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GOLPISMO NA VENEZUELA | Folha e Bolsonaro juntos auxiliando o golpe de Trump na Venezuela

Veja aqui o que é fato e o que é falso sobre a situação venezuelana e entenda a necessidade de repudiar Bolsonaro e a Folha de São Paulo pela vontade de dispor dos recursos e tropas do país para o projeto golpista de Trump na Venezuela.

Ítalo GimenesMestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

segunda-feira 25 de fevereiro de 2019 | Edição do dia

Em meio a intentona golpista na Venezuela, desenhada em Washington (EUA), a Folha de São Paulo passou de adversária para um dos principais aliados de Bolsonaro na disseminação de Fake News e na propaganda da “ajuda humanitária” da direita continental.

A mesma Folha que foi responsável por vazar os principais escândalos de corrupção envolvendo a família Bolsonaro (o caso das laranjas e o de Flávio Bolsonaro), chamada de "pasquim de esquina" pelo presidente, ajoelha-se ao lado de Bolsonaro diante de Donald Trump e o imperialismo norte-americano.

Valendo-se da situação de miserabilidade na Venezuela, imposta a mão de ferro por Maduro e seus militares, Trump valeu-se do espaço conquistado através da sua direita anti-socialista para orquestrar um golpe “humanitário”. Reúne os governos responsáveis por brutais ajustes contra os trabalhadores em seus países, como Bolsonaro no Brasil e Iván Duque na Colômbia, para levar a “salvação” aos venezuelanos.

O primeiro fato é a situação desastrosa que Maduro e o chavismo legaram aos venezuelanos. Não por um suposto “socialismo” na política desses governos, mas exatamente pelo seu oposto. Depois de manter intacta a dependência do país ao imperialismo, mantendo a exportação do petróleo como fonte quase exclusiva de renda, subordinada às oscilações do preço do barril, e pagando religiosamente a dívida pública, Maduro produz uma hiperinflação e desvalorização da moeda, combinada a uma escassez de alimentos.

Também é fato que Maduro se encastelou no poder apoiado em nada mais que nas Forças Armadas venezuelanas, proibindo a organização sindical e perseguindo lutas operárias. No entanto, a fachada da “ajuda humanitária” não passa de um Cavalo de Troia aos trabalhadores venezuelanos: Trump e a direita continental não tem outra senão a intenção de pressionar rupturas significativas na cúpula militar que sustentam Maduro e dar um golpe. A “ajuda humanitária” é a primeira e maior Fake News disseminada.

A Folha de São Paulo se presta ao vergonhoso papel de contaminar a opinião das massas no país com promessas falsamente democráticas e humanitárias por parte de Trump e de Bolsonaro. Após o fracasso do “Dia D” neste sábado, data marcada para a ofensiva total da ajuda humanitária brasileira e colombiana, a Folha da São Paulo publicou uma análise sobre o pretenso “estado insurrecional” da Venezuela. Trataram a criar uma imagem de apoio massivo ao fantoche de Trump, autointitulado presidente Juan Guaidó, e uma revolta popular na fronteira contra o exército de Maduro.

Além de notícias inflamando número de militares desertores para maquiar a o fracasso do “Dia D” em conseguir rupturas expressivas nas FAB (a exemplo da capa do Estadão), criam fatos de conflitos nas fronteiras, comosupostos assaltos por parte de militares venezuelanos em território brasileiro. Essa Fake News quer alentar possíveis respostas militares do lado brasileiro a serviço do golpismo americano, que ainda são discutidas no governo, ainda que com forte negativa por parte dos militares, representados por Mourão e Heleno.

Inclusive, a Folha de São Paulo finge esquecer a trágica história dessa velha receita das “intervenções humanitárias” norte-americanas. Os Estados Unidos fazem desse discurso da ajuda humanitária, acionando mecanismos da ordem imperialista como a ONU e a OTAN, para intervir em países do Oriente Médio, da América Latina e outras regiões, como método para levar adiante a sua agenda imperialista, de interesses próprios, ao redor do mundo.

Saiba mais: O “humanitarismo” selvagem dos Estados Unidos na Venezuela e no mundo

Foi assim no Haiti durante anos por tropas da ONU, com os EUA à frente, sob a suposta intenção de “estabilizar a democracia” e trazer “assistência humanitária”, cujo resultado dessa missão denominada Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH), que contou com tropas da Argentina e do Brasil entre outros países, foram múltiplas as violações dos direitos humanos durante a ocupação e a imposição de um plano de austeridade planejado pelo organismo internacional.

Desde a invasão do Panamá em 1990, a América Central sofreu as consequências da “ajuda humanitária” e a defesa da “democracia” como justificativa para intervenção direta ou indireta dos EUA. A lista é extensa ainda mais se somarmos o relacionamento dos Estados Unidos com ditaduras militares na América do Sul nos anos 70 e as guerras ao redor do mundo, apoiando regimes autoritários e gansteristas no Oriente Médio. Chegou a apoiar o golpe no Egito em 2013 de Al Sisi contra Mohamed Morsi, e toda a sua política de sequestros, torturas, mortes e prisões de oposicionistas.

Nem Guaidó ou o imperialismo americano, tampouco a Folha ou Bolsonaro, se importam com as vidas perdidas nas fronteiras, na medida em que apoiam as provocações e incitam a população aos confrontos (sem muito sucesso) para pressionar os militares e responsabilizar Maduro. De olho no volume de petróleo venezuelano e da região que Guaidó quer entregar às petroleiras norte-americanas, assim como atentar contra um dos principais parceiros comerciais chineses na região, o imperialismo trumpista busca reconquistar o seu “pátio traseiro” com o velho golpismo disseminado pelo Oriente Médio e América Latina dos 70’.

A cara pálida do discurso humanitário fica evidente frente às sanções comerciais à empresa nacional venezuelana de petróleo (PDVSA), o confisco dos bens venezuelanos depositados em território estadunidense, o que só tornará pior a catástrofe econômica e social imposta por Maduro. Humanismo dos antiglobalistas, xenófobos e anti-socialistas da extrema-direita, é Fake News.

É patético o discurso “democrático” e de defesa dos direitos humanos vindo de Bolsonaro e seus chanceleres olavistas. São os maiores defensores da tortura da ditadura militar brasileira, além de terem vencido um processo eleitoral digitado pela força-tarefa da Lava-Jato, que prendeu Lula e vetou sua candidatura, depois deu a Sergio Moro (treinado nos EUA) papel de destaque no novo governo junto a um salto na presença dos militares no governo.

A atitude da Folha de São Paulo, mas também de todos os grandes jornais da mídia burguesa, expressa a completa subserviência à política do imperialismo norte-americano, aliado à direita continental liderada por Bolsonaro, que predomina o seu conteúdo editorial. É de uma sabujice lamentável, que merece ser repudiada pelo conjunto dos trabalhadores brasileiros, frente aos impactos nefastos que uma eventual vitória de Trump na Venezuela traria para o Brasil.

Bolsonaro, em meio a uma proposta extremamente impopular de reforma da previdência, poderia ganhar um respiro para a sua “lua de mel” com a população, se apoiando no fortalecimento do conclave da direita trumpista. Fortaleceria as posições autoritárias alinhadas ao imperialismo estadunidense na região, o que daria a Bolsonaro o respaldo para avançar no endurecimento arbitrário do regime contra os trabalhadores e setores oprimidos, enquanto negocia os votos para a reforma da previdência sob o silencio dos principais atacados por ela. Um silencio garantido especialmente pela atuação das centrais sindicais, que não apresentam um plano de luta contra a reforma da previdência e deixa que demissões de milhares de trabalhadores na Ford passe impune, como fez a CUT e a CTB.

Frente aos estragos aos trabalhadores não só da Venezuela, mas de toda America Latina, que resultariam dessa intentona golpista, e a falência do chavismo em ser uma alternativa aos mandos imperialistas em seu país, os trabalhadores e setores oprimidos do continente precisam fazer frente ao golpe na Venezuela. Fazemos desse imperativo uma proposta de chamado às centrais sindicais brasileiras, em primeiro lugar a CUT e a CTB - dirigidas pelo PT e pelo PCdoB, que se dizem contrários à intervenção imperialista dos EUA - os partidos da esquerda como o PSOL, movimentos sociais como o MTST, para organizar um grande ato em repúdio à tentativa de um golpe de Estado na Venezuela.

Editorial: Chamamos as centrais sindicais e a esquerda a organizar um grande ato contra a ofensiva imperialista na Venezuela




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