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Venezuela | Ingerência imperialista: EUA estuda incluir a Venezuela na "lista de patrocinadores do terrorismo"

Sob a capa do "terrorismo internacional", os Estados Unidos estariam se preparando para avançar em sua escalada intervencionista na Venezuela.

quarta-feira 21 de novembro de 2018 | Edição do dia

Segundo o The Washington Post publicado na terça-feira, o governo de Donald Trump estaria estudando incluir Venezuela na lista de países "patrocinadores do terrorismo internacional" com base no que diz chamar ligações com organizações como o Hezbollah ou as desaparecidas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

O jornal da capital dos EUA indica que "o governo Trump está se preparando para adicionar a Venezuela à lista dos Estados Unidos de patrocinadores do terrorismo no que seria uma dramática escalada contra o governo socialista de Nicolás Maduro, segundo autoridades dos EUA."

Se esta notícia for verdadeira, isso implicaria mais um salto na interferência imperialista na Venezuela, que, sob essa medida, busca enfraquecer ainda mais o governo Maduro em uma linha de imposição de um governo submisso aos interesses americanos. É uma notícia que foi celebrada pelos partidos da oposição local de direita que se prepara, ante uma eventual queda do governo de Maduro, para assumir as rédeas do país em uma linha servil ao imperialismo.

Esta lista, integrada agora pelo Irã, Coréia do Norte, Síria e Sudão, traria sanções por parte dos Estados Unidos, sem ter que passar pelo Congresso.

De acordo com o The Washington Post, que cita funcionários sob anonimato e e-mails internos do governo, o Departamento de Estado, responsável pela lista, já pediu a outras agências governamentais sua opinião sobre a inclusão da Venezuela, como o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS), os Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC), que faz parte do HHS, e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

As fontes citadas por este jornal não revelaram se Trump já tomou a decisão, o que, entre outras coisas, poderia implicar um embargo ao petróleo venezuelano. É que, em termos de sanções, estar nessa lista poderia envolver restrições às exportações, comércio, ajuda, crédito e outros. Bancos de países terceiros estão relutantes em realizar as transações daqueles incluídos na lista por medo de sanções de Washington.

Alguns republicanos, como o senador de extrema-direita Marco Rubio, defenderam a inclusão da Venezuela entre os países "patrocinadores do terrorismo internacional", assim como o atual Conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton. Marco Rubio enviou uma carta ao secretário de Estado, Mike Pompeo, em setembro, incitando-o a incluir a Venezuela na lista acima mencionada.

No entanto, as consequências que essa decisão teria para o setor de petróleo fizeram com que outros republicanos em estados com refinarias como Texas e Louisiana rejeitassem a medida, onde importantes refinarias da empresa venezuelana Citgo estão localizadas.

As suposições nas quais a direita americana se baseia foram questionadas por alguns especialistas na área do chamado "terrorismo internacional". É o que afirma David Smilde, do Escritório de Estudos Latino-Americanos de Washington (WOLA), para o mesmo Post, que afirma que "suspeito que isso (inclusão na lista) se baseie em rumores e fontes de integridade questionável". Mas o que o governo da Casa Branca está menos interessado são os questionamentos da forma e sim como avançar no intervencionismo.

Desde sua chegada à Casa Branca há quase dois anos, Trump endureceu a estratégia dos EUA contra a Venezuela, incluindo certos tipos de sanções, como não permitir que o governo de Maduro renegocie ou reestruture a dívida externa, além de tentar bloquear o lançamento da ainda duvidosa criptomoeda venezuelana, o Petro. Ao mesmo tempo, ele impôs sanções ao próprio Maduro, sua esposa, Cilia Flores, e o vice-presidente, Delcy Rodríguez, entre muitos outros altos funcionários do governo nacional, incluindo os militares.

Trump também deixou aberta a porta para uma intervenção militar na Venezuela, e de acordo com o Washington Post, autoridades de seu governo se encontraram várias vezes com militares venezuelanos interessados em promover um golpe contra Maduro. Lembre-se que no final de setembro, enquanto a Assembleia Geral da ONU estava sendo realizada, Trump havia retornado à acusação em sua linha intervencionista na Venezuela. Em seu discurso na ONU, ele pediu ajuda internacional para "restaurar a democracia na Venezuela", no mesmo dia em que assegurou que um golpe militar contra Maduro poderia triunfar "rapidamente".

O cinismo imperialista dos EUA é sem precedentes, sendo que é o país que tem financiado o chamado "terrorismo internacional" com suas invasões militares e até mesmo fazendo uso de mercenários para incursões militares. Um país que não tem a menor moral pois é o maior violador de direitos humanos no mundo inclusive dentro de seu próprio território, cometem genocídios apoiando ditaduras bárbaras no passado ou suas atuais intervenções militares no Iraque, no Afeganistão, para apenas mencionar alguns fatos.

Como vemos, há uma escalada do intervencionismo imperialista que usa como cães de colo a direita local, bem como a direita continental. Devemos condenar e rejeitar categoricamente todas as formas de sanções e ameaças imperialistas contra a Venezuela ou qualquer ameaça de intervenção, seja com pretexto "humanitária", "corrupção", "drogas", "terrorismo" porque não é isso o que interessa ao imperialismo (máximo responsável e beneficiário destes flagelos à custa do povo), mas "recuperar Venezuela" de acordo com seus interesses com um governo submisso, e para isso serve-se da direita americana e venezuelana.

Levantamos que esse repúdio de interferência e a agressão imperialista dos Estados Unidos não envolve endossar de forma alguma o governo de Maduro, longe de tomar medidas para atacar os interesses do imperialismo e seus parceiros venezuelanos, enfrentar a crise económica que atravessa o país, tem tomado medidas que atacam os trabalhadores e a população pobre através de ajustes e mais ainda, vêm aplicando um conjunto de ações econômicas e políticas de maior abertura às transnacionais na área de petróleo e mineração.




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