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EDUCAÇÃO | MEC faz acordo com faculdade de coaching religioso dos EUA

Em meio às seleções para cursar mestrado e doutorado sem a perspectiva de bolsa, o MEC envia mensagens às universidades federais para comunicar acordo com a Florida Christian University, faculdade de coaching religioso.

terça-feira 10 de março de 2020 | Edição do dia

Na última segunda-feira (2), foi informada a implementação de um acordo por meio do MEC e da CAPES com a Florida Christian University, através de comunicado enviado às universidades federais.

O protocolo foi assinado pelo presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro em 2019, que já tem encaminhado agendamento de encontros entre a instituição e universidades federais para a implementação.

No Brasil, a Florida Christian University é parceira da Unifuturo, universidade da Paraíba não autorizada a ministrar mestrado e doutorado no país, por irregularidades encontradas em 2016. O acordo foi firmado com o Ministério da Educação (MEC) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) mesmo sem a universidade dos EUA ter passado pelo filtro de regulamentação dos processos de cooperação internacional da Capes.

E os agendamentos dos encontros com as instituições federais se encontram em andamento desde janeiro, tendo já ocorrido na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e no Instituto Federal da Paraíba (IFPB).

Esse acordo visa fornecer cursos como mestrado de artes do coaching e bacharelado em aconselhamento cristão, segundo informações da Folha de S. Paulo, tendo como objetivos aspectos que levem a formação de defensores hábeis "a integrar conhecimento filosófico, literário e histórico dentro da visão bíblica". E também que a Florida Christian quer formar "profissionais, leigos e pastores para cumprir suas vocações com valores cristãos".

São 4 áreas que a instituição diz fornecer, que são negócios, educação, comportamento e teologia, nas formas de tecnologia, bacharelado, mestrado, doutorado e pós-doutorado, tendo cursos como "A Vida de Cristo" e "Reconciliação de Casamentos Rompidos".

Figuras como Benedito Aguiar Neto, presidente da Capes aliado de Bolsonaro e defensor do criacionismo contraposto à teoria da evolução do cientista Charles Darwin, que estão por trás desse acordo.

Não podemos aceitar esse avanço reacionário, que está respaldado pelo avanço do autoritarismo de Bolsonaro com a convocação da manifestação do dia 15, sobre a educação. Ainda mais num cenário em que o Ministro da Educação faz parte de se colocar, juntamente ao presidente da República que acusa a produção acadêmica de balbúrdia e diz que nossas entidades estudantis são ninhos de ratos, ao lado do obscurantismo anti-científico no Brasil. Esse acordo está em consonância com o reacionarismo de Damares, que quer controlar jovens através da abstinência sexual.

Somente construindo universidades e conhecimento que estejam a serviço dos trabalhadores e do povo pobre é que podemos vencer o reacionarismo e o projeto privatizante que querem nos impor.

É necessário que a força das mulheres no mundo, inclusive pela reivindicação de separação entre Igreja e Estado, contagie a organização de uma forte paralisação nacional no dia 18 de março. Por isso, é preciso que o dia 18 de março seja construído com assembleias em cada local de estudo e trabalho e que a União Nacional dos Estudantes (UNE) e centrais sindicais como CUT e CTB, dirigidas por PT e PCdoB, banquem essa organização, já que estão a frente de gestões de nossas entidades estudantis e sindicatos.

Chega de articulação com quem descarrega a crise e o conservadorismo em nossas costas, como fazem o Congresso, o STF e as aprovações dos projetos de reformas da previdência a nível estadual, a exemplo de Dória no governo do estado de SP, que reprime professores com violência policial, e até mesmo de governadores que se dizem oposição, como Fátima Bezerra no RN.

Somente a força da juventude e dos trabalhadores, inspirados na luta dos chilenos, dos franceses, das mulheres em todo o mundo, organizados, é que se pode fazer emergir uma alternativa ao projeto dos capitalistas.




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