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CHACINA JACAREZINHO | "Ir às ruas hoje unindo nossa classe e mov. negro para impor justiça por Jacarezinho", diz Pablito

“Hoje, neste 13 de maio, estão sendo convocadas manifestações por todo o país por justiça para as vítimas da brutal chacina do Jacarezinho, no Rio de Janeiro. A mais importante tarefa de cada um que se indigna com essa barbárie é promover a unidade da luta das negras e negros e seus movimentos organizados com o conjunto da nossa classe. Vamos juntos às ruas hoje e seguir nos organizando, porque só a luta pode impor justiça!”

quinta-feira 13 de maio de 2021 | Edição do dia

Conversamos com Marcelo Pablito, que é fundador do Quilombo Vermelho - Luta Negra Anticapitalista e dirigente do MRT sobre a importância dos atos de hoje e como fortalecer a luta por justiça para as vítimas do Jacarezinho, brutalmente assassinadas pela polícia na operação mais sanguinária da história do Rio.

Para cada jovem negro assassinado pela polícia, um dia de greve da nossa classe nos locais de trabalho! Essa ideia, que minha companheira de luta Letícia Parks colocou no ato que aconteceu em São Paulo em repúdio à chacina, é muito forte e sintetiza o que penso como melhor estratégia para impormos justiça.

A direita, seja na figura de Bolsonaro, Mourão e Castro que destilam explicitamente seu ódio aos negros e pobres, vomitando atrocidades como vimos nas declarações recentes, ou nas figuras de outras instituições do regime ou mesmo da mídia, apostam na separação entre os trabalhadores e a juventude negra sistematicamente assassinada pelas mãos da polícia. Eles repetem como um mantra “eram todos bandidos”, querem nos colocar uns contra os outros, querem justificar um massacre, um banho de sangue (negro) a qualquer custo. E aqui não se trata apenas de defender direitos humanos elementares, como o de que crimes sejam julgados perante à lei e não com assassinatos sumários, mas de encarar de frente o racismo que estrutura toda a ação do Estado contra nós, trabalhadores, que somos maioria de mulheres, negros e pobres.

Enquanto tentam nos convencer dessa separação, entre favela e asfalto, entre brancos e negros, entre trabalhadores formais e informais, ambulantes, terceirizados, estão atacando nossos direitos, nos submetendo a situações mais absurdas de trabalho, salários piores e chantagens. “Se você não se submete, se não aceita que tirem seu direito conquistado, tem quem queira”, eles dizem. E como última cartada jogam com o terror. Então você trabalhador que mora na favela e não quer trabalhar sob qualquer condição de semi escravidão, que fique à merce da violência do Estado no seu barraco, que corra o risco de perder seu filho pro tráfico e depois pra polícia que sobe o morro pra matar o jovem que não teve perspectiva, no meio da pandemia do desemprego e da fome.

Não podemos nos dividir! Somos trabalhadores e somos negros, mulheres, favelados, LGBTs, somos isso tudo e somos fortes se nos organizarmos.

A polícia é o Estado e nos matam porque também nos temem. Hoje precisamos ir às ruas com esse grito de unidade, exigindo das direções sindicais e estudantis como a CUT, CTB e UNE que saiam dessa quarentena para convocar e organizar nossa luta, são ferramentas que precisam servir pra isso, não de palanque eleitoral para Lula em 2022, como se o Estado fosse parar de nos matar simples assim.

Para lutar por justiça contra essas execuções sumárias, em primeiro lugar, é preciso batalhar por uma comissão independente, composta por ativistas dos direitos humanos, movimentos sociais das comunidades e sindicatos que apure a investigação do Estado. Lutamos pelo fim das operações nas favelas, pela indenização aos familiares dos assassinados, e contra todos os privilégios dos juízes e que todo juiz ganhe igual a um professor e sejam eleitos pelo povo. Pelo fim de todas as tropas especiais como o BOPE, a Tática e a Força Nacional, que são criadas para massacrar o povo pobre e as lutas. Pelo fim imediato das UPPs. O estado e o governo são responsáveis! Fim dos autos de resistência e punição aos policiais e mandantes! O “trabalho” da polícia é nos matar, por isso, inspirados na força que impôs justiça por Jorge Floyd nos EUA, também gritamos pela abolição da polícia.

Confiando em nossas forças, nos organizando em exigência às direções dos movimentos e entidades sindicais pela unidade, podemos arrancar justiça, porque só a luta de classes será implacável contra o Estado que tem sido implacável contra nós.




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