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Peru | Golpista Dina Boluarte conta com reconhecimento de Lula enquanto reprime luta do povo peruano

Milhares de trabalhadores e camponeses se enfrentaram na última quinta (19J) nas ruas com o governo golpista no Peru no primeiro dia de paralisação nacional pela saída de Dina Boluarte do governo e por um novo processo constituinte. Enquanto isso, o governo de frente ampla Lula Alckmin reconhece esse governo racista que tem as mãos sujas de sangue de trabalhadores e dos povos originários, na contramão da luta do povo peruano que aponta o caminho capaz de derrotar a extrema direita e seu projeto internacional.

Flavia ValleProfessora, Minas Gerais

sábado 21 de janeiro de 2023 | Edição do dia

O povo peruano está nas ruas há mais de um mês lutando contra o golpe parlamentar efetivado no início de dezembro, que já deixou mais de 50 assassinatos pelas mãos das forças repressivas. No 19J, protagonizaram uma jornada intensa de lutas com a primeira paralisação nacional chamada pelas centrais sindicais e movimento sociais, com caravanas de trabalhadores e camponeses de todas as regiões do país para a capital Lima e fortes paralisações.

Na contramão de todo rico processo de luta de classes do povo peruano contra a extrema direita golpista, a posição de Lula é a de reconhecimento desse governo rechaçado pelo povo. Logo depois da efetivação do golpe parlamentar no país, no dia 7 de dezembro, Lula desejou sorte a Dina Boluarte. Nisso, sua posição não se distinguiu do governo Bolsonaro, que então desejou "êxito à presidente Dina Boluarte em sua missão como chefe do Estado peruano". O governo golpista peruano também recebeu apoio do imperialismo norte americano pelo Partido Democrata e do presidente chileno Gabriel Boric. Enquanto isso, a comunidade peruana no Brasil denunciou em protesto internacionalista que a Força Aérea Peruana fez compras milionárias de bombas de gás lacrimogêneo da empresa brasileira Condor Indústria Química, parte do aparato repressivo usado para atirar em manifestantes.

Lula nessa mesma declaração citada também definiu o golpe parlamentar como um procedimento constitucional. Tudo em nome de uma suposta alternativa de reconciliação nacional, como se fosse possível conciliar os interesses das elites racistas peruanas com o povo, este que teve aprofundada as pioras em suas condições de vida e rechaçam o governo e o Congresso golpistas. A atuação de Lula está sempre a serviço de pacificar a luta de classes, enquanto a classe trabalhadora e o povo pobre paga pela crise dos capitalistas.

Em retribuição ao apoio do governo de frente ampla de Lula Alckmin, Dina Boluarte, que enviou representantes à posse de Lula, cinicamente fez um tuíte no dia 8/1 rechaçando as ações golpistas de invasão do congresso e do STF, prestando sua solidariedade a Lula, dizendo que os atos eram intolerantes, desrespeitosos às leis e às instituições democráticas brasileiras.

Isso enquanto o povo peruano se enfrenta com toda repressão estatal, estado de sítio e assassinatos, repressão que o governo do Peruú promete seguir.

Veja mais: Peru: "Abaixo Boluarte e todo o regime golpista, por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana"

Não é possível ter nenhuma ilusão na conciliação de classes para combater a extrema direita. O reconhecimento de Lula e de Gabriel Boric do Chile ao governo de extrema direita de Dina Boluarte é mais uma mostra de que as saídas institucionais atuam para tentar descomprimir a revolta popular, servindo aos interesses imperialistas na América Latina contra a luta de classes internacional, a única força capaz de derrotar a extrema direita.

Por tudo isso, repudiamos o reconhecimento de Lula ao governo golpista de Dina Baluarte e sua conivência com a intensa repressão. Nos colocamos lado a lado dos trabalhadores, camponeses, estudantes e dos povos originários peruanos que se enfrentam contra a repressão e pela derrubada do governo e do Congresso golpistas, sem nenhuma confiança no judiciário que foi parte fundamental de legitimar todo o processo. Apoiamos a batalha pela auto organização de trabalhadores e do povo peruano e uma nova assembleia constituinte imposta pela luta, que derrube a velha constituição de 1993 erguida pelas mãos ditatoriais e colonialista de Alberto Fujimori, como parte de uma luta por um governo provisório de trabalhadores e das organizações em luta para fazer os capitalistas pagarem pela miséria social aprofundada no Peru nos últimos anos.

Veja mais: França e Peru mostram o caminho contra a extrema direita e as reformas reacionárias na luta de classes

Tomamos no Brasil a luta do povo peruano como exemplo, nos apoiando na luta de classes internacional, na batalha para que os trabalhadores e povo pobre possam tomar para si a luta contra a extrema direita e os ataques, pela revogação das reformas anti-populares e das privatizações, sem anistia aos responsáveis civis e militares, incluindo o alto mando, por ações golpistas no Brasil e sem ilusões nas instituições do regime como o STF, que juntos foram responsáveis por tremendos ataques ao nosso povo a serviço do imperialismo e dos lucros capitalistas. Rumo ao 8 de Março, nos inspiramos nas milhares de mulheres trabalhadoras, indígenas e camponesas apontam um caminho para seguirmos no Brasil, na luta de classes, demonstrando que não têm nada a ver com uma golpista no poder que faz demagogia com as mulheres.




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