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MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO DE TRABALHADORES | Jovens, mulheres e trabalhadores: conheçam o MRT

Breve retrospectiva das principais políticas do Movimento Revolucionário de Trabalhadores, que impulsiona o Esquerda Diário, e um convite a todos os jovens, trabalhadores e mulheres a conhecerem esta organização revolucionária.

Diana AssunçãoSão Paulo | @dianaassuncaoED

terça-feira 29 de dezembro de 2015 | 11:07

Começamos o ano de 2015 retomando nossa posição nas polarizadas eleições presidenciais: vença quem vencer, não há mal menor e o plano de ajustes será implementado. Mais rápido do que muitos pensavam Dilma Roussef do PT já em janeiro colocou na mesa uma agenda de ataques. Neste momento já se colocava como decisivo um posicionamento que deixasse claro que não estávamos nem com a direita nem com o governo, lutando por uma alternativa independente dos trabalhadores e da juventude. Ao mesmo tempo, já se mostrava uma importante resistência operária com as greves nas montadoras e também a histórica greve de professores, com destaque para o Paraná.

Foi em março deste mesmo ano que o MRT teve a audácia de trazer para o país a versão brasileira da rede de diários digitais que já existe em diversos países da América Latina como La Izquierda Diario Argentina, México e Chile, assim como na Europa, com o Revolution Permanente que já é o maior site da esquerda na França, no Estado Espanhol e Alemanha, além da versão em inglês do Left Voice. O Esquerda Diário no Brasil rapidamente se tornou o maior site da esquerda anti-governista no país, com 1 milhão e meio de acessos em 9 meses, chegando a mais de 1000 cidades. É um instrumento que buscar ampliar a voz dos setores de trabalhadores e da juventude que resistem aos ataques do governo e da direita, e busca difundir as ideias do marxismo revolucionário para serem tomadas como ferramenta pra todos os explorados e oprimidos.

Nos meses seguintes, continuamos discutindo quais hipóteses de recomposição do movimento operário no Brasil frente à crise com o petismo, num momento de fim de ciclo dos governos do PT. Estas reflexões levaram à proposta não somente de mudar o nome de nossa organização que orgulhosamente durante mais de uma década se construiu como Liga Estratégia Revolucionária – Quarta Internacional, mas também a proposta de entrar no PSOL para lutar com nossas ideias revolucionárias por uma alternativa classista e independente.

Esta proposta se deu um mês antes da nossa organização irmã na Argentina, o Partido dos Trabalhadores pelo Socialismo (PTS) consolidar sua posição de principal referência política na vanguarda de esquerda em seu país, com nosso jovem candidato Nicolás Del Caño vencendo as eleições primárias, acompanhado de centenas e centenas de candidatos operários, jovens e mulheres, que por sua vez expressavam o enraizamento profundo do PTS na classe trabalhadora argentina. Sob o lema de “renovar e fortalecer” a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores (FIT, pela sigla em espanhol), a vitória nas eleições primárias desta Frente na Argentina tornou Nico o candidato a presidente de toda a esquerda, enfrentando nos debates as grandes figuras da política burguesa argentina e conquistando a melhor eleição presidencial da esquerda desde o fim da ditadura em 1983.

No Brasil, diferentemente da política de independência de classe levada adiante pelo PTS na Argentina, o PSOL no segundo semestre frente à grande contenção que o próprio PT havia conseguido levar adiante para impedir rupturas de massas mais profundas entre trabalhadores, terminou sucumbindo às pressões do “mal menor” e se juntando com CUT, UNE, CTB e mesmo partidos como PT, Rede, PSB entre outros na chamada Frente Povo Sem Medo, que serve apenas pra impedir o surgimento de uma alternativa verdadeiramente independente. Neste momento, enquanto negaram a entrada do MRT, abriram os braços pra políticos advindos de partidos burgueses como Glauber Braga (PSB) e Brizola Neto (PDT). Começaram, também, a defender a política de Constituinte Exclusiva, a mesma que o PT defende, e sob a agitação de “Fora Cunha” deixaram de lado o combate à presidente Dilma. Foi por estas críticas que nossa entrada foi negada no último Congresso do PSOL, em decisão inédita para um partido que se diz amplo, socialista e com liberdade.

A política votada no Congresso do MRT ganhou amplo apoio e nossa organização ganhou uma projeção nacional que não havia conquistado até então. Essa simpatia foi fruto de que muitos trabalhadores e jovens, incluindo militantes da própria esquerda organizada (inclusive dentro do PSOL), enxergaram com entusiasmo a perspectiva do MRT de construir uma ala revolucionária em um partido com projeção nacional, dando maior amplitude para as idéias revolucionárias. Foi mais uma forte demonstração neste ano, para além do Esquerda Diário, de que nossa organização pensa de maneira audaz a construção de um partido revolucionário, e não se contenta em ser testemunha dos processos políticos ou de esperar um desenvolvimento evolutivo do MRT. Tivemos também diversos apoios de caráter democrático, que não acreditavam que o PSOL se dizia um partido “amplo” e não deixava entrar um grupo revolucionário. Toda essa projeção nacional e o diálogo com um amplo espectro de vanguarda, deu fruto a novos trabalhos do MRT no Rio Grande do Sul, na Paraíba e em novos estados, questão que ano que vem vamos aprofundar, trabalhando concentradamente para estender o MRT pelo país. Essas iniciativas além de ampliar o auditório para nossa política, contribuíram na tarefa ainda mais importante de ajudar a forjar uma vanguarda mais ampla e politicamente mais consciente em todo o país, questão que adquire uma urgência cada vez mais nessa etapa política aberta após as grandes manifestações de junho de 2013. No entanto, a negativa do PSOL esteve diretamente relacionada com a orientação da maioria do partido, de preferir se adaptar ao PT do que se apresentar como alternativa independente.

O ano de 2015 foi portanto um marco para o MRT no sentido de projeção política nacional, abrindo diálogo com novos e amplos setores, mas isso não teria ocorrido sem termos seguido nossas batalhas na luta de classes, em especial no movimento operário. Neste ano, entre alguns dos nossos trabalhos mais importantes, atuamos na greve de professores de São Paulo onde impulsionamos uma enorme campanha que chegou a mais de 300 mil apoiadores defendendo que todo político ganhasse o salário de uma professora. Atuamos também na greve dos Correios, dosbancários, petroleiros, em trabalhadores da USP barrando o corte de salário fruto da repressão aos que lutam do bandejão e na resistência da prefeitura do campus da USP. No movimento operário industrial, seguimos nossa luta incansável pela readmissão da companheira Andréia da JBS, também demitida por lutar, numa resistência que pouco se vê contra as demissões na indústria no país, além do trabalho paciente e cinzento que seguimos desenvolvendo em diversas outras fábricas e categorias.

Em meio a estas batalhas no movimento operário para fortalecer uma alternativa revolucionária no país, reunimos 400 mulheres e LGBT no Encontro Nacional do Pão e Rosas.

Nossa busca foi a todo tempo, em meio à crise política e econômica pela qual passa o país, não somente levantar uma forte política de independência de classe frente ao impeachment e às manobras do governismo, como também a defesa de construir um movimento nacional contra os ajustes, e para isso também começamos a editar a versão impressa do Esquerda Diário. Diante do impeachment defendido pela direita e do “Fica Dilma” dos governistas, nós defendemos a necessidade de impor pela força da mobilização uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana que enfrente e derrube este regime podre de 1988 no nosso país e coloque para os trabalhadores e a juventude debaterem os grandes problemas brasileiros em uma perspectiva anti-capitalista e revolucionária. Ao mesmo tempo, exigindo que as centrais sindicais rompam com o governo, consideramos que até o momento a CSP-Conlutas não se colocou a coordenar e cercar de solidariedade todas as lutas de resistência no movimento operário e na juventude. É urgente um movimento nacional contra os ajustes, que já em 2016 tendem a se aprofundar diante da crise econômica que vivemos.

Mas foi nas escolas secundaristas de São Paulo que o espírito de junho de 2013 voltou com muita força, antecipando novos embates da juventude e certamente também do movimento operário, que apesar de estar protagonizando a maior onda de greves dos últimos 30 anos não conseguiu se colocar fortemente como um ator independente do PT e do PSDB no cenário nacional. Desta juventude, que combateu e derrotou Geraldo Alckmin há muita energia e esperança pela mudança revolucionária que tanto almejamos. Como Juventude Às Ruas, e a partir das entidades estudantis em que somos direção, estivemos lado a lado nos principais momentos de combate, como na sexta-feira em que num ato convocado a partir das entidades estudantis da USP os secundaristas enfrentaram a polícia da USP até o centro de São Paulo, e em seguida com a força das ocupações e destes enfrentamentos fizeram Alckmin recuar. Nesta retrospectiva da Juventude às Ruas é possível dar conta da nossa atuação na juventude, onde além da solidariedade ativa à luta dos secundaristas, da juventude universitária contra os cortes e a cada luta do movimento operário, conquistamos junto a independentes combativos novos pontos de apoio para a luta, como o Centro Acadêmico de Letras da USP (um dos maiores do país), o Centro Acadêmico de Educação da USP, que se somam ao Centro Acadêmico de Serviço Social da UERJ, e a nossa ala do Centro Acadêmico de Ciências Humanas da Unicamp e Centro Acadêmico de Filosofia da UFMG.

Em meio a este processo de luta,reunimos mais de 350 com Nicolás Del Caño, tirando lições do processo argentino, onde a esquerda trotskista, e em especial do PTS, ganhou importante peso no movimento operário e eleitoral, para pensar como enfrentar a crise no Brasil.

Em 2016 queremos aprofundar nossa atuação nos processos de luta de classes, buscando construir uma forte juventude anticapitalista e revolucionária que seja herdeira da tradição que sacudiu o país durante as jornadas de junho de 2013, mas também do melhor da tradição da juventude internacional como foi em maio de 1968, e que seja portanto uma ponte para o movimento operário que ainda precisa entrar em cena de forma mais organizada. Para tal, é fundamental que nenhuma luta operária fique isolada e por isso lutamos como parte da CSP-Conlutas para colocar de pé um forte movimento nacional contra os ajustes que também levante uma política independente frente ao cenário de crise política atual, uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana, imposta pela força da mobilização.

Com uma perspectiva revolucionária, queremos aprofundar nossa luta contra todas as formas de opressão, e por isso lançamos este ano uma compilação inédita de textos sobre a questão negra e o trotskismo com o título “A revolução e o negro” e no próximo ano lançaremos, em parceria com a Boitempo Editorial o histórico livro “Reivindicação dos direitos da mulher” de Mary Wollstonecraft, que será impulsionado a partir da agrupação Pão e Rosas, que esteve com muita força no que foi chamado de “primavera feminista” defendendo uma política revolucionária e socialista pra luta das mulheres.

Vamos buscar novos meios pra expandir o diário digital Esquerda Diário, atendendo às centenas de mensagens que temos recebido do país inteiro de jovens e trabalhadores querendo ser parte desta rede. E, ao mesmo tempo, vamos expandir a construção do MRT a vários novos estados e cidades em todo o Brasil, avançando para nos consolidar como uma importante organização revolucionária no Brasil, que seja alternativa aos que não veem no PSTU e no PSOL uma possibilidade real de responder na luta de classes os próximos embates que virão.

Como parte da experiência que viemos construindo na Argentina, onde a esquerda trotskista vem avançando, queremos também resgatar os fios de continuidade dos principais processos revolucionários em nosso país e na América Latina para a partir da teoria marxista fundamentar ainda mais a necessidade de construir um partido revolucionário em nosso país e internacionalmente.

Convidamos todos os jovens, mulheres e trabalhadores a conhecer nossas ideias, as agrupações que impulsionamos, debater com nossos militantes e ser parte da rede Esquerda Diário.




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