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Debate sobre o veto ao Esquerda Diário na APEOESP de Santo André | Imparcial à Esquerda

Se existe a imparcialidade jornalística, ela é um frágil muro de barro que, na mais fraca garoa ou a leve brisa, desmorona barranco abaixo

sábado 11 de julho de 2015 | 00:00

[Legenda da Foto: quadro que ilustra o pensador russo marxista Mikahil Bahktin]

Se existe imparcialidade na imprensa, seja no Brasil ou em qualquer outro lugar do Planeta Terra, tal imparcialidade está sobre um frágil muro de barro que, com a mais fraca garoa ou a mais leve brisa, desmorona barranco abaixo e então será preciso cair para algum lado.

Nesta quarta-feira, 8 de julho, o Esquerda Diário publicou que na última reunião de Representante de Escola da Apeoesp de Santo André, um pequeno grupo chamado Espaço Socialista se posicionou contra o portal já que, segundo eles, o mesmo tem uma posição política declarada, além de justificar que a grande mídia; controlada por um pequeno grupo de famílias de currículo questionável e bolso cheio; é imparcial.
Há uma má notícia. Não existe imparcialidade em qualquer produção jornalística. Colocar o jornalismo apenas como um mediador e transformador social é esquecer que a mídia se utiliza da linguagem; seja por meio da escrita, da fala ou da imagem; para mediar e transformar.

Na obra “Marxismo e a Filosofia da Linguagem”, do russo Mikahil Bahktin, a comunicação é discutida com precisão cirúrgica. O filósofo dará luz ao campo da linguagem afirmando, por meio de uma leitura marxista, que “as condições da comunicação verbal, suas formas e seus métodos de diferenciação são determinados pelas condições sociais e econômicas da época. As condições mutáveis da comunicação sócio-verbal precisamente são determinantes para as mudanças de formas que observamos no que concerne à transmissão do discurso”.
Em outras palavras, não há como, quem escreve e quem publica, se dissociar de todo seu histórico socioeconômico, do seu ambiente e de sua ideologia no ato da comunicação.

Questionar: quem escreve o quê para quem? é um exercício bastante apropriado, para nosso atual ambiente político, na análise das produções ditas jornalísticas. É com essa “imparcialidade” que mídia chamará grupos de “manifestantes” ou de “vândalos”; atos de “ocupação” ou “invasão”, indivíduos de “corruptos” ou “políticos”.
Do mesmo modo que é inocência supor a existência de imparcialidade na imprensa, é de demasiada pretensão acreditar que o jornalismo é um engenheiro construtor de realidade. O máximo que o jornalismo consegue fazer é sustentar uma realidade já estabelecida pelas ideologias correntes na sua época e contexto social e econômico. Como? Selecionando, por muitas vezes de forma arbitrária e irresponsável, quem fala. É nesse campo que o jornalismo pode ser delicado e belo como um lírio do campo ou uma arma que silencia.

Quando um veículo, como o Esquerda Diário, se posiciona no obscuro cosmo jornalístico ele está mais do que dizendo se está do lado dos jacobinos ou dos girondinos.

O Esquerda presta um dos serviços mais básicos do jornalismo: dar luz ao seus leitores sobre seus princípios ideológicos, e não se escondendo em um falso ideal positivista da imparcialidade e da objetividade na produção noticiosa.
Qualquer individuo brasileiro, minimamente informado, percebe que o Brasil caminha por tortuosas cavernas que pode nos levar de volta a tempos nada desejáveis. Onde não era possível encontrar um lampião sequer para iluminar por onde se pisava. Posicionar-se politicamente, quanto portal que se propõe jornalístico, não é silenciar o outro lado, é praticar uma democracia transparente e saudável.

As frágeis ideias de imparcialidade não devem ser pressupostos de credibilidade de informação. Fica, então, a reflexão do professor do departamento de jornalismo e comunicação de massa da Universidade de Hanyang, da Coréia do Sul: “as pessoas apenas enxergam o mundo dentro de uma moldura de uma janela. Se a janela é pequena, as pessoas enxergarão apenas uma parte pequena do mundo. Se a janela estiver do lado oeste, as pessoas enxergarão o oeste. Em outras palavras, a mídia mostra apenas uma parte pequena do mundo através de um particular ponto de vista”. Se for para ser imparcial, que seja imparcial à Esquerda; é pelo menos, o que a breve história democrática do Brasil no revela até o momento.




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