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EDIÇÃO IMPRESSA | Fidel Castro e a Revolução Cubana

A figura de Fidel Castro está intimamente associada à Revolução Cubana de 1959. Em 26 de julho de 1953, Fidel encabeça o fracassado ataque ao quartel Moncada com o objetivo de provocar uma insurreição popular contra Fulgêncio Batista para reinstaurar a Constituição de 1940.

André Barbieri São Paulo | @AcierAndy

sexta-feira 9 de dezembro de 2016 | Edição do dia

Depois de seu exílio no México, em 2 de dezembro de 1956, desembarcará em território cubano a bordo do Granma, recebido pelos bombardeios do Exército de Batista. Junto a Ernesto Che Guevara e Camilo Cienfuegos iniciará a saga de Sierra Maestra.

Em 1 de janeiro de 1959 as forças do Exército Rebelde encabeçadas por Fidel Castro ingressam vitoriosas em Santiago de Cuba e o ditador Fulgêncio Batista foge para os EUA dando início à única revolução triunfante na América Latina, que terminou com a expropriação da burguesia e os proprietários de terras. Uma semana depois, em 8 de janeiro, uma greve geral derrotou as manobras da ditadura que buscava tirar a vitória do M26 mediante a criação de uma junta militar.

Nos primeiros dias da revolução, Fidel Castro se esforçava para manter a burguesia dentro do governo, negando qualquer intenção socialista. Porém, a revolução havia liquidado o Exército burguês dando lugar às milícias do Exército Rebelde integradas por peões rurais, operários e camponeses que acompanharão o novo poder.

Em janeiro de 1961 os norteamericanos rompem relações oficiais e em abril organizam a invasão dos exilados cubanos, armados pela CIA, à Baía dos Porcos. As milícias populares derrotam a incursão e se proclama o caráter socialista da revolução.

Castro se ergueu sobre a onda revolucionária popular para controlar burocraticamente seus limites e impedir que o exemplo de Cuba se alastrasse pela América Latina.

A Revolução Cubana, sob a liderança de Fidel, dará nascimento à um Estado operário deformado, a mando de uma burocracia. A função política do autoritarismo castrista vai ser dupla. Por um lado, sustentar-se no apoio popular frente às ameaças imperialistas e da burguesia contrarrevolucionária no exílio. Por outro, bloquear e impedir o surgimento de instituições de democracia direta (como os sovietes ou conselhos das revoluções Russa e Europeia nos anos 20) que expressem a autodeterminação e o governo direto das massas operárias e camponesas, assim como substituir o livre debate e a liberdade dos partidos e correntes que apoiavam a revolução, pelo regime do partido único.

Quando o castrismo aderiu ao socialismo estreitou sua aliança com o estalinismo, o que implicou em, logo após o refluxo da maré revolucionária, avançar à burocratização asfixiante do regime político. Fidel usou sua autoridade para apoiar a repressão de Stalin à Primavera de Praga (1968) ou o golpe reacionário de Jaruzelski na Polônia (1981).

A política da burocracia, junto ao criminoso bloqueio norteamericano, manteve Cuba no atraso econômico da monocultura de açúcar.

A revolução de 1959 ensinou que para alcançar a libertação nacional, o fim do latifúndio e a resolução do problema da moradia é preciso combater as burguesias nacionais, destruir seu aparato repressivo, expulsando-as do poder político e expropriando suas propriedades. Esta realidade foi um golpe ideológico no stalinismo, que pregava a “revolução por etapas” e a via institucional dentro do regime burguês. Portanto, todo o esforço político de Fidel à frente do Estado cubano foi no sentido de negar estas lições chamando a não repetir a experiência cubana, apoiando a conciliação de classes na revolução chilena ou as negociações com o imperialismo que terminaram por derrotar a revolução na Nicarágua.

É preciso defender as conquistas da revolução cubana contra as tentativas de restauração capitalista impulsionadas pelo imperialismo e a burocracia cubana, varrendo esta burocracia do poder e restituindo-o aos trabalhadores cubanos a partir dos conselhos operários e camponeses, dando ampla liberdade àqueles partidos que defendam a revolução, para que estas conquistas revolucionárias possam ser um forte ponto de apoio para os povos em luta na América Latina.




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