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SAÚDE PÚBLICA DE MG | Hospital João XXIII em BH: o retrato do descaso à vida por parte de Zema e da gestão da FHEMIG

As trabalhadoras e trabalhadores da saúde em Belo Horizonte convivem com a insegurança e medo do risco de contágio da Covid-19 desde o início da pandemia. Enquanto trabalham bravamente para salvar vidas, arriscam (e alguns perdem) as suas, de seus filhos, companheiros e pais idosos. Por negligência dos governos, essa realidade persiste durante meses.

terça-feira 7 de julho de 2020 | Edição do dia

No Hospital João XXIII, outrora tão lembrado para as propagandas da cidade como um dos melhores hospitais da América Latina, agora é deixado no esquecimento quando o assunto é garantir a vida e integridade física de seus servidores. Esses mesmos trabalhadores que fizeram o hospital ser reconhecido em todo país e fora dele pela competência e dedicação cotidiana nas suas funções, agora convivem sem testes, sem EPI´s adequados, sem roupa privativa, sem terem suas reivindicações atendidas.

Dezenas de denúncias chegam ao Esquerda Diário relatando o descaso de Zema e da gestão da Fhemig com a vida dos servidores e da população lá atendida.

Segundo relatos, há vários trabalhadores afastados com suspeitas de Covid e casos confirmados, entre eles, alguns bem graves com internações no CTI com risco de morte. Ou seja, além de toda a jornada extenuante de trabalho, toda insegurança, há a angústia com a vida de cada colega de profissão, com quem muitas vezes, trabalham durante anos e convivem mais do que com a própria família.

Além disso, as denúncias carregadas de emoção e indignação contam os casos de trabalhadores que após serem contaminados, acabaram transmitindo a entes queridos e perdendo seus familiares, como mãe e marido. Tudo isso, porque o governo Zema e a gestão da Fhemig se negam a testar os trabalhadores do hospital e a direção do João XXIII ainda obriga os servidores com suspeita ou confirmados com Covid a trabalharem se estiverem assintomáticos. É a exploração do trabalho acima da vida.

A própria gestão da Fhemig reconhece que no João XXIII chegam pacientes que podem estar contaminados pela Covid-19 para atendimento no pronto socorro, ambulatório, ou tratamento de doenças crônicas e mesmo assim, seguem sem garantir os testes aos seus funcionários.

A denúncia dos servidores que estampou todos os jornais em Minas Gerais, do surto de coronavírus no sexto andar do hospital, e casos confirmados em outros andares, revela que a luta desses trabalhadores também é em prol da vida dos usuários que lá são atendidos, pois sem testes para todos no hospital, sem EPI´S adequados e em número suficiente, sem o isolamento dos casos confirmados e transferência para os hospitais referência, sem a liberação dos grupos de risco e de todos os trabalhadores com suspeita, a vida da população que utiliza os serviços do hospital também é colocada em risco.

As trabalhadoras e trabalhadores que já estavam trabalhando com direito apenas a uma máscara N95 por dia, que inclusive estava sendo reutilizada e armazenada de forma equivocada, denunciam a falta de roupa privativa para todos os servidores do hospital, alertando o risco de contágio que isso causa, já que os trabalhadores vão com uma roupa particular e têm que leva-la para lavar em casa, podendo transportar o vírus para diferentes ambientes, arriscando ainda mais a vida de quem convive com os técnicos de enfermagem e técnicos de radiologia, que aparentemente são esquecidos pela gestão da FHEMIG e pelo governador do Partido Novo, Romeu Zema. Essa situação ainda piora a dupla jornada, sobrecarregando principalmente as mulheres, que exaustas da jornada de trabalho, enfrentam a jornada em casa para garantir a limpeza das roupas diariamente, além de todos os outros cuidados com a casa e família que já lhes são impostos.

É preciso refirmar que os servidores da saúde pública têm enfrentado além de todos esses riscos, a precarização do trabalho há anos, baixos salários, más condições para realizar seu atendimento, além dos constantes atrasos de salários e 13º. A pandemia piora a situação dos trabalhadores, agravando a superexploração e colocando as suas vidas em risco.

Em um país com o presidente negacionista, no Estado governado pelo seu capacho Zema, gestor da maior subnotificação do Brasil, a luta dos trabalhadores da saúde pelas suas vidas e de toda a população é uma luta de todos pela garantia de testagem massiva, com centros de testes por bairros, para multiplicar urgentemente os leitos de UTI com respiradores, contratação de trabalhadores da saúde terceirizados e desempregados como efetivos, centralização de todo o sistema de saúde, público e privado, com um SUS 100% estatal sob controle dos trabalhadores da saúde e cientistas, readequação da produção e expropriação de toda empresa que possa produzir respiradores e equipamentos necessários para o combate da pandemia sob controle dos trabalhadores, proibição de demissões enquanto dure a epidemia e cobertura de 100% dos salários e direitos de todos os trabalhadores afastados.

Os trabalhadores para essas batalhas e outras, como a luta contra a reforma da previdência no Estado, precisam poder contar com seus sindicatos e também para fazer os capitalistas e empresários pagarem pela crise com a anulação da EC 95, conhecida como PEC do teto dos gastos, com a taxação das grandes fortunas, o fim da isenção fiscal às grandes empresas e o fim do pagamento dos títulos da dívida pública.

O Esquerda Diário continua à disposição das trabalhadoras e dos trabalhadores do João XXIII e de todos os hospitais de Minas Gerais para dar voz às lutas, denúncias e injustiças enfrentadas no caminho do combate à pandemia.




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