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MARCAS DE LUXO | Grife de luxo queimou R$ 143,79 milhões para pobres não consumirem seus produtos

A marca inglesa Burberry queimou milhões de peças de roupa anualmente para se alçar entre as grifes de luxo mundiais. Nos últimos 5 anos, sua queimas de peças subiram 16 vezes. Esse ato abominável é extremamente comum no mercado de moda.

sexta-feira 20 de julho de 2018 | Edição do dia

A Burberry, uma marca de luxo, destruiu 28,6 milhões de libras, o que equivale a R$ 143,79 milhões, em roupas e cosméticos no ano passado. É como se tivessem queimado 81 mil cachecóis xadrez, de acordo com suas últimas contas anuais divulgada pelo Jornal O Globo. A prática é considerada comum para as grifes de moda, o que é uma completa anomalia enquanto há escassez de roupas para os setores marginalizados da classe trabalhadora, e os moradores de rua.

A Burberry destruiu mais de 90 milhões de libras (R$ 451,94 milhões) em seus produtos nos últimos cinco anos, e a quantidade que queima anualmente aumentou drasticamente. Em 2013, a Burberry incinerou 5,5 milhões de libras (R$ 27,62 milhões) em estoque, menos de um quinto do total do ano passado.

Esse fenômeno escancara uma das características primordiais do capitalismo, que é a desvinculação entre as necessidades humanas e a produção de bens. O destino do que a sociedade humana produz com a força avassaladora do sistema do capital é o de realizar todos os seus produtos enquanto mercadorias (inclusive os produtores se tornam mercadorias), e não como portadores de uma utilidade material para os homens.

No caso das mercadorias que estão sendo queimadas por essa grife, elas são plenamente utilizáveis, como explica Orsola de Castro, co-fundadora do Fashion Revolution, uma ONG, ao ser entrevistada pelo O Globo: "as coisas que a Burberry está queimando não são resíduos, mas um excedente, o que é bem diferente. É um material perfeitamente utilizável."

Orsola completou dizendo que a marca ter tomado essa atitude vem de uma tentativa de se alçar no mercado de luxo: "No caso das grandes marcas, é muito negativo para elas terem, de repente, o mesmo produto a preços reduzidos, a Burberry, como posso imaginar, está particularmente preocupada com isso, porque todos sabemos que a grife passou por uma grande mudança de imagem para ser reconhecida como alta moda. Então, a marca provavelmente está preocupada com o barateamento dos produtos e uma possível regressão nessa escala. É uma proteção da empresa, neste caso. Não querem que suas peças cheguem às pessoas erradas."

É tão absurdo como parece, uma marca queima seus estoques para que os mais pobres não possam adquirir suas roupas. Segundo O Globo, as vestimentas são caríssimas, camisas pólo masculinas são vendidas por até 250 libras (R$ 1.255) e seus famosos trench coats têm preços em torno de 1.500 libras (R$7.500). Perfumes e cosméticos também entram na conta e representaram 10,4 milhões de libras (R$ 52,23 milhões) dos produtos destruídos no ano passado.

Isso não é um caso somente do mercado de moda, mas que os capitalistas e seus governos subordinados, inevitavelmente, recorrem "para manter o equilibro de mercado" de uma forma que os interesse mais. Por exemplo em um emblemático caso recente, em abril, foram 400 toneladas de batatas descartadas por produtores rurais após queda de preço, em Minas Gerais.




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