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Nós mulheres, o proletariado | Leia na íntegra contribuições de professoras ao livro "Nós mulheres, o proletariado"

Publicamos as colaborações das professoras universitárias Mirla Cisne, professora da UERN, Anita Leocadia Pereira dos Santos, professora da UFPB, Laudicena Barreto, professora da UFPE ao novo lançamento das Edições Isra: Nós mulheres, o proletariado.

quarta-feira 9 de março de 2022 | Edição do dia

O livro Nós mulheres, o proletariado é um grande lançamento das Edições Iskra neste mês de março. De autoria de Josefina Martínez, historiadora e dirigente do grupo internacional de mulheres Pan y Rosas e publicado primeiramente no Estado Espanhol, agora chega ao Brasil e é uma obra para recuperar as histórias de resistência e as lutas pela emancipação das mulheres junto a todos os oprimidos, e seu papel decisivo das mulheres no movimento operário e na luta de classes.

O prefácio da edição brasileira, foi escrito pela Diana Assunção, historiadora e organizadora do livro A precarização tem rosto de mulher, e Letícia Parks, uma das organizadoras do livro Mulheres negras e marxismo. A edição brasileira tem um artigo da Letícia Parks nos Anexos “Não somos escravas: rainhas quilombolas, guerreiras armadas e grevistas decididas – relatos de mulheres negras na luta por liberdade”. Uma das grandes forças do livro está em mostrar como o proletariado é um só e não tem fronteiras na luta contra a exploração capitalista, lições fundamentais frente a situação da reacionária ofensiva russa na Ucrânia, além da ocupação da OTAN imperialista já há tantos anos.

Publicamos na íntegra os textos das professoras Mirla Cisne, professora da UERN, Anita Leocadia Pereira dos Santos, professora da UFPB e Laudicena Barreto, professora da UFPE sobre o livro. Trechos dos textos a seguir fazem parte da quarta capa do livro.

Mirla Cisne, professora da UERN:

Um livro potente não só na denúncia à exploração e à precarização do trabalho e vida das mulheres, mas na demonstração da capacidade de luta e resistência anti-capitalista e anti-patriarcal que as proletárias têm construído, em nível mundial. São exemplos vivos de diversas lutas que retratam, em diferentes países, o quanto a classe e o trabalho possuem sexo. A visão homogeneizante da classe e do trabalho é, portanto, suplantada. A leitura da obra possibilita o necessário entendimento da diversidade da classe, sem, contudo, fragmentá-la em identitarismos. Trata-se de compreender, mas, ao contrário, compreendendo-a, dialeticamente, a classe como una e indivisível, assim como as nossas lutas, na sua diversidade, demandam unidade em torno da busca pela emancipação humana. O livro deixa nítido que um “espectro ronda o mundo”, o feminismo classista e antirracista, que desafia e enfrenta o sistema patriarcal-racista-capitalista, cotidianamente. A obra, magistralmente, ao retratar mulheres em movimento, em diferentes lutas, greves e revoltas, guiadas pela sede de liberdade e igualdade, deixa-nos o exemplo pedagógico do exercício da política e o inadiável e irrecusável e inadiável convite: “trabalhadoras e trabalhadores de todo o mundo, uni-vos”.

Anita Leocadia Pereira dos Santos, professora da UFPB:

Em tempos de necropolítica, os direitos trabalhistas estão sendo atacados sem tréguas. Em paralelo, vivemos uma proliferação de informações superficiais associada ao crescimento do individualismo neoliberal, enquanto ocorre o debate pelas demandas das mulheres, as primeiras a serem atingidas em tempos de crise. Neste contexto caótico, é necessário compreender que precisamos estar unidas em torno das causas pela emancipação feminina em todas as áreas, especialmente atentas ao mundo do trabalho, por onde passam nossas condições de sobrevivência. Este livro pode nos ensinar muito sobre o resgate das utopias sociais, sobre a organização coletiva das mulheres. Tomar conhecimento acerca das lutas e conquistas das mulheres trabalhadoras por direitos, por uma vida com dignidade, ontem e hoje, faz-se essencial!

Laudicena Barreto, professora da UFPE:

"A greve foi uma enorme demonstração de auto-organização operária e popular, com as mulheres à frente”; “Todas ou nenhuma”; “Mesmo salário pelo mesmo trabalho”; “Não somos escravas”; “A realidade é que o sistema precisa que o trabalho das mulheres valha menos”. Esses e tantos outros registros – o passado e o presente - estão contidos no livro “Nós, mulheres, o proletariado – greves de mulheres, ontem e hoje” - e, revelam a força das mulheres e das lutas feministas na história contra as formas de exploração, opressão e discriminação de seus corpos. Os capítulos desnudam que os processos de superação da ordem burguesa impõem a urgente organização da classe operária, tomando como ponto de partida as condições de vida e trabalho das mulheres da classe trabalhadora. Por toda sua densidade e rigor na pesquisa e sistematização de informações e fatos, a obra de Josefina L. Martinéz além de ser indispensável na luta contra o sistema do capital - que, por sua vez, se articula à reprodução patriarcal e racista -, revela e reacende a potência revolucionária de um feminismo socialista, sob uma perspectiva de classe, raça e gênero. “Trabalhadoras do mundo, unidas!”, parece-me ser a bandeira urgente para conquistarmos uma verdadeira emancipação das mulheres.




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