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PANDEMIA | Há três semanas com queda na taxa de transmissão de Covid, mas não há o que comemorar

Com a marca de mais de 151.000 mortos por Covid-19, o Brasil está pela terceira semana seguida com o índice da taxa de transmissão abaixo de 1, significando queda na curva de contaminação. Mas não há o que comemorar no país de Bolsonaro, Mourão e golpistas: resta o dever de fazer justiça por nossos mortos.

MaréProfessora designada na rede estadual de MG

quarta-feira 14 de outubro de 2020 | Edição do dia

Foto: Covas abertas em cemitério de Manaus para enterrar vítimas da Covid-19. Foto: Sandro Pereira/Fotoarena/Agência O Globo

Segundo estudo do Imperial College London, o índice chamado de “ritmo de contágio” está em 0,93 – um número abaixo de 1 pela terceira semana consecutiva. Isso significa que a curva de contágio no país está em decréscimo, indicando uma tendência para um controle da pandemia. Os marcos atuais só foram observados pela última vez há 5 meses, em maio.

Mas esse possível controle, além de incerto, significa que ainda há vidas sendo ceifadas pela irracionalidade de um sistema, regime e governo incapazes de lidar com uma doença viral em pleno século XXI. A marca que passa dos 151.000 mortos é uma dolorosa realidade tipicamente brasileira, no país que é medalha de prata em mortes pela Covid-19 e cujo presidente não perde sua popularidade, mas aumenta.

Não há o que comemorar: a testagem massiva da população nunca aconteceu; profissionais de saúde foram particularmente sacrificados pela falta de EPIs, licenças remuneradas e contratações; milhões de postos de trabalho foram perdidos; nossos parentes e amigos que perderam suas vidas por não ter tido condições de fazer uma quarentena racional; e, potencialmente, o risco de que a tendência à estabilização não se dê e que se reinicie outra onda de contaminações e mortes, como acontece hoje na Europa.

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Por cada um dos 151.063 mortos contabilizados até então, cada um dos subnotificados, cada um dos que ainda serão vítimas de uma pandemia engendrada pelo sistema capitalista e gerida com todo o descaso burguês de governos como o de Bolsonaro, não ficando muito para trás os governos estaduais e prefeituras. Por cada um dos desempregados, das famílias que mal conseguem comprar o arroz com um auxílio de R$300 reais, pelos trabalhadores precários. Por cada família moradora de ocupação urbana que foi despejada, cada morador de vilas e favelas sem saneamento básico, cada negro e negra assassinados pela polícia. Por cada trabalhador que perdeu direitos em plena pandemia, pelas mãos de Bolsonaro, Mourão, Guedes, e os golpistas do Congresso e do judiciário.

Por cada um desses, não há o que comemorar, é preciso enfrentar esse regime político apodrecido e fazer justiça por nossos mortos. Por isso, a única esperança dos trabalhadores, jovens, mulheres, negros, LGBTs, imigrantes, explorados e oprimidos, deve ser suas próprias forças. Devem ser as trabalhadoras da saúde, os petroleiros, carteiros, as professoras, os entregadores de aplicativos, trabalhadores terceirizados a tomar as rédeas da solução da crise política, econômica, sanitária e ambiental no país. Por isso nós do MRT defendemos que possamos impor pela luta uma nova assembleia constituinte, que seja livre das influências dos golpistas e patrões, e soberana para revogar as leis que atacam nossos direitos e decidir as novas regras do jogo, para que nossas vidas possam ser salvas e os capitalistas paguem pela crise.

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