Pastores evangélicos sem vínculo formal com o Ministério da Educação nem mesmo com o setor de Ensino atuam como lobistas que intermedeiam as negociações de repasses de verbas a prefeituras lideradas por partidos aliados de Bolsonaro. Mais um passo do governo em querer subordinar a educação aos dogmas evangélicos.
sexta-feira 18 de março de 2022 | Edição do dia
Foto: Divulgação/Igreja Presbiteriana Jardim de Oração
O grupo de pastores que atuam como lobistas tem à frente os pastores Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, e Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da entidade de acordo com o Jornal Estado de São Paulo. O grupo de pastores tem trânsito livre no Ministério da Educação e voam em aviões da FAB para realizar suas incursões em diversas partes do país, intermediando as negociações com prefeitos em sua maioria dos partidos base de sustentação do governo Bolsonaro como Progressistas, PL e o Republicanos.
Essas legendas comandam o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), presidido hoje por Marcelo Ponte, chefe do Progressistas e ex-assessor do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. O fundo controla, em 2022, 945 milhões de reais dos 45 bilhões do orçamento total do MEC.
Pode interessar:EJA perde meio milhão de alunos fruto de desinvestimento recorde do governo Bolsonaro
O Ministro da educação Milton Ribeiro, pastor presbiteriano que afirmou que a homossexualidade é "fruto de famílias desajustadas" e autor de declarações transfóbicas, busca com a ajuda dos amigos pastores beneficiar os prefeitos apoiadores de Bolsonaro, ao mesmo tempo instrumentaliza o Ministério da Educação de acordo com os interesses e valores evangélicos, uma ingerência religiosa na educação de milhares de crianças e jovens do país passando por cima de qualquer caráter laico da educação e do Estado brasileiro.
