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POESIA | Favela ainda é senzala!

Poema em memória a Renan, jovem estudante assassinado pela Polícia em Campinas.

terça-feira 9 de agosto de 2016 | Edição do dia

É PRETO!
Isso é notório pra quem ta fardado, quem é esbranquiçado
Ou do rabo cheio de dinheiro, é claro
Notório não pela pele linda e lisa
Que nem aparenta a idade que afirma
Não pelos labios carnudos
Menos ainda pelo cabelo crespo
Nem as habilidades nítidas
Então sejamos sensatos e voltemos ao começo
Mas será mesmo que saímos de lá ?
Século quinze
É preto...
Eu sei
Capitão do mato ataca denovo e mais uma vez
Pelas costas tira vidas
Pra outras vidas nega cotas
Enquanto mais um vira massa de manobra
Se não vai pra escola é vagabundo
Mas se vai, é tiro nas costas
" Não corre, se não vai morrer "
"Mas se ficar vou humilhar e expor você "
Foda- se seu medo
Sua integridade e seu valor viu preto
Que pra capitão do mato e seu barão
De nada valerão
Vale mesmo sua produção
E Malcolm estava certo
"Não existe capitalismo sem o racismo"
Mas é aquilo né
Branco insiste no conto do " racismo reverso "
É preto!
E vive para trabalhar
O mais alto da hierarquia sustentar
Então morre sem ver seu filho se formar
E se vive, vê seu filho morrer pela mão do capataz
Aquele capaz, de derrubar quem cruzar seu caminho
O poder de proteger que lhe foi dado
Com benefícios, virou poder legitimado
Tudo isso parece até passado
Mas não.
É preto, essa história se repete agora
Jovens negrxs estão indo a cada hora
Só quem sente
Na pele
Sente mais forte na alma
Oque é ser preto de senzala
Em pleno 2016 onde o homem até a lua viaja
Com a tão falada liberdade
De andar pelas calçadas
Mas com a angústia
de que possa ser a próxima executada.




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