×

CENTRAIS SINDICAIS | Força Sindical e outras centrais fazem ato junto a empresários na Paulista

Nesta quinta-feira, 13, as centrais sindicais Força Sindical, UGT e CGTB junto à Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), entidade patronal, realizaram ato na avenida Paulista exigindo mudanças na política econômica em favor da indústria.
.

Leo AndradeCampinas

sexta-feira 14 de agosto de 2015 | 00:00

O “grito em defesa do emprego e da indústria, como foi intitulada a manifestação, foi convocado por uma “unidade de empresários e trabalhadores” em prol de uma saída comum para a crise na indústria, destacou Miguel Torres, presidente da Força Sindical.

Carlos Pastoriza, presidente da Abimaq, disse que “nós, trabalhadores e empresários, também temos nossas diferenças. Em época de negociação coletiva, discutimos, brigamos. Faz parte do dia a dia. Só que, quando se trata de defender o emprego industrial e a indústria nós estamos absolutamente alinhados”, como divulgou a Força Sindical em seu site. A iniciativa das entidades sindicais e patronais giram em torno à criação de uma coalizão que seguirá na exigência de uma nova política econômica.

A ideia é que na próxima semana estas entidades que convocaram e compuseram o ato divulguem um documento comum a ser entregue ao planalto que concretize programaticamente essa mudança no rumo da política econômica que estão exigindo. Os eixos do documento se centrarão em cinco pontos: redução dos juros a níveis internacionais; redução dos juros ao consumidor; ampliação dos investimentos públicos; adoção de política cambial realista e fim da cumulatividade de impostos.

Esse programa que deve dar eixo ao manifesto é uma bandeira antiga da patronal industrial contra a desindustrialização que ocorreu no país no último ciclo de crescimento, que foi baseado na alta do preço das commodities, que favoreceu o setor primário da produção. Também faz parte de uma disputa do setor industrial com o capital bancário, um dos setores que mais lucrou nos últimos 12 anos de governos do PT.

O ato começou na praça Oswaldo Cruz, região central da capital paulista, e foi até o MASP e segundo os organizadores contou com a presença de cerca de 5 mil manifestantes. Empresas do ramo da siderurgia liberaram seus trabalhadores para participarem do ato, já que os interesses patronais estavam contemplados na manifestação.

A manifestação ocorreu no mesmo dia em que a Fiesp divulgou números sobre o emprego na indústria. Segundo os dados levantados pela entidade patronal, só no mês de julho a indústria paulista demitiu 30,5 mil trabalhadores. De janeiro a julho deste ano as demissões já somam e atingem 92,5 mil trabalhadores que perderam seus postos de trabalho. A previsão é de que o ano termine com cerca de 200 mil empregos a menos em relação a 2014 no setor, apenas no Estado de São Paulo.

A crise na indústria já levou a inúmeros ajustes por parte do governo federal de Dilma (PT), buscando desafogar o setor, como foram as MPs 664 e 665 publicados no final do ano passado e o recente Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que busca reduzir custos na produção industrial e salvar os cofres públicos reduzindo o salário dos trabalhadores vinculado à redução da jornada de trabalho.

Em conversa com o Esquerda Diário, Marcello Pablito, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP, disse que “os trabalhadores devem estar no campo oposto desta manifestação. Essa ‘comunhão de interesses’ entre centrais sindicais e entidades patronais é uma farsa, já que as empresas tem descarregado incessantemente a crise nas costas dos trabalhadores com demissões em massa e agora pedem que os trabalhadores defendam seus lucros”. Disse ainda que “não é atoa que a Força Sindical esteja de braços dados com a patronal, já que encabeçou a votação do PL 4330 na Câmara dos Deputados, que visa ampliar massivamente a terceirização no país. Essa central está do lado da Fiesp, da CNI e é sempre a primeira a levantar as bandeiras da patronal”.

Sobre como organizar os trabalhadores em torno a seus interesses próprios, Pablito disse que “infelizmente não apenas a Força Sindical, UGT e CGTB defendem os interesses patronais. A CUT encabeçou o PPE, que tira do bolso do trabalhador a grana para bancar a crise. Por isso é preciso criar um polo independente do governo do PT, das patronais e da oposição burguesa, e da burocracia sindical contra os ajustes, o PPE, a terceirização e para defender o emprego. Uma primeira tarefa deste polo hoje é apoiar as greves contras as demissões que estão acontecendo, como a da GM de São José dos Campos”.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias