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Gal contra a ditadura militar e seus herdeiros, como Bolsonaro

Cris Libertad

Bruna Camargo

Gal contra a ditadura militar e seus herdeiros, como Bolsonaro

Cris Libertad

Bruna Camargo

Nós recebemos com muito pesar a informação do falecimento da Gal Costa, uma das vozes mais marcantes do Brasil. Uma grande intérprete da Música Popular Brasileira.

Gal nasceu em 26 de setembro de 1945 e nos deixou nessa quarta-feira, 09 de novembro de 2022, com 77 anos.

A baiana de Salvador ganhou o Brasil com sua voz e sua personalidade, ao lado de outras figuras como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia.

Nós do Esquerda Diário não poderíamos deixar de homenagear essa mulher que foi muito importante nos movimentos contra a ditadura militar, que cantou contra a tirania e contra a repressão, que desejava que todos fossem livres para serem quem são e pra fazer arte.

Ela esteve em muitos festivais na América Latina, cantando sempre contra a ditadura e usando sua voz de forma potente e política. Não foi diferente durante o governo reacionário de Bolsonaro. Sempre deixou evidente sua posição contra ele.

Gal estava desde setembro afastada dos palcos depois de ter sido submetida a uma cirurgia para retirada de um nódulo na fossa nasal. E a recomendação dos médicos era que ela ficasse até novembro em repouso. Só que agora ficamos com o luto de sua partida.

"Ela nunca tinha querido nada em sua vida a não ser cantar", escreveu o amigo Caetano. Gal fez muito mais. Revolucionária, destemida e de uma personalidade ímpar, ela sempre se impôs. A trajetória dessa baiana iniciou com a estreia ao lado de Caetano Veloso, em 1967 no álbum domingo. Em 68, alcançou o primeiro dos inúmeros hits de sua carreira com a atemporal "Baby". Àquela altura, a criminosa ditadura militar que sufocava o Brasil empurrou para o exílio Caetano e Gil, deixando aqui Gal Costa que seguiu transgressora e enfrentando o regime.

São da década de 70 os shows "FA-TAL - Gal a todo Vapor" e o disco "Índia" que teve sua capa censurada pelos militares.

Era dona do seu corpo e tinha consciência do seu uso político. Em 94, na turnê do seu disco "O sorriso do gato de Alice", cantava a música "Brasil", de Cazuza, com os seios à mostra. Os conservadores de plantão foram à loucura.

Assim era Gal Costa. Mulher e artista que não se curvava para a caretice e o conservadorismo burguês.

Em momentos, atuou na defesa dos direitos LGBTQIA+, da legalização das drogas, e na contestação às desigualdades sociais promovidas no país pelo sistema podre que é o capitalismo.

E a Gal fazia questão de mandar bem forte um "Fora Bolsonaro" junto com sua plateia nos shows. Ela estava sempre contra essa direita nojenta que é herdeira da ditadura militar, é racista, homofóbica e que só quer explorar e oprimir as pessoas. Ela cantava pela liberdade. E desde 2019 se posicionou forte contra o governo Bolsonaro e suas barbáries.

(...)

É muito difícil tratar brevemente uma figura inestimável como a de Gal Costa. Poderíamos passar horas a fio sem conseguir sintetizar os inúmeros marcos e a importância desse ícone da cultura brasileira. Mulher que enfrentou os ataques e retrocessos a que esse país esteve refém durante a sua carreira de mais de meio século, sem jamais deixar de pensar na exploração e na opressão a que nossa classe está submetida.

Diferentemente dos reacionários músicos sertanejos imersos em shows superfaturados, apoio do agronegócio e manchados pelo bolsonarismo e o reacionarismo que há de pior na extrema-direita, tivemos o privilégio de ter Gal Costa. Podemos até nos despedir dela, mas sua obra, seu ímpeto e seu enfrentamento serão eternos.

Viva Gal Costa!

Transcrição do episódio de quinta-feira, 10 de dezembro, do programa Esquerda Diário 5 minutos.


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Cris Libertad

Professora da rede estadual em Anápolis - GO.

Bruna Camargo

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