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MANUELA D'ÁVILA | Manuela D’Avila: flertando com a base eleitoral da direita golpista

Flavia ValleProfessora, Minas Gerais

quarta-feira 9 de maio de 2018 | Edição do dia

A pré-campanha do PCdoB para a presidência, com Manuela D’Ávila, vem cada vez mais mostrando a que veio. Uma pré-candidatura que é uma cara nova para a velha política de conciliação de classes do PCdoB. E que vem dialogando cada vez mais com a base da direita golpista, para tentar um lugar ao sol na administração do estado a favor dos interesses capitalistas.

Para além da escandalosa defesa do aumento do aparato repressivo par a Polícia Militar em seu programa para a segurança pública, num claro flerte com eleitores de direita de Bolsonaro (como já debatemos aqui), Manuela D’Avila, gerou enorme desapontamento de muitos de seus seguidores em mais um flerte com a base eleitoral da direita golpista com sua participação no primeiro de maio junto ao palanque da Força Sindical. Essa central sindical apoiou o golpe institucional e tem como presidente o grande pelego Paulinho da Força, hoje filiado ao Solidariedade, partido que também é da direita golpista.

Alguém considera possível combater o golpe institucional da direita, dos empresários e banqueiros, junto com Paulinho da Força e a cúpula burocrática do Solidariedade? Com aqueles que negociaram todos os ataques e contrarreformas de Temer, como a contrarreforma trabalhista, diretamente com o Planalto para manter seus privilégios?

O interesse dessa aproximação é o pragmatismo mais eleitoreiro, que pode não ser apenas para si mesma: o PCdoB sempre está à procura dos partidos da burguesia nacional que estão melhor posicionados para vencer eleições e conceder privilégios em troca de apoio. Exemplo recente aparece no acordo de Manuela D’Ávila a favor de uma aliança possível aliança eleitoral com Ciro Gomes, cujo responsável pelo programa econômico da candidatura do político afirmou, na mesma semana, que “sem ajustes o Brasil vai à bancarrota”.

13 anos compondo os governos do PT junto com o MDB e fazendo acordos com todo calibre de partidos golpistas no parlamento após o impeachment, o PCdoB não sabe sequer soletrar o que é luta de classes. Vive da velha política stalinista de abrir espaço para a direita para favorecer governos de conciliação de classes dos trabalhadores com setores da burguesia. E para isso precisam limar a força independente dos trabalhadores na política.

Por isso, defendem alianças com setores da burguesia para favorecer governos a serviço dos interesses dos capitalistas. Atualmente, são um pilar do projeto neodesenvolvimentista de Lula e do PT – projeto subordinado aos ditames neoliberais e à submissão ao imperialismo, apesar de uma retórica desenvolvimentista e de soberania nacional.

Para projetos assim, a classe trabalhadora passa a ser uma ameaça. E por isso atuam para retirar o papel de luta dos sindicatos, transformando-os em obstáculos para a luta política dos trabalhadores. A CTB, central sindical dirigida pelo PCdoB, tem peso, por exemplo, na direção do sindicato dos trabalhadores dos Correios em vários estados, e até agora não fizeram nada para barrar o enorme ataque que ameaça a demissão de milhares de carteiros para abrir as portas para a privatização.

Outro exemplo: em Minas Gerais, em que dirigem o SINPRO, sindicato dos professores da rede particular da educação de todo estado. Nesse caso, apesar da coragem dos professores que fizeram uma das maiores greves da rede particular dos últimos anos enfrentando a patronal das escolas que tentava impor ataques por via da reforma trabalhistas, a CTB isolou a greve, impedindo que essa luta se transformasse num trampolim para uma luta política nacional contra a reforma trabalhista.

Ao contrário desse papel de conciliação de classes subserviente aos capitalistas que abre espaço para os golpistas e para a direita – real objetivo da pré-candidatura de Manuela D’Ávila – estamos no momento de avançar para uma verdadeira unidade de ação contra os ataques como a reforma trabalhista e as privatizações, e também contra a ingerência imperialista no Brasil. Por isso batalhamos para construir uma esquerda construir uma esquerda revolucionária, dos trabalhadores, anti-imperialista e de independência de classe que tire lições da tragédia do PT, e da de seus satélites burocráticos como o PCdoB.

Esta unidade de ação não tem nada a ver com acordos por cima ou a junção de meia-dúzia de dirigentes sindicais ou figuras públicas em cima de um carro de som. Trata-se, pelo contrário, da coordenação das lutas em cada local de trabalho e estudo para organizar um plano de luta sério que possa exigir a anulação da reforma trabalhista, enfrentar a reforma da previdência e as grandes privatizações como a da Eletrobrás e da Petrobrás.




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