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Luta estudantil na UFRGS: Medidas formais ou preparação para as batalhas que estão por vir?

quarta-feira 5 de dezembro de 2018 | Edição do dia

Nessa quinta-feira, 29, foi convocado o Conselho de Entidades de Base pelo DCE da UFRGS. Em base a um chamado de “Organização da mobilização em defesa da universidade”, o DCE apresentou uma carta meramente formal para ser apresentada ao CONSUNI, por fora de situar os principais ataques que Bolsonaro pretende implementar e longe de apontar um caminho para barra-los.

Chegaram a citar alguns ataques importantes dos últimos períodos à educação, como a PEC 55 e os ataques aos cotistas na universidade, mas não citavam os grandes ataques que se avizinham (como a reforma da previdência, a privatização da Petrobrás e a venda do Pré-Sal para estrangeiras, a escalada autoritária do judiciário e o Escola Sem Partido) e restringem a atuação do movimento estudantil à soltar cartas e não apontam um caminho da mobilização. A ideia principal do DCE era ler essa carta no CONSUN. A ideia de o DCE e as entidades estudantis servirem como ferramenta de organização da luta estudantil não aparece. Nesse sentido é urgente o movimento estudantil se preparar para as grandes batalhas que virão, e o DCE e os DA’s podem cumprir um papel importante. Com nossas intervenções, a carta incluiu alguns dos grandes ataques que estão em cena, mas a carta segue sem dar centralidade à necessidade de organização e mobilização dos estudantes em aliança com os trabalhadores para o próximo período.

Como nós do MRT viemos denunciando nacionalmente e pelo Esquerda Diário, estamos diante de um governo de extrema-direita, apoiado pelo autoritarismo judicial e pelos militares, que toma posse a partir do triunfo em uma eleição brutalmente manipulada para aplicar duros ataques econômicos contra a classe trabalhadora. Ao mesmo tempo, frente a isso, o PT e o PCdoB traçam um caminho para nos levar a uma inevitável derrota ao apostar em uma “Frente democrática” parlamentar e institucional (com partidos de direita e o STF golpista) para desgastar Bolsonaro esperando 2022, às custas de deixar passar a reforma da previdência e as privatizações para garantir seu “lugar ao sol” como partidos da ordem e freios da mobilização de massas no degradado regime democrático-burguês brasileiro.

O que temos visto na UFRGS e em todas as universidades do país, é a transposição para o terreno do movimento estudantil da estratégia de “resistência” institucional. A atuação DCE dirigido pela UJS/PT/Levante no CEB e sua carta é absolutamente exemplar nesse sentido: retirar o eixo da luta da mobilização de base dos estudantes para centrar em uma ilusória e inócua disputa institucional no seio da burocracia acadêmica do Conselho Universitário.

Estivemos no Conselho e intervimos apontando a enorme necessidade de que o movimento estudantil aponte para um caminho de preparação do conjunto dos estudantes para as batalhas que estão por vir em aliança com os trabalhadores. Declaramos que a postura que o DCE está tomando está a serviço da estratégia institucional e parlamentar de esperar 2022 ao defender uma medida meramente formal como apresentar uma carta ao CONSUN que sequer aborda os principais ataques de Bolsonaro. Precisamos cerrar as fileiras da classe trabalhadora e dos estudantes em uma Frente Única para barrar os ataques, para isso é necessário que os sindicatos, entidades estudantis e suas centrais, como CUT/CTB e a UNE convoquem assembleias e comitês nas milhares de categorias e universidades que dirigem.

Setores do PSOL que integram a oposição de esquerda ao DCE fizeram intervenções positivas: denunciando a política de “segurança” que o DCE impulsiona na UFRGS de colaboração com a polícia racista e repressora, e apontando que se o DCE quer mesmo defender as pautas dos estudantes cotistas e indeferidos e resistir aos retrocessos do governo Bolsonaro, deve apresentar medidas de mobilização concreta. Chamamos as correntes da esquerda a encamparem um polo que se contraponha à política petista de resistência institucional rumo a 2022, revendo a política que seus partidos vêm tendo de ser a “ala esquerda” de uma frente parlamentar com partidos burgueses como PSB e PDT que já planejam um bloco de “centro” com DEM e PSDB que, não menos que Bolsonaro, querem a aplicação das reformas para que os empresários lucrem ainda mais.

Essas correntes, sobretudo as do PSOL, podem e devem usar suas posições conquistadas para impulsionar um polo antiburocrático que aposte na luta de classes e na mobilização independente de trabalhadores e estudantes como única forma de vencermos. Se não, estarão sendo funcionais à derrota que a estratégia falida do petismo quer nos arrastar.

Bolsonaro quer ser um “Temer blindado” para aplicar os ataques e garantir maior penetração do capital imperialista norte-americano no Brasil por meio das privatizações, contando com o apoio do judiciário e dos militares que já declararam estar comprometidos com a reforma da previdência e têm laços históricos com o imperialismo. Recentemente lançamos o Manifesto do MRT, onde defendemos que o único terreno que poderemos triunfar é o da luta de classes, assim como necessitamos de um programa que unifique as pautas democráticas, das mulheres, do povo negro, d@s LGBTs, dos movimentos sociais e dos estudantes com as pautas econômicas da classe trabalhadora.

Chamamos os estudantes da UFRGS a conhecer e debater nosso manifesto e se somar na construção de uma força anti-imperialista da classe trabalhadora para enfrentar os planos de Bolsonaro, dos golpistas e do autoritarismo judiciário.




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