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CONTRA CONDENAÇÃO DE LULA | Luciana Genro: "Defendo o direito de Lula ser candidato e julgado pelo povo nas urnas"

Luciana Genro, fundadora e dirigente do PSOL, e candidata à Presidência pelo PSOL em 2014, se posicionou contra a condenação arbitrária de Lula. Assim como Roberto Robaina, ambos da corrente Movimento de Esquerda Socialista do PSOL.

quinta-feira 25 de janeiro de 2018 | Edição do dia

Luciana Genro, fundadora e dirigente do PSOL, ex-deputada estadual e federal, candidata à Presidência pelo PSOL em 2014, se posicionou contra a condenação arbitrária de Lula.

"Sobre a condenação de Lula pelo TRF

Tenho defendido o direito de Lula ser candidato e ser julgado pelo povo nas urnas. Sua condenação no TRF-4 pode impedir que isso ocorra. Uma eleição sem Lula pode sim ser considerada uma fraude, como diz o PT. E todos sabem que não tenho nenhuma ligação com Lula nem com o PT. Tenho uma opinião jurídica sobre o processo. Ocorre que a política manipula até mesmo processos judiciais. Por isso o STF salvou Aécio Neves, que segue sendo senador, e Michel Temer segue sendo presidente, apesar das provas cabais contra ele. Então minha manifestação é política.

Num quadro destes, um líder popular ser barrado pela Justiça não é admissível. Vai apenas restringir mais a capacidade de decisão do povo. Uma capacidade de decisão que já é muito pequena, se é que podemos dizer que existe, nesta podridão de sistema, ao qual a cúpula petista se adaptou e agora paga o preço. Um sistema que, além do mais, vem encarcerando em massa a juventude pobre e negra em nome do “estado de direito” e mantém presas milhares de pessoas sem julgamento.

Cabe ao PSOL lutar para construir uma esquerda consequente, antissistema, anticapitalista e que se mantenha coerente com as bandeiras da defesa dos interesses do povo."

Roberto Robaina, também da corrente Movimento de Esquerda Socialista do PSOL, vereador de Porto Alegre, eleito em 2016 e pré-dandidato a governador do RS, também declarou nas redes sociais no mesmo sentido:

"A decisão do TRF 4 e a condenação de Lula

A condenação de Lula não foi surpresa. Até os chamados mercados estavam apostando nesta decisão e as bolsas subiam na mesma medida em que crescia a convicção de um resultado de 3 x 0. Foi o que ocorreu. Mais três juízes que trabalharam sobre o processo confirmaram a sentença do juiz de primeira instância Sérgio Moro. Assim as chances de Lula poder concorrer a presidência da república diminuíram muito. E se concorrer, as chances de poder ter sua candidatura validada é ainda mais reduzida.

É sobre este aspecto que quero considerar a questão. É deste ponto de vista que temos nos manifestado. É o caso, por exemplo, da posição de Luciana Genro, sustentando que a eleição sem Lula pode, sim, ser considerada uma fraude. É o que declarou nossa corrente política, o Movimento Esquerda Socialista, que é uma tendência fundadora do PSOL 50. Esta posição é clara. Mas não temos uma posição ingênua. Todos sabem que rompemos com o PT faz muitos anos. E rompemos porque percebemos - quando aliás a grande mídia estava comemorando o novo curso petista - que as relações do PT com as empreiteiras e banqueiros estava tornando o partido um gerente dos interesses do capital. Daí o passo para se envolver com os métodos típicos do capital, onde a corrupção é prática corriqueira, era um passo imediato. Foi o que ocorreu.

Mas apesar disso não aceitamos fazer coro com os que dizem que a lei deve ser respeitada, querendo com isso dizer que a decisão do TRF 4 deve ser respaldada. Por que não? Justamente porque neste sistema a lei não vale igual para todos. Se aplica com mais força contra alguns. A outros, comprovadamente bandidos, como é o caso de Aécio Neves, o máximo órgão de poder judicial do país, o STF, protege, lhe garantindo a impunidade como senador. E não precisamos falar de Temer. Não se pode dizer que temos justiça no país quando um presidente é um chefe de quadrilha. E a justiça feita isoladamente não é justiça sistêmica. Seria ingenuidade, ou até um tolice acreditar nisso. E o caso envolvendo Lula é sistêmico. Por isso não pode ser avaliado sem contexto, sem definir quem são os interessados em sua condenação e por que a pretendem.

É evidente que uma parte dos interessados são justamente uma parte dos donos do capital, representantes deste mesmo sistema que atuou como corruptor no caso da cúpula do PT e que continua tendo em suas mãos os partidos tradicionais, a maioria do Congresso Nacional e até as mais altas cortes de justiça do Brasil. Não são eles que farão justiça para o povo. Por isso vamos manter a defesa do direito de Lula ser candidato. Ao mesmo tempo, lutaremos para que nosso partido, o PSOL, seja fiel às causas da igualdade e se afirme como um projeto independente, que aposte na organização e na mobilização social pelos interesses populares."

Leia também declaração do Movimento de Esquerda Socialista clicando AQUI.

Independentemente das diferenças com Luciana Genro e o MES que o Esquerda Diário já expressou anteriormente e são conhecidas por nossos leitores, consideramos um posicionamento correto adotado frente ao ataque aos direitos democráticos da população em votar em quem quiser, que se expressa na condenação arbitrária de Lula.

Para aprofundar na posição global do MRT, veja declaração publicada no dia de ontem neste LINK.




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