Com um sistema de saúde praticamente em colapso, quase 180.000 infectados e mais de 3.000 mortos, a resposta do governo do Chile é redobrar a repressão, prolongando o estado de emergência por três meses.
quarta-feira 17 de junho de 2020 | Edição do dia
Crédito: Resumen.cl.. Piñera (centro), com o ex-ministro da Saúde Jaime Mañalich (à direita), e o novo ministro Enrique París.
O início da semana chegou com novidades para os trabalhadores chilenos.
Neste último domingo, o governo Piñera, juntamente com setores da oposição (a antiga Concertación e setores da Frente Amplio), selaram um acordo - outra “cozinha”, como chamam os pactos feitos em quatro paredes entre o governo chileno e a oposição - de US$ 12 bilhões que serão destinados à concessão de benefícios às empresas (chamado “apoio a empresas estratégicas”) e aumentar o valor do IFE (Ingresso Familiar de Emergência).
O governo direitista de Piñera teve que aumentar o valor que foi reservado para o IFE, como uma resposta curta à crise política pela qual está passando, principalmente nos últimos meses devido à sua retumbante má gestão da pandemia.
Dias atrás, o ex-ministro da Saúde - Jaime Mañalich - foi retirado do cargo quando veio à tona que ele estava relatando ao país um número de mortos pela Covid-19, inferior aos relatórios que enviou à Organização Mundial da Saúde.
Recordemos que, no Chile, uma enorme rebelião popular questionou nas ruas os trinta anos da herança de Pinochet, bem como o Governo, por ser uma expressão atual deste regime, também sustentada pelos partidos da Concertación, que governavam anteriormente, e por setores da oposição da Frente Amplio.
É por isso que o Partido Revolucionário dos Trabalhadores, que promove o La Izquierda Diario no Chile, apoia a proposta da necessidade de lutar por uma verdadeira Assembleia Constituinte Livre e Soberana, onde as grandes maiorias populares possam discutir democraticamente as medidas necessárias para tirar os trabalhadores da ruína.
Agora, as grandes empresas receberão subsídios estatais, o IFE será destinado apenas a 40% das famílias mais pobres e o seguro-desemprego aumentará, que é algo que os trabalhadores pagam pelo seu próprio salário.
Todo esse dinheiro sairá da dívida pública, o que punirá ainda mais as futuras gerações.
Em outras palavras, Piñera, com o apoio explícito da oposição, continua economizando - e agora, com mais dinheiro para os empreendedores - , enquanto as famílias trabalhadoras continuam sofrendo o impacto da crise econômica e sanitária.
Este não foi o único anúncio. Nesta segunda-feira, soube-se que o governo estenderá o estado de emergência, que está em vigor desde março, por mais 90 dias.
Em outras palavras, continuam com o toque de recolher das 20h até as 5h, com a restrição da liberdade de movimento em que as forças repressivas podem confiscar bens.
Essa medida justamente acontecerá no período da campanha e do plebiscito sobre a reforma da Constituição. Uma carta que o governo jogou (com a oposição novamente) para apaziguar e desviar o impulso que essa rebelião teve com centenas de milhares nas ruas, sofrendo repressões brutais por meses.
Mais uma vez Piñera, com a ajuda inestimável da antiga Concertación e dos setores da Frente Amplio, continua a apelar às forças repressivas contra a população, especialmente em relação às famílias mais pobres e trabalhadoras.
Traduzido de La Izquierda Diario Chile, veja a matéria original aqui
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