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Jovens têm abandonado a escola por falta de condições e acesso para acompanhar as aulas

sábado 29 de agosto de 2020 | Edição do dia

A realidade dos estudantes e professores no Brasil inteiro foi dificultada pela pandemia e agravada ainda mais pela maneira como os governos enfrentaram o problema, mesmo assim tentam passar a imagem de que tudo está correndo normalmente com o ensino de forma remota. A falta de oportunidade de acesso e condições adequadas de estrutura e saúde impedem que os adolescentes e jovens possam seguir em frente com os estudos. Em todo o Brasil, cerca de 44 milhões de crianças e adolescentes tiveram de deixar as salas de aula devido à pandemia do coronavírus. Dos que estavam matriculados antes da pandemia, 4 milhões não conseguiram continuar as atividades em casa, ficando excluídos da escola. Estima-se que pelo menos 4,8 milhões de crianças e adolescentes em todo o Brasil não têm acesso à internet em casa, enquanto outros milhões têm acesso precário ou falta de equipamento, o que gera o grande número de desistência dos estudantes. Sem contar as dificuldades que os responsáveis por essas crianças e adolescentes continuam tendo para conseguir manter o emprego, dar conta da orientação escolar e seguir toda rotina diária de organização e higiene de qualquer família com sua casa.

O número de adolescentes e jovens que abandonaram os estudos durante a pandemia do coronavírus cresceu significativamente no Brasil, um país onde a evasão escolar já era uma realidade presente antes da crise sanitária. Nessa nova realidade de isolamento social imposto de maneira irracional pelo governo de Bolsonaro, com o controle do Ministério da Educação oscilando entre terraplanistas e fundamentalistas religiosos, fica claro o projeto nefasto que os grandes capitalistas tem para os jovens no Brasil. Eles querem jovens que não conseguiram avançar nos estudos para propor vagas de emprego cada vez mais precarizadas, sem garantia alguma de direitos trabalhistas, alegando o despreparo do candidato à vagas cada vez mais alienantes. Enquanto isso Bolsonaro e Guedes seguem seus planos de ataque aos trabalhadores, com medidas provisórias que são verdadeiros planos de extermínio à toda população pobre brasileira, que amarga na enorme fila do desemprego.

A pandemia permitiu que os grandes capitalistas do setor da Educação rapidamente recorressem ao seu balcão de negócios, o Estado e suas instituições. A ideia de fundo é a ampliação de um projeto aprofundado de precarização da educação, que mercantiliza o ensino e molda a ideia de que o ensino a distância seja a solução para uma nova realidade de ampla digitalização da Educação. Mas a realidade concreta dos adolescentes e jovens brasileiros é bem diferente do discurso demagógico dos empresários e governos, com seus projetos em curso a carestia de vida da população só aumenta, se manter estudando diante da realidade imposta aos jovens, com salários cada vez menores, jornadas de trabalho cada vez maiores e ausência de direitos faz com que o interesse ao desenvolvimento no campo da Educação seja só mais um dos sonhos inalcançáveis de grande parte desses jovens.

A dificuldade da permanência dos estudantes brasileiros fez com que saltasse aos olhos da sociedade o nível de desigualdade social vivenciado pelos setores mais pobres da população. As complicações são ainda maiores para aqueles que se desdobram em jornadas duplas e até triplas, como no caso de muitas estudantes mulheres, que ainda sofrem com o fardo da responsabilidade integral com a casa. No capitalismo, a Educação de qualidade segue sendo um privilégio para poucos, e o descaso generalizado do Estado é uma constante que devemos batalhar para impedir sua reprodução. Devemos batalhar em unidade, estudantes e trabalhadores, para colocar em prática, através da nossa auto organização para combater o Ensino à distância, a evasão escolar, o analfabetismo e todo um plano verdadeiramente transformador, onde a Educação seja um instrumento para fortalecer a ideia de ruptura com esse sistema cruel, desigual, que tem como objetivos principais a exploração e a opressão da nossa classe




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