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CRISE POLÍTICA | Lula afirma que PT foi o que mais investiu na Polícia Federal e no Judiciário

Em entrevista para o site da UOL, o ex-presidente Lula afirmou categoricamente que os governos do PT foram os que mais investiram na Polícia Federal e na inteligência do Estado, além de fortalecer o poder judiciário. Estes "grandes méritos" realizados pelo PT foram justamente o fortalecimento realizado por esse partido das instituições mais reacionárias do regime, que voltaram-se contra o próprio partido durante o processo do golpe institucional.

sexta-feira 19 de agosto de 2016 | Edição do dia

Em entrevista à BBC Lula reforçou várias vezes a importância dos governos do PT para o Brasil. É o que ele vem fazendo através de entrevistas e palestras desde que o impeachment foi votado na Câmara de Deputados, em abril deste ano. São parte da política de ser uma oposição comportada, responsável e inofensiva, que freia a classe trabalhadora por via das centrais sindicais, enquanto tenta firmar acordos se aproximando da direita e limpar a imagem do PT para os empresários e capital internacional. Isso, assim como as soluções que o petista apresenta para a crise só reafirmam a nefasta política de conciliação de classes que o partido aplicou durante seus governo.

Lula retoma a trajetória do PT, valorizando o cumprimento dos seus compromissos com a classe dominante, garantindo o crescimento do país. "O Brasil [...] pagou a sua dívida com o Fundo Monetário Internacional" afirma o petista, como um sinal de vitória para país. Vitória para o FMI, que recebeu mais de US$ 15,57 bilhões de dinheiro público brasileiro para que Lula possa, até hoje, utilizar esse argumento a seu favor. Enquanto a burguesia lucrava como nunca, sua política de programas sociais, reformas, concessões, liberação de crédito e neutralização dos sindicatos, garantiu um sucesso temporário como administrador da bancada de negócios da burguesia. Gerou sim, muitos empregos. Precários, terceirizados, informais, com rebaixamento salarial. As garantias à burguesia, por outro lado, foram dadas fielmente: pagamento da dívida, isenções, obras superfaturadas

O ex-presidente enaltece o fato de os governos do PT terem sido fortalecedores das instituições de repressão do estado brasileiro. Segundo ele o PT "foi o partido que mais investiu na Polícia Federal, que mais investiu na inteligência da PF" e qualquer delegado poderia comprovar isso. Também foram os responsáveis por leis absurdas como a delação premiada, uma maneira de salvar a pele dos corruptos, sejam políticos ou executivos de grandes empresas envolvidos em escândalos de corrupção. Junto a essas estão outras medidas de fortalecimento da repressão, mais abertamente voltadas contra os trabalhadores, a juventude e o povo pobre, como as UPPs que militarizam comunidades e a lei antiterrorismo que permite prisões arbitrárias e sem provas.

O petista considera que "É preciso [..] que o Judiciário tenha liberdade". O mesmo Judiciário anti-democrático, cheio de privilégios e que ninguém elegeu, que teve atuação decisiva no golpe, afinado diretamente com os interesses imperialistas. A Lava-Jato, expressão máxima de como a política do PT se voltou contra o próprio partido, além de não combater a corrupção, abre precedentes para que o fortalecimento da Polícia Federal, as delações premiadas, as quebra de sigilos telefônicos, e outras ferramentas de repressão arbitrárias do estado capitalista se voltem também contra os trabalhadores que se enfrentarem com o sistema. Não bastasse ser agente causador das próprias derrotas, o PT com sua política de conciliação de classes equipou ainda mais o estado capitalista de ferramentas de repressão.

Sobre as acusações de corrupção em que o PT está envolvido Lula garante que de sua parte nada foi feito e que não sabia de nada. Diz que só quer "desculpas" pelas acusações contra ele, que diz serem falsas e sem provas. Acha necessário "que a verdade venha a tona" e para isso acredita na justiça e no apoio que solicitou ao Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas. Demonstra-se confortavelmente adaptado aos métodos e práticas da burguesia, assim como seu partido adaptou-se completamente, emaranhando-se, por um lado, em alianças e esquemas de corrupção com partidos de direita, que mais tarde os derrubariam do governo, e por outro lado aparatando, manobrando e, se necessário, reprimindo as lutas da classe trabalhadora para garantir que seus governos corressem dentro da ordem (burguesa).

O mito da conciliação de classes, como disse Ricardo Antunes em entrevista para o ED, no qual o PT acreditou e segue acreditando, gerou duras conseqüências aos trabalhadores brasileiros. Hoje o governo do golpista Temer dá continuidade e aprofunda os ataques iniciados pelos governos do PT. As demissões, a alta dos preços, o endividamento assolam a classe trabalhadora, enquanto o governo troca carinhos com o empresariado brasileiro, ansioso pelas privatizações e pela reforma trabalhista prometidas. Nos locais de trabalho os sindicatos dirigidos pelas burocracias ex-governistas, como a CUT e a CTB, seguem com sua criminosa paralisia, assistindo a retirada de históricos direitos, conquistados com a luta de milhares de trabalhadoras e trabalhadores.




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