×

Há 61 anos, Khrushchov comprovava ao mundo os crimes cometidos por Stálin

terça-feira 14 de fevereiro de 2017 | Edição do dia

(Na imagen, Stálin e Khrushchov aprovam expurgos juntos)

Foi no XX Congresso do PCUS, ocorrido de 14 a 26 de fevereiro de 1956, que o então Secretário-Geral do partido Nikita Khrushchov realizou seu "discurso secreto", conhecido também como Relatório Khrushchov, onde dizia ao mundo aquilo que a Oposição de Esquerda e Leon Trotski já diziam há 30 anos atrás: Stálin usurpou o Estado Soviético e atuou contra os princípios de Lênin em detrimento de seus interesses pessoais.

Nikita criticou os expurgos de militares do alto escalão e de quadros superiores do partido - conhecido como Grande Expurgo, ocorrido entre 1934 a 1939, e o culto à personalidade de Stálin através da arte e cultura, como em pinturas, músicas, monumentos, nomes de praças e cidades. Mencionou o testamento de Lênin e escritos de Krupskaya, nos quais ambos criticam duramente as atitudes de Stálin ainda no início dos anos 20. Falou que a disputa ideológica com Trotsky e a oposição era puramente intelectual, e foi Stálin quem introduziu o conceito de "inimigo do povo". Provou com documentos e diversas compilações de atas que Stálin falsificava tudo o que era possível para incriminar seus adversários. Após dizer que "Stalin descartou o método leninista de convencer e educar, ele abandonou o método de luta ideológica em favor da violência, repressões em massa e terror", o Congresso ficou tumultuado, por gritos e empurrões entre os ouvintes que não acreditavam no que estava sendo dito, após décadas de culto à uma figura tida como um deus para as camadas de burocratas do partido.

Não podemos ser ingênuos e pensar que Nikita de uma hora para outra, após décadas de colaboração com Stálin e grande auxílio nos expurgos, teve sua mente iluminada pelos ideais de 1917 e resolveu então corrigir os caminhos que o stalinismo fez o comunismo mundial tomar. Para isso seria preciso além de denunciar Stálin, restaurar os organismos de democracia direta - os Sovietes - e eliminar a gigantesca casta que degenerou o partido e o Estado, devolvendo ambos às mãos das massas. O interesse por detrás de seu discurso era assumir a hegemonia de seu grupo dentro da cúpula do partido e consequentemente do Estado, e enfraquecer o grande stalinista Lavrentiy Beria, chefe da NKVD, que lhe fazia oposição no momento.

Tendo em suas mãos todo o aparato da União Soviética, Nikita tornou públicas algumas das acusações que desde o adoecimento de Lênin Trotsky fazia duramente dentro do partido, como a substituição da base do partido de operários para funcionários públicos, a nomeação de pessoas próximas para cargos importantes e a centralização máxima de tudo e todos ao redor dessa única figura. Após ser exilado da URSS Trotsky percorreu diversos países fugindo da repressão que até ali já havia executado todos os grandes líderes bolcheviques de outubro. No ano deste discurso já faziam 16 que o último sobrevivente de 1917 fora executado na Cidade do México, à mando de Stálin, com um golpe de picareta na cabeça dado pelo espião Ramón Mercader, que após regressar à URSS recebeu uma medalha de gratificação pelo próprio Stálin.

Os grandes campos de concentração chamados de Gulag, foram sendo encerrados gradualmente após o término do XX Congresso, somente no campo de Moscou mais de 200.000 pessoas acusadas de serem "inimigas do povo" e "anti-leninistas" foram libertadas, desconsiderando os que morreram até ali. Além disso, foram reintegrados ao partido mais de 1 milhão de militantes que haviam sido expulsos acusados dos mesmos "crimes".

"...ele escolheu o caminho da repressão e aniquilação física, não só contra os adversários reais, mas também contra as pessoas que não tinham cometido qualquer crime contra o partido e o governo soviético. Aqui vemos nenhuma sabedoria, mas apenas uma demonstração da força brutal que outrora tão alarmou Lênin..."




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias