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CORONAVÍRUS | Mapa interativo: pandemia e greves nos Estados Unidos

Em meio à pandemia, os Estados Unidos estão enfrentando uma onda de greves
conduzidas por milhares de trabalhadores, que pedem condições seguras para realizar
suas tarefas e licenças pagas para quem necessite. Sob o grito de "nossas vidas
também são essenciais", enfrentam os empresários que colocam seus lucros acima da
vida dos trabalhadores.

quinta-feira 16 de abril de 2020 | Edição do dia

Este mapa interativo publicado pelo site do Payday Report mostra a resistência de
milhares de trabalhadores nos EUA em diferentes partes do país. Nas últimas semanas, houve pelo menos 95 greves de logística, fast food, profissionais de saúde, supermercados e industriais por licenças pagas e equipamento de proteção pessoal contra a negligência corporativa.

Essas ações e protestos organizados em alguns lugares pelos próprios trabalhadores,
e em outros por seus sindicatos ou organizações de luta, enfrentam diretamente a
política de empregadores americanos como Jeff Bezos, que privilegiam seus ganhos
sobre a vida dos trabalhadores, incentivados pelo próprio presidente Donald Trump,
que durante meses subestimou a pandemia para continuar produzindo. O resultado é meio milhão de infectados e milhares de mortos - existem muitos mais estimados - com uma projeção de centenas de milhares de mortos apenas no país do norte.

A classe trabalhadora é o setor mais atingido por essa pandemia, e entre estes os
latinos e afro-americanos, que, como Kim Moody explica, são aqueles que trabalham
mais perto das áreas afetadas pelo vírus. Aliado a isto, os imigrantes sem documentos continuam sendo perseguidos, expulsos ou trancados em condições desumanas, chegando ao ponto em que 37 crianças migrantes estão infectadas com COVID-19 em abrigos de Chicago.

Nesse cenário, muitos patrões se beneficiam com a demissão de milhões de
trabalhadores, diminuindo seus custos e maximizando os lucros, aguardando o resgate multimilionário votado no Congresso por republicanos e democratas. No outro extremo, empregadores como Bezos e donos de supermercados como o Walmart estão aumentando seus lucros em meio à pandemia e até anunciam que vão contratar mais trabalhadores. É nesses setores e mesmo em tarefas não essenciais, como empresas de fast food, que milhões de trabalhadores são forçados a trabalhar sem direitos e materiais de segurança.

Por esse motivo, a onda de greves no meio dessa pandemia tem como uma de suas
principais reivindicações as licenças pagas para aqueles que necessitam, caso
adoeçam, e equipamento de proteção individual para que possam trabalhar com
segurança.

Nos mapas interativos estão registradas greves em todo o país, desde estaleiros e
fábricas de eletrônicos à lojas de fast food, profissionais de saúde, logística e
supermercados.

Muitos desses trabalhadores foram infectados nos galpões da Amazon em Staten
Island, Nova York - o epicentro de coronavírus nos EUA- ou em Chicago. Mas o
sindicato dos madeireiros de Massachussets também impulsionou uma greve de
13.000 carpinteiros.

Os funcionários da Whole Foods e Instacart abandonaram seus postos de trabalho
para exigir mais segurança. Os funcionários do McDonalds entraram em greve em
várias cidades para que as licenças sejam pagas aos doentes. Os funcionários da
General Electricse se mobilizaram pela conversão de sua planta para a produção de
respiradores. Os trabalhadores do estaleiro Bath Iron Works, no Maine, abandonaram suas tarefas. Todos exigem os equipamentos de proteção pessoal e licenças pagas como parte das medidas votadas pelo Congresso, mas que os empregadores não cumprem.

Até os próprios trabalhadores da saúde não recebem os equipamentos de proteção
pessoal mesmo estando na linha de frente na luta contra o vírus, e é por isso que eles são os mais atingidos. É por isso que eles realizam ações de protesto quase todos os dias. Nesta quarta-feira, 15, houve uma jornada de protesto em Nova York de médicos e enfermeiros. Essas ações são exemplos de força, organização e luta que vão de ponta a ponta em todo o país.

Muitos analistas anunciam uma crise pior que a de 1929, no momento em que o
desemprego atinge seu nível mais alto desde a Grande Depressão, superando a crise
de 2008. A onda de greves que se espalham por todo o país é um primeiro indicador
de resistência contra as condições atuais impostas pelos empreendedores em meio à
pandemia, e um exercício importante nas lutas que virão no futuro.

Tradução: Lucas Santiago




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