×

ESQUERDA À DIREITA | Luciana, Marina, Moro e Itaú: “TUDO A VER”

Só Luciana Genro duvida que o Itaú de Marina é menos corrupto que a Odebrecht de Lula e Dilma.

Daniel MatosSão Paulo | @DanielMatos1917

quarta-feira 30 de março de 2016 | Edição do dia

Luciana Genro acabou de anunciar escancaradamente em seu facebook que o “terceiro campo” que defende é junto com ninguém mais que Marina Silva. O fez em resposta às críticas da direção majoritária de seu partido ao posicionamento público que Luciana expressou na Folha de São Paulo. Até onde vai chegar a adaptação da ex-candidata presidencial do PSOL ao golpismo institucional em curso no Brasil?!

Quando Marina Silva publicou seu programa de governo em 2014 os analistas do mercado financeiro e executivos dos grandes bancos saíram a aplaudí-la. Os analistas Stephen Graham e Fernando Siqueira afirmaram que o programa da candidata é economicamente conservador e socialmente liberal, mesclando sustentabilidade social e ambiental com políticas fiscal e monetária ordotoxas.

Para eles, a proposta de Marina de desconcentrar o crédito corporativo, com redução do papel dos bancos públicos, traria mais espaço para os bancos privados crescerem.

No setor de infraestrutura, concessionárias como CCR, Ecorodovias, Arteris, Cosan e ALL são potenciais beneficiárias, uma vez que o programa prevê "recorrer mais fortemente a parcerias público-privadas (PPPs) e a licitações de concessões".

Luciana e Marina discordam do impeachment que levaria Temer à presidência para defender a anulação das eleições presidenciais de 2014 pelo Tribunal Superior Eleitoral e a convocação de novas eleições presidenciais antecipadas. O fundamento seriam os indícios – nas investigações da Lava Jato e de Sérgio Moro – de que recursos do petrolão teriam sido usados para a campanha eleitoral do PT e do PMDB.

Não resta a menor dúvida de que o PT assimilou a corrupção própria do capitalismo para governar. Mas também não resta a menor dúvida de que a Lava Jato e Sérgio Moro servem aos interesses das grandes multinacionais imperialistas do petróleo e que Marina Silva é parte da direita que quer implementar ataques aos trabalhadores e entrega dos recursos naturais e do patrimônio público em níveis ainda maiores do que já está fazendo o PT. Ou será que Luciana Gerno se esqueceu que em sua campanha presidencial Marina Silva defendia descaradamente as reformas neoliberais nas leis trabalhistas, na previdência social etc.? É difícil esquecer Marina terminou apoiando Aécio no segundo turno de 2014 e que atrás dela está o banco Itaú, a Natura e outros tantos monopólios capitalistas. Vê-se o “terceiro campo” de Luciana Genro não terá problema de financiamento...

Só Luciana Genro duvida que o Itaú é menos corrupto que a Odebrecht

Para Luciana e Marina, o problema de Sérgio Moro é que ele não se volta também contra o PMDB e o PSDB para inviabilizar um futuro governo Temer. Clamam para que a Lava Jato “vá até o final”. Suas críticas sutis aos chamados “excessos” de Moro são apenas um detalhe.

As ex-presidenciáveis não dão a mínima importância para o fato de que toda a Lava Jato está montada sobre “excessos” de um poder judiciário que pisa em direitos democráticos elementares para “limpar” a capacidade do regime de implementar maiores ataques e beneficiar uns setores capitalistas em detrimento de outros.

Genro chega ao delírio de afirmar que junto com Marina vão “devolver ao povo a soberania de decidir”. Vejam só. Um bando de juízes que recebem mais de 80 mil reais por mês, são escolhidos pelos donos do poder e fazem escola nos Estados Unidos de repente são mais soberanos que dezenas de milhões de votos e devem decidir quem pode ou não governar o país. Sem falar que seria mais uma eleição onde os trabalhadores e a esquerda veriam seus direitos democráticos elementares cerceados por uma legislação eleitoral feita sob medida para reproduzir o poder das grandes empresas capitalistas.

Primeiro foi Heloisa Helena que depois de receber 6,5 milhões de votos em 2006 como candidata do PSOL entregou esse capital político numa bandeja para Marina Silva entrando para seu novo partido. Agora é Luciana que quer entregar seu capital político de 1,6 milhões de votos em troca de apoio para sua eleição em Porto Alegre nas municipais de outubro? É por “terceiros campos” como esses que não existe uma alternativa de massas pela esquerda do PT para evitar a desmoralização e impedir o fortalecimento da direita.

Tentar combater o PT com as armas da direita só vai levar a novas derrotas!

Por isso o MES deveria romper com sua atual política de adaptação à direita e colocar o capital político de Luciana Genro a serviço de exigir que os sindicatos e as centrais sindicais rompam sua subordinação ao governo e impulsionem assembleias de base para votar um plano de luta contra o impeachment, o golpismo judicial e os ajustes do governo Dilma e seus congêneres da situação e da oposição nos estados e municípios. Um plano de lutas capaz de desatar mobilização de massas forte o suficiente para impor uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana que combata a impunidade pela raiz, faça os capitalistas pagarem pela crise e enfrente as contradições estruturais do país. Esse é o chamado que nós do MRT fizemos a partir da Conferência Nacional que realizamos nesse final de semana.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias