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EUA E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL | Hiroshima e Nagasaki: as bombas nucleares que iniciaram a hegemonia dos EUA no mundo

Um grande "atentado terrorista" perpetrado em nome da democracia. A Segunda Guerra mundial havia terminado, mas os Estados Unidos precisavam demostrar ao mundo sua força hegemônica.

quinta-feira 8 de agosto de 2019 | Edição do dia

No dia 16 de julho de 1945, os EUA realizaram o primeiro teste de uma arma nuclear no deserto de Alamogordo (Novo México, EUA). Nos dias 6 e 9 de agosto do mesmo ano foram lançadas as primeiras bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima (no oeste do Japão) e Nagasaki (costa sudoeste da ilha de Kyushu no Japão).

As bombas foram para derrotar as massas, mas não os imperialistas japoneses: a exigência de rendição incondicional do Japão aos “aliados” durante a Conferência de Postdam em julho de 1945, foi apenas para os militares. Os aliados debateram sobre preservar o imperador do Japão, Hirohito, que depois de comandar a guerra havia decidido, em junho daquele ano, mudar o governo para favorecer a negociação com os aliados. Ao mesmo tempo, as massas japonesas eram bombardeadas quando já não havia objetivos militares. Em março de 1945, o primeiro bombardeio a Tóquio destruiu 50% da cidade. Durante maio, junho e julho outras cidades japonesas foram destruídas sob bombas de napalm dos Aliados. Alguns calculam que os mortos já chegavam a um milhão, antes mesmo de Hiroshima e Nagasaki (onde morreram quase 200.000 pessoas e os efeitos radiológicos continuaram durante dezenas de anos).

O que temiam os Aliados era um possível levantamento das massas japonesas frente ao colapso de um regime já derrotado. Tal como fizeram na França, Itália e Grécia, compactuaram com os regimes mais reacionários (muitos deles colaboracionistas do nazismo) em troca de “preservar” os regimes e o Estado capitalista frente as massas, que se haviam se tornado ou poderiam se tornar revolucionárias. A política dos EUA para o Japão foi bombardear, invadir, manter o imperador Hirohito e impor um governo de ocupação (que chamaria eleições). Sob o general Douglas MacArthur, a ocupação durou sete anos. Entre outras medidas “democráticas”, foi proibida toda a referência sobre as consequências das bombas nos jornais. Embora tenha havido uma certa recuperação das massas japonesas no pós-guerra, até hoje sofrem as sequelas das bombas. Os “hibakushas” (milhares de sobreviventes das bombas) foram deixados a sua sorte durante anos. O Japão continuou sendo uma potência imperialista, mas subordinada as ordens dos Estados Unidos.

Um dos objetivos mais importantes das bombas nucleares era colocar limites ao expansionismo da União Soviética: os acordos de Yalta e Potsdam redefiniram o mapa do mundo segundo os interesses das potências ganhadoras. Ali se sentaram EUA, Reino Unido e a URSS. A presença da URSS não era agradável aos EUA. Mesmo assim, era necessário aceitar a relação de forças que havia sido imposta quando a União Soviética triunfou sobre os nazistas. Depois destes acordos haviam alguns “detalhes” a serem definidos, especialmente na Ásia, onde Stalin tinha interesse em avançar. "O afundamento da potência japonesa deixou os EUA como o senhor indiscutível no Pacífico. Ao ocupar sozinho o Japão, tendia a transformá-lo em seu principal bastião no Extremo Oriente. Reestabeleceu certos setores da indústria nipônica; em particular a indústria têxtil que passa a funcionar com rendimento total, com grande inquietude da Inglaterra e da China. Quiseram fazer do Japão de novo o principal centro industrial do Extremo oriente. A possessão do imenso mercado da China era um dos objetivos essenciais do imperialismo norte-americano. Para conseguir isto, os Estados Unidos levaram a diante o princípio de “portas abertas”, é decidido por não dividir a China em zonas de influências e é dada liberdade a iniciativa privada. A esmagadora supremacia econômica dos EUA os permitiram assim controlar a totalidade do mercado chinês" (A luta dos povos coloniais e a revolução mundial, II Congresso da IV Internacional, 1948). Mas aqui se contrapunham os objetivos dos EUA com os da URSS, que contava com o Partido Comunista Chinês em franco crescimento e posições estratégicas importantes (Port Arthur, direitos russos sobre Dailan, ferrovias). À burocracia stalinista não interessava “expandir a revolução” (Embora terminou formando mais tarde ao seu redor uma "muralha defensiva" na Europa Oriental somente para sua própria defesa). Já havia mostrado a sua “falta de interesse” na revolução na Grécia, França, Itália, onde os Partidos Comunistas haviam entregado os processos revolucionários às burguesias desses países. Igualmente, e além de Stalin, a URSS era um sócio pouco “confiável” para o imperialismo, continuava sendo um Estado operário e havia sido vista pelas massas do mundo como a vencedora dos nazistas. Por isto, era necessário colocar limites.

Demonstrar a hegemonia militar frente as outras potências (incluídas as “aliadas”) e as novas semicolônias: De acordo com seus objetivos imperialistas, Roosevelt autorizou a fabricação da bomba desde março de 1942. O “projeto Manhattan” seguiu seu curso até 1945. Harry Truman, que substituiu Franklin Roosevelt no final da guerra, viu no lançamento das bombas a possibilidade de “ditar nossos próprios termos ao final da guerra”. Com as bombas, os EUA inauguraram a “pax americana”, que sofreu seu primeiro revés somente nos anos 1970, com a derrota de Vietnam.

Impor sua democracia “atômica” as massas do mundo: as bombas atômicas foram a culminação dos bombardeios às massas que começaram os aliados desde o desenvolvimento de processos revolucionários na Europa e na Ásia em 1943. Entre este ano e 1947, enquanto os Estados Unidos fundava sua “democracia” e sua “liberdade”, ao mesmo tempo que se mostrava como o “libertador” das colônias, milhões de trabalhadores, habitantes, homens, mulheres e crianças morreram sob suas bombas (e das do Reino Unido e França) em Roma, Grécia, Alemanha (em especial Dresden), Argélia, Índia, Madagascar e outras cidades. Abortando e derrotando as revoluções proletárias, o imperialismo conseguiu impor sua continuidade e suas “democracias” baseadas em milhões de mortos.
Livros recomendados:

León Trotsky, [O.E. Vol. 8] A Segunda Guerra Mundial e a Revolução.
Ernest Mandel, O Significado Da Segunda Guerra Mundial.

Canção

A Rosa de Hiroshima
Autor: Vinicius de Moraes
Cantor: Ney Matogrosso
https://youtu.be/9YJaaVAQ5lE

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.

Filme recomendado:
https://youtu.be/Cbebmka600Q




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