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CORONAVÍRUS | Governo Bolsonaro: para capitalistas bilhões com velocidade, para informais desprezo e R$ 600

quinta-feira 16 de abril de 2020 | Edição do dia

Na manhã dessa quarta (15), o pedreiro Raimundo Nonato de Souza, de 55 anos, comoveu muitos cariocas depois de aparecer no programa “Bom Dia Rio”, da TV Globo, denunciando que estava há mais de 16 horas na fila do posto da Receita Federal, em Madureira, para regularizar a situação do seu CPF e conseguir o auxílio emergencial liberado pelo governo de R$ 600,00. Raimundo chegou na fila da Receita nessa terça (14) depois de ter saído do seu trabalho, numa obra de uma empresa de ginástica em Jacarepaguá. O pedreiro dormiu em cima de papelão e com uma mochila improvisada de travesseiro na espera de seu atendimento.

Raimundo Nonato ainda comprou pela parte da manhã, numa feira próxima da fila, suco e uma penca de bananas para dividir também com as outras pessoas da fila. Contudo, ele conseguiu ser atendido. Porém, o seu relato (amplificado pela emissora) foi o bastante para comover várias pessoas que foram até o local lhe entregar comida e bebidas. Segundo os relatos do próprio Raimundo, seu trabalho é um bico que arrumou para poder enfrentar as penúrias depois que ficou desempregado, exemplificando um caso que é similar a muitos outros trabalhadores desse país, que vivem em trabalhos sem proteção social ou direitos trabalhistas, mergulhados na informalidade.

É essa situação que levou Raimundo, assim como muitos outros informais, a procurar a ajuda governamental. No entanto, o que o pedreiro levou em troca foi mais uma vez o menosprezo do governo na ajuda a esse setor de trabalhadores. Apesar dos R$ 600,00 fazer alguma diferença para aqueles que não tem renda garantida e certa ao final do mês, o auxílio é muito pouco quando comparados aos vultosos volumes bilionários dado aos bancos e grandes empresas pelo governo de Bolsonaro. E para piorar, nem mesmo um atendimento humano o governo dá aos informais que vão buscar o auxílio emergencial. O próprio Raimundo Nonato atesta isso ao criticar o governo pela sua condução nessa crise, pelo menos no aspecto econômico: “O que está acontecendo aqui é uma vergonha para o nosso país. Nosso voto em eleições não vale nada”.

Nós do Esquerda Diário também nos solidarizamos com a situação vivida pelo pedreiro Raimundo Nonato, e defendemos que tanto os trabalhadores informais quanto os formais merecem muito mais, justamente por ser os trabalhadores essenciais para a reprodução da vida, como essa crise está revelando de forma dramática. Nonato não deveria se arriscar e para isso deveria receber uma renda muito maior do que os R$ 600,00, podendo o governo, com todos os recursos que têm para salvar banqueiros e empresários (que já possuem reservas financeiras altíssimas) ajudar os informais com mais do triplo do valor atualmente dado. Em outra frente, com a tributação progressiva sobre as grandes fortunas, acompanhada de uma política rígida contra a demissão de trabalhadores em qualquer circunstância e sem diminuição de salários, o conjunto da classe trabalhadora poderia ter a segurança necessária para efetivamente entrar em quarentena (vantagem de poucos setores) e por outro lado em garantir os recursos necessários para um combate racional contra o coronavírus, através de testes massivos, na ampliação de investimentos em equipamentos e na valorização salarial dos profissionais de saúde rede pública.




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