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RACISMO | Grupo de risco em MG: jovens pretos morrem 119% mais e idosos negros são a maioria dos óbitos

Pessoas com menos de 60 anos autodeclaradas pretas em MG têm 119% mais chances de morrer por Covid-19 do que as pessoas autodeclaradas brancas da mesma faixa etária. Os negros dessa faixa etária são minoria dos contaminados, mas maioria dos mortos. Homens negros idosos são 75% dos mortos no Estado, maior que a média nacional de 71%.

segunda-feira 13 de julho de 2020 | Edição do dia

Foto: Amanda Dias/BHAZ

Infelizmente, não é novidade que no Brasil o grupo de risco de morte por Covid-19 é pautado por classe e raça. Com mais de 1500 mortes, Minas Gerais repete essa história, com dados alarmantes: dentre os não-idosos autodeclarados pretos no Estado a taxa de letalidade é 119% maior se comparado aos não-idosos brancos. Sem levar em conta a faixa etária, a letalidade em pretos é 46% maior do que em brancos.

Essas comparações são feitas apenas entre essas duas “categorias” usadas pelo IBGE, não entrando na conta os autodeclarados pardos, indígenas e amarelos. Quando se compara os autodeclarados negros (pretos ou pardos) e os “não-negros” com menos de 60 anos, os negros e negras são 48,8% dos contaminados, mas 61,4% dos mortos em território mineiro.

O perfil da maioria das vítimas do novo coronavírus e do descaso dos governos e patrões em MG tem raça e classe. 75% das mortes no Estado são homens negros com mais de 60 anos, enquanto a média nacional é de 71%. Também nesse caso os negros idosos não são a maioria dos infectados, mas o são dentre os mortos.

Esses dados poderiam levar à conclusão de que há algo biológico que faz dos negros menos resistentes ao vírus. Mas não se trata disso, e sim do racismo que empurrou historicamente os negros e negras para as piores condições de trabalho e vida. Os negros são maioria dos que ocupam há décadas os postos de trabalho mais precários e mal pagos, fazendo com que não possam ter um bom cuidado com a alimentação e saúde, muitas vezes nem mesmo com a segurança sanitária nas suas moradias. Na história de Minas Gerais, construída pelo trabalho de negras e negros escravizados nas minas da mineração, nunca houve uma mudança significativa nessa situação. Ao contrário: quanto mais cresciam as cidades, mais empurravam os negros para os aglomerados e favelas, as regiões metropolitanas, em moradias precárias e ocupações urbanas.

São os baixos salários e a opressão cotidiana que condicionou os negros a tragicamente serem o verdadeiro grupo de risco em MG, mas igualmente no Brasil e em outros países que mal são de maioria negra, como os EUA. Hoje os negros são a maioria daqueles que não podem fazer quarentena, os que estão nos hospitais, supermercados, fábricas, transporte público, nas entregas dos aplicativos, etc. E mesmo em meio a uma pandemia sofrem com o aumento da violência policial.

Lutamos contra o racismo e a violência policial junto com as vozes que gritam nos EUA e no mundo que vidas negras importam, e defendemos testagem massiva, licenças remuneradas, auxílio emergencial de no mínimo 2000 reais, dentre outras demandas essenciais para que não sejam os trabalhadores, pobres e negros que sigam pagando com sua vida por essa crise.

Fontes: Estado de Minas e Coronavírus-MG.com.br




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