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FORA BOLSONARO, MOURÃO E MILITARES | Fora Bolsonaro, Mourão e sua hipocrisia de que 500 mil mortes são "retrato da desigualdade"

O reacionário Mourão, com a ajuda da mídia capitalista, vem tentando se descolar do negacionismo e tirar a responsabilidade do governo pelas mortes por Covid-19. Porém, contra Bolsonaro, não podemos depositar nossa esperança em um impeachment que levaria esse ultra reacionário ao poder. Confiemos somente na força dos trabalhadores e da juventude nas ruas.

quarta-feira 23 de junho de 2021 | Edição do dia

Em entrevista à GloboNews, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, tentou lavar a própria cara afirmando que o negacionismo do governo foi “o grande erro” e que o governo teria errado ao não orientar a campanha de vacinação.

A mídia burguesa tenta vender a ideia de que Mourão seria mais sensato que Bolsonaro, mas o próprio vice-presidente afirma que não vê, tanto nas ações do governo quanto nas de Bolsonaro em particular, nada “que seja prejudicial”. E o cinismo e a hipocrisia do general são tamanhos que, essa semana, tentou lavar a cara de Bolsonaro e dos governadores, dizendo que nossos meio milhão de mortos são “retrato da desigualdade socioeconômica” do país, como se não tivessem responsabilidade sobre a situação sanitária e por todos os ataques que jogam nossas vidas na miséria. Com isso, Mourão quer abafar o descontentamento que se mostrou nas ruas de novo no dia 19. Também por isso que não podemos ficar dependentes de manifestações mensais decididas por cima. De mês em mês, entre uma manifestação e outra, passaram a privatização da Eletrobrás e já encaminham a Reforma Administrativa.

Não podemos esperar nada de positivo vindo de um general super reacionário e que se mantém bem instalado ao lado de Bolsonaro desde o início de seu governo. Mourão é um ávido entusiasta do golpe militar, do assassinato de opositores e fã de torturadores como Ustra, e també nunca escondeu seu racismo absurdo contra negros e indígenas, como quando disse que os mortos na chacina de Jacarezinho eram “tudo bandido”. Nossa bandeira não pode ser “Bolsonaro sai e Mourão fica”, ele é nosso inimigo tanto quanto o próprio presidente.

Por isso, é fora da realidade que organizações de esquerda como PSOL, UP, PCB e PSTU disseminem a ideia de que o impeachment de Bolsonaro possa ser alguma alternativa para os trabalhadores e o povo pobre. A justificativa para essa política é a ideia errada de que o impeachment configuraria uma ação das massas contra o governo. Na verdade, o impeachment é um mecanismo bonapartista desse regime político e que exige uma maioria no Congresso de pelo menos dois terços, ou seja, exige o apoio inclusive da maioria dos partidos de direita e dos setores burgueses que eles representam. Um mecanismo que exige um amplo pacto das classes dominantes, que em meio às suas disputas têm como consenso se unirem contra nós, é incapaz de resultar em uma vitória das massas.

Veja também: Arthur Lira diz que CPI não trará efeito nenhum e que irá avançar com reforma administrativa

Além disso, a vontade política para o impeachment não existe, porque Bolsonaro segue funcional aos objetivos do golpe institucional, especialmente no terreno dos ataques econômicos. Essa semana, o presidente da Câmara, Arthur Lira, declarou que o impeachment está fora de cogitação e inclusive que tirar Bolsonaro e colocar Mourão na presidência não faz sentido e não resolverá o problema da pandemia. Com a privatização da Eletrobrás encaminhada e mais ataques na fila, como a reforma administrativa, é fantasioso nutrir qualquer confiança na direita golpista.

Não podemos desperdiçar nossa energia, nossa disposição de luta, numa política que nos deixaria nas mãos de Mourão! Tirar Bolsonaro e deixar Mourão no poder é manter intacto o regime podre do golpe institucional, onde o peso dos militares já é um fator determinante. Não é possível avançar nas demandas da nossa classe e dos setores mais oprimidos, como a vacinação e o combate ao desemprego e às violências machistas e policiais, sem enfrentar o conjunto desse regime.

Por isso precisamos lutar não só pelo Fora Bolsonaro, um sinônimo para o impeachment que abre espaço ao general, mas sim por Fora Bolsonaro, Mourão e os militares, também deixando claro nosso rechaço ao STF, Congresso Nacional e governadores, que são parte do golpismo que nos trouxe até Bolsonaro.

É preciso evitar as tentativas de canalizar nossa luta pela via institucional, seja pela CPI da Covid e o impeachment, seja pela política eleitoreira de Lula e do PT, que já levam adiante diversos acordos com a direita podre e ajustadora. É preciso que a juventude e os trabalhadores lutem contra a divisão que as direções burocráticas do PT e do PCdoB levam adiante na UNE e nas centrais sindicais (CUT e CTB), batalhando por uma atuação em comum decidida através de espaços de auto-organização com voz e voto da base, no sentido de construir uma paralisação nacional capaz de enfrentar o governo, os ataques e o conjunto do regime golpista, responsáveis pela catástrofe que vivemos.

Nesse sentido, nós do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT), que impulsionamos o Esquerda Diário, achamos que o movimento deveria debater a bandeira da Assembleia Constituinte Livre e Soberana imposta pelas lutas e mobilizações em curso, para não mudar apenas alguns jogadores e sim o conjunto das regras do jogo. Isso seria uma saída independente de todas as alas desse regime golpista, e que permitiria ao povo desfazer todos os ataques e reformas impostas desde o golpe e lutar por um plano de emergência dos trabalhadores.

Nós, revolucionários trotskistas, consideramos que no caminho para fazer valer a soberania dessa vontade popular, contra a repressão do estado, dos militares, das milícias reacionárias e dos capitalistas, será necessário desenvolver a auto-organização da nossa classe, mostrando para o conjunto dos explorados e oprimidos que mesmo se elevarmos ao máximo a democracia como ela funciona hoje, sem romper com o capitalismo é impossível encontrar uma saída, e que portanto é preciso tomar as medidas necessárias para impor um governo dos trabalhadores de ruptura com o capitalismo e que possa realmente dar uma solução aos problemas que vivemos.




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