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EDUCAÇÃO | Kroton insiste em lucrar contra o direito da juventude estudar após recusado acordo com Estácio

A operação estava avaliada em mais de 5 bilhões e se fosse aprovada faria da Kroton a maior empresa de ensino superior do mundo, baseada na sede capitalista que lucra com o que deveria ser um direito assegurado à juventude que deseja estudar e um diploma de ensino superior.

quinta-feira 29 de junho de 2017 | Edição do dia

Os votos contrários à compra da Estácio pela Kroton (5 contra 1) se basearam em argumentos que diziam respeito a preocupações com a competitividade e a formação de monopólios, mostrando que o maior interesse nesses casos é com os negócios capitalistas e não com as mais de 1,5 milhões de estudantes que estariam sujeitos a uma educação privatizada, precária, onde não existe o compromisso com um ensino e pesquisa de qualidade, como direito gratuito e voltado aos interesses dos trabalhadores e da população pobre.

Fontes próximas à empresa afirmam que o fracasso na aquisição da Estácio não deve frear os interesses desse que já é o maior grupo educacional do país. A Kroton já divulgou projetos de crescimento, com a abertura nos próximos cinco anos de mais 100 unidades presenciais para se somarem às 114 unidades atuais do grupo, ou seja, quase dobrará de tamanho. Dessas, 60 dizem estão já em trâmite no Ministério da Educação. Além disso, existe uma avaliação de especialistas no assunto de que a empresa saiu às compras, buscando ativos regionais de ensino presencial em cidades onde ainda não atua.

Sem a Estácio, especula-se ainda que a Kroton possa se voltar para um processo de consolidação de escolas de ensino básico. Esse é um segmento no qual a empresa atua hoje, com o sistema de ensino Pitágoras, e em cuja expansão a Kroton já demonstrou interesse em outros momentos.

Também é uma expectativa de crescimento, tanto da Kroton como da Estácio, passarem pela abertura de novos polos de ensino à distância, que, graças a uma medida de regulação aprovada na semana passada, permite às instituições de ensino com (arbitrárias) notas satisfatórias inaugurem polos que sejam ponto de apoio ao ensino à distância sem a necessidade de visitas de fiscalização ou autorizações prévias.

Em tempos de Reforma do Ensino Médio e PEC 55 de cortes de gastos aprovadas, a juventude seguirá sendo a maior afetada por esses trâmites capitalistas e pela sede de lucro que monopólios como a Kroton propagam. Como vemos com a crise pela qual passam diversas das universidades estaduais e federais, onde não é investido recursos e a ameaça de fechamento é uma realidade cada vez mais próxima, o direito à educação e ao ensino superior é retirado.

Mas, esse monstro que hoje é a Kroton, que surfa com as reformas que os golpistas e grandes empresários tentam nos impor, não nasceu ontem. A Kroton lucrou milhões enquanto a educação recebeu cortes igualmente milionários nos últimos anos. Ele é fruto de uma política deliberada e neoliberal dos governos do PT contra a educação pública. Isso sem qualquer resistência por parte da direção da União Nacional dos Estudantes, mas, ao contrário, a partir da conivência dessa que foi seus braços para pacificar o movimento estudantil.

Em meio a continuidade da batalha dos capitalistas para que sejamos nós quem pague pela sua crise, nós devemos defender a anulação de todos os ataques que continuam nos impedindo de ter direito à universidade pública e a uma educação de qualidade. Às vésperas do dia 30, devemos mais do que nunca tomar a greve geral em nossas mãos, denunciando os anos de governo e o pacto que os petistas fizeram contra nós jovens trabalhadores e exigindo que as centrais sindicais construam efetivamente um plano de lutas para derrotar os ajustes.

Devemos apostar na nossa mobilização independente, organizada nos nossos locais de estudo e trabalho amplamente para que possamos disputar uma saída política independente, que seja contra novos pactos com os capitalistas, que nos querem endividados. Precisamos de uma nova Constituinte, livre e soberana, que terá como primeira tarefa anular todas as reformas e estatizar os monopólios de educação, para que a juventude estude gratuitamente e com qualidade.




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