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ESQUERDA ARGENTINA | Iniciativas do PTS/FIT frente ao novo Governo de ajustes

segunda-feira 30 de novembro de 2015 | 22:49

Neste fim de semana ocorreu, no Hotel BAuen, gerido pelos trabalhadores, a Direção Nacional do PTS a fim de traçar os primeiros passos de um plano de ação frente à nova etapa política que se abre com o Governo de Mauricio Macri. Junto aos membros votados no último Congresso partidário, participaram os legisladores provinciais e nacionais (eleitos ou em funções) de Mondeza, Neuquén, Córdoba, Província de Buenos Aires e Cidade de Buenos Aires (ver foto), assim como convidados do México e do Chile. Ao mesmo tempo, Nicolás del Caño participou de um encontro com centenas de trabalhadores e jovens realizado nas instalações do Sindicato de Metroviários (Subte) de São Paulo, onde compartilhou a experiência do PTS na Frente de Esquerda, sob o lema da luta contra os ajustes e pela independência política dos trabalhadores no Brasil e na Argentina.

Consultada sobre as conclusões da reunião, a deputada nacional Myriam Bregman expressou: “debatemos em profundidade aspectos da situação internacional e nacional. Quanto à última, o ‘gabinete de gerentes’ de Macri e seus anúncios de um plano de ajustes duro, com desvalorização, queda salarial e medidas recessivas que levarão a demissões, como já estamos vendo em várias empresas, confirmam o grande acerto que foi fazer uma denúncia dura na campanha eleitoral do ataque que iriam implementar os defensores dos interesses dos grandes empresários, banqueiros e proprietários de terra. A atitude cúmplice de Scioli e o governo nacional, que não apenas agraciou o gabinete com a presença de Lino Barañao mas que também está deixando correr os aumentos de preços que se estão produzindo durante novembro, confirmam que o alerta que colocamos aos trabalhadores e ao povo não apenas valiar para a vitória de Macri mas também para Scioli, e por isso defendemos uma atitude independente dos dois no segundo turno. Os companheiros e companheiras de todo o país relataram o reconhecimento que ganhamos em amplas camadas da população, em especial entre os trabalhadores, por ter defendido o único programa para que a crise não seja paga pelos trabalhadores, começando por defender o salário que cubra o custo de vida familiar e recupere o poder de compra frente à inflação, lutar contra as demissões, pela efetivação de todos os terceirizados e precarizados, e frente à desvalorização e o ajuste fiscal, lutar por impostos progressivos às grandes fortunas e a nacionalização do sistema bancário e do comércio exterior para que a economia nacional esteja em função das necessidades das massas trabalhadoras – incluindo créditos baratos aos pequenos produtores – e não de garantir os mega lucros dos grandes empresários. O reconhecimento massivo e estendido em todo o país de Nicolás del Caño e todas as referências do PTS e da Frente de Esquerda é o que explica que novos companheiros e companheiras estejam se integrando como novos militantes, e com eles vamos abrir 150 novas sedes para além das que já temos, por todo o país. Isso sem negar que muito dos mais de um milhão de votantes da FIT em outubro optaram pelo que consideraram ser um “mal menor” no segundo turno.

Definimos um plano de ação não apenas frente às lutas que virão contra o ajuste, mas também um audaz desenvolvimento das organizações das quais os trabalhadores, as mulheres e os jovens necessitam, para impor que a crise seja paga pelos capitalistas. Estaremos lado a lado com todos os que lutam contra as diversas expressões que pode ter o ajuste, mas vamos insistir permanentemente em que os trabalhadores devem conquistar sua independência política para lutar seriamente para que não paguem os custos da crise, e para isso deve-se superar a confiança que impôs o kirchnerismo de que tudo viria de uma suposta boa gestão ‘progressista’ do Estado, sem atacar os interesses dos grandes capitalistas, que acabou na candidatura de Scioli e na atual crise da qual se aproveitou o PRO”.

Claudio Dellecarbonara, membro de minoría da Comissão Diretiva do sindicato do Metro (AGTSyP, da sigla em español), colocou que “enquanto estamos apoiando ativamente os companheiros em luta de Creta Roja, Metalsa, Coca Cola, Hutchinson e todos os que defendem seus postos de trabalho, propomos impulsionar a convocatória de um grande Encontro Nacional do Movimento Operário Combativo e da Esquerda, que se reúna nos primeiros meses do próximo ano, para agrupar aos milhares dirigentes e ativistas independentes de todas as alas da burocracia sindical, para lutar por um programa como o que sinalizou Myriam em todos os sindicatos. No imediato, exigimos plenárias de delegados e assembleias para votar um plano de luta pelo aumento emergencial frente ao crescimento dos preços, e ainda mais se em dezembro impõem uma desvalorização que significará maior carestia, e contra todas as demissões. Vamos propor aos companheiros do PO e da Esquerda Socialista, com quem integramos a Frente de Esquerda, que impulsionemos este encontro em comum com todos os sindicatos e corpos de delegados independentes, como os companheiros da Linha 60 que vem de uma grande luta. Essa é uma via clara de fortalecer a FIT, unindo-a com os setores combativos do movimento operário. Por sua vez, estamos lutando contra a expulsão totalmente discriminatória de nosso companheiro Alejandro Vilca, delegado de coleta do municípios de Jujuy e recentemente candidato a deputado provincial que obteve uma das maiores votações da FIT em todo o país, por parte de Perro Santillán e a direção da SEOM, que nos querem expulsar do sindicato pelas diferenças políticas que temos. Constitui um fato nefasto para o movimento operário combativo, copiando os métodos da burocracia sindical.”

Em seu momento, Raúl Godoy, deputado eleito em Neuquén, sinalizou: “o plano que traçamos contempla um desenvolvimento audaz do PTS em todo o país, com a abertura dessas 150 novas sedes além das que já temos e a extensão a quase todas as províncias do país onde ainda não estamos, como Santa Cruz, Chaco, Corrientes, Río Negro, San Juan, Catamarca e Terra do Fogo. Nos demos o objetivo de nos estruturar em novas empresas e sindicatos, e territorializar o PTS em novas cidades e municípios. Quantos a nossos meios de difusão, queremos potencializar o Esquerda Diário, não apenas em sua versão digital que chegou em novembro a 1 milhão e meio de visitas, mas também em sua edição impressa, que a partir de fevereiro lançaremos em periodicidade semanal, com o objetivo que recebam por assinaturas dezenas de milhares de trabalhadores, trabalhadoras, jovens e outros simpatizantes da Frente de Esquerda, para chegar logo às bancas de jornais de todo o país, junto à revista Ideias de Esquerda, que reúne intelectuais de esquerda com ou sem militância partidária, que defendem o marxismo”.

Christian Castillo, deputado provincial (MC) pela província de Buenos Aires, agregou: “contra os que muitas vezes caricaturaram nossa perspectiva como se fosse distante da tradição de nosso país, mostram grande atualidade as lições da grande experiência que os trabalhadores e a juventude durante os anos 70. Em 1975, o governo de Isabel Perón e López Rega quis impor um pacote de desvalorização brutal, tarifaço e queda de salários, com a cumplicidade da burocracia sindical peronista, que foi duramente rechaçado pelas bases operárias, que organizaram as coordenações interfabris e impuseram à CGT uma greve geral que derrotou esse plano e depôs Lópex Rega. Essa grande reação operária foi apenas um exemplo do grande poder de luta da classe trabalhadora, que naquela oportunidade pode desaflorar porque um importante setor dos trabalhadores e da juventude estavam disposto a “tomar o céu por assalto”, indo mais longe que as estratégia das organizações guerrilheiras que foram tragicamente equivocadas. A classe operária demonstrou que pode se auto organizar, superar as direções burocráticas e derrotar os ataques patronais. Essa experiência foi abortada pelo golpe militar. Assim, resgatamos os 70 e não ‘La Cámpora’ [agrupação política fundada em 2006, defensora do kirchnerismo, n.t.], ou seja, o peronismo institucional. Essas conclusões queremos compartilhadas com todos os trabalhadores e jovens que vieram se aproximando da esquerda.”

Por último, Patricio del Corro, legislador por CABA que assumirá na próxima semana, agregou: “com a estrutura partidária multiplicada com este plano, vamos redobrar a luta pela recuperação dos sindicatos, comissões internas e delegados, por um poderoso movimento de luta pelos direitos das mulheres, como foi o ‘Ni uma menos’ [‘Nem uma a menos’, n.t.] ou redobrar a campanha pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito. No movimento estudantil, vemos que estará na ordem do dia frente a um governo direitoso, construir no próximo ano centro de estudantes verdadeiramente militantes e combativos, que defendam a educação pública e que se unam aos trabalhadores e mulheres em luta, assim como a juventude precarizada. É para isso que a juventude do PTS se prepara”.




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