Para assegurar que a votação ocorra, ele ainda deve sugerir que Maranhão coloque um membro da Mesa como responsável pela organização da eleição.

No mesmo dia, Maranhão demitiu pessoalmente o secretário-geral da Mesa Diretora, o servidor Silvio Avelino, pelo fato deste ter participado da reunião dos líderes que deliberou por contrariar a sua decisão de data para a eleição do novo presidente da Câmara.

Maranhão, ao avisar o secretário-geral da sua exoneração, havia dito que precisaria do cargo, pois a questão teria se tornado mais política do que técnica, segundo relatos deste ao G1, que declarou também que já estaria ouvindo boatos de tal decisão há algum tempo.

Essa tentativa do Centrão, alinhados à defesa do mandato de Cunha, de adiantar a votação para o mesmo dia em que ocorrerá na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) a votação sobre a cassação de Cunha, tem o objetivo claro de postergar essa decisão, possivelmente para depois do período de recesso. Essa votação na CCJ se refere ao recurso que Cunha referiu, pedindo o aditamento (volta para a instância anterior, portanto, à Comissão de Ética) da decisão de sua cassação com a justificativa de que a sua renuncia alteraria o cenário do julgamento. Manobreiro como sempre, Cunha e seus aliados, cada vez mais escassos, tentam a todo custo mantê-lo presente na Câmara dos Deputados, participando do jogo político, ou pelo menos aliviando a sua barra, pois seria uma “bomba ambulante” que sabe de todos os podres de cada politico do Congresso Nacional.

Maranhão, por outro lado, age com cautela. Participa do jogo daqueles que avaliam Cunha como uma bomba, uma pessoa instável e já muito desgastada por ter cumprido o papel sujo de passar o golpe, assim como por ser uma figura mais que justamente odiada pelos trabalhadores setores oprimidos, esses que o assistiram aprovar a redução da maioridade penal, a PL4330 que generaliza a terceirização, o “Estatuto do Nascituro” que criminaliza ainda mais o aborto, o “Estatuto da Família que visa proibir o casamento civil de casais LGBTs. Mas não é porque discorda desses ataques. Pelo contrário, a sua intenção é a de que a imagem de Cunha desgasta o governo golpista e que ele precisa substituído por um novo Cunha, menos explosivo, jogando a sujeita do golpe para debaixo do tapete, para que os ataques do governo golpista sigam sendo aplicados.




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