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UFMG | Há 2 anos das ocupações na UFMG, a tarefa é derrotar Bolsonaro

Em 19 de outubro de 2016 os estudantes da UFMG ocuparam o primeiro prédio contra as reformas de Temer. Hoje a tarefa dos estudantes, assim como dos professores e demais trabalhadores dessa universidade é derrotar Bolsonaro, os golpistas e as reformas – que passaram e que virão.

MaréProfessora designada na rede estadual de MG

sexta-feira 19 de outubro de 2018 | Edição do dia

Ter ocupado 19 prédios da UFMG é, ainda hoje, motivo de orgulho para alguns, e inspiração para outros estudantes que têm se mobilizado contra o candidato que é a figura do que há de mais atrasado e reacionário no país. A revolta e a vontade de ser sujeito da política voltou a tomar espaço. O inimigo, que há dois anos foi Temer e seus ataques, a Reforma do Ensino Médio e a PEC do teto de gastos, ganhou a cara de Bolsonaro. A próxima tarefa para derrotá-lo é construir fortemente a paralisação dos três setores, indicada para os próximos dias 24, 25 e 26, com assembleias massivas em todos os cursos, que também construam comitês de luta.

Para encarar essa tarefa, não partimos do zero. É preciso, além de analisar cada passo da política na conjuntura atual, tirar as lições das lutas que travamos. Também é preciso entender que a chegada de Bolsonaro ao segundo turno e seu alcance de 59% nas intenções de voto não vieram do nada, como "um raio em céu azul".

O avanço da extrema direita, evidenciado por uma nova conformação parlamentar mais reacionária e pelas dezenas de ataques e com o assassinato do Mestre Moa de Katendê e da travesti Priscila por motivação política, é mais um fruto da imensa manipulação que o judiciário, através da Lava Jato, usou nessas eleições. Esse mesmo judiciário encabeçou o golpe institucional de 2016, que tinha como único objetivo – não o combate à corrupção, mas – acelerar e aprofundar os ataques aos direitos econômicos e democráticos dos trabalhadores e do povo pobre e oprimido.

Bolsonaro quer ser a continuidade "selvagem" do governo Temer. Isso significa que o movimento estudantil precisa não apenas se colocar de pé para impedir que ele seja eleito, mas para se preparar para lutar ainda mais contra os ataques que estão por vir. Mesmo que ele não ganhe as eleições, vai continuar organizando militantes covardes em torno de suas ideias diretamente anti-esquerda, pra atacar as organizações estudantis e operárias.

Os estudantes que batalharam em 2016 sabiam que a aprovação das reformas de Temer abriria espaço para o cenário em que estamos hoje. Foram quase dois meses convencendo aos colegas e professores que um semestre perdido era muito pouco perto de 20 anos de extremo sucateamento. Esses estudantes estavam certos, e caso restem dúvidas basta lembrar do incêndio no Museu Nacional, uma tragédia fruto da EC95, antiga PEC241, aprovada por uma casta que recebe, em um mês, mais do que foi o orçamento de 2018 do museu até o mês de abril.

O que espera as universidades e instituições de ensino e pesquisa públicas no Brasil são mais e mais incêndios. E esse cenário, que claramente é ainda mais catastrófico para o caso de Bolsonaro ganhar, não exime os estudantes de lutar caso Haddad ganhe, o que só pode acontecer com muita mobilização do movimento estudantil e dos trabalhadores, pois o candidato do PT também está comprometido com o pagamento da dívida pública, cujo valor equivale ao do orçamento anual de 513 UFMG, em tempos de uma crise econômica sem previsão de se resolver.

Portanto, façamos as jornadas de 2016 de novo!

Sem sombra de dúvidas, apostar na luta de classes, na aliança dos estudantes com os trabalhadores, batalhando desde já, pensando muito além das eleições, é a alternativa que nos cabe.

Mas para vencer, é preciso refletir os motivos de ter sido aprovada a PEC do teto de gastos, assim como depois foi aprovada a reforma trabalhista e a lei da terceirização irrestrita. Uma das respostas é fácil: porque o golpe institucional veio para isso, e o que justificava manter Temer na presidência mesmo com míseros 4% de aprovação era a implementação de ataques mais duros do que Dilma já vinha implementando. O PT "foi pouco" para atender aos anseios dos capitalistas, por isso o golpe. E por isso também, mesmo a contragosto (porque preferiam Alckmin), esses setores hoje apostam todas as fichas em Bolsonaro.

Nenhuma das reformas aprovadas passaram por falta de vontade de luta dos estudantes e trabalhadores. A aprovação da reforma trabalhista se deu após a traição, por parte das centrais sindicais, de uma greve geral que poderia inclusive ter sido capaz de derrotar Temer. Também a UNE é responsável, por não ter mobilizado os estudantes em todo o país num momento histórico, o dia 28 de abril em que a classe trabalhadora brasileira voltou à cena. A força da juventude poderia ter incentivado aos trabalhadores que tomassem a greve geral do 30 de junho em suas mãos, superando suas direções.

Quando a luta foi contra a PEC do teto de gastos, os estudantes tomaram à frente, obrigando suas direções a se movimentarem, mas não contaram com a grande força sem a qual é impossível transformar a realidade: os trabalhadores, organizados, com lutas e greves. Nesse momento, a CUT, dirigida pelo PT de Fernando Haddad, e a CTB, dirigida pelo PCdoB de Manuela Dávila, não contribuíram para barrar a primeira investida de Temer.

Esse histórico de derrotas parciais dos trabalhadores e da juventude contribuiu para que todo o avanço autoritário do judiciário golpista não encontrasse a resistência necessária para impedir que manipulassem as eleições, como fizeram, terminando por favorecer a extrema direita.

E agora, como derrotar Bolsonaro, o golpismo e as reformas?

É preciso que a UNE organize, em todas as escolas e universidades, assembleias de base, massivas, para que todos os estudantes que veem a necessidade de lutar e de se organizar, possam canalizar sua força e transformá-la em força real. Batalhemos por esses espaços e por comitês de luta, compostos pela ampla maioria dos estudantes.

Os estudantes da UFMG, e principalmente o DCE, têm duas tarefas de primeira ordem: massificar o ato #EleNão, que acontece nesse sábado, com concentração da UFMG às 12h na praça Afonso Arinos; e construir a paralisação da UFMG.

É preciso lutar para além das urnas, não só porque a extrema direita e os golpistas já mostraram que não respeitam o voto de milhões e milhões de eleitores. Mas também porque é preciso preparar um movimento estudantil que tenha a coragem dos secundaristas, que nos ensinaram a ocupar, e a estratégia das professoras grevistas. Por Marielle e todas as vítimas do golpe, que o movimento estudantil da UFMG seja exemplo e desafie vencer Bolsonaro.




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